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COLAPSO DA ARGENTINA
Presidente obtém apoio dos governadores e pede pressa para que exigências do Fundo sejam atendidas
Duhalde abafa pressão para antecipar pleito
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O presidente argentino, Eduardo Duhalde, obteve ontem o
apoio de 12 dos 14 governadores
peronistas para se manter no cargo e abafou as pressões pela convocação de eleições antecipadas.
Após a reunião, realizada na
Província de La Pampa, o presidente se mostrou otimista e pediu
pressa para que sejam atendidas
nesta semana às duas exigências
do FMI (Fundo Monetário Internacional) que ainda não foram
cumpridas -a eliminação da lei
de Subversão Econômica pelo Senado e a assinatura do acordo para a redução do déficit das Províncias. "A crise avança a 100 km/h
enquanto as soluções têm vindo
muito lentas", disse.
No entanto, o presidente foi
obrigado a prometer aos governadores flexibilidade na assinatura
do acordo com as Províncias.
Buenos Aires, por exemplo, terá
liberdade para negociar com o
FMI a redução do déficit fiscal em
50%, e não em 60% como as demais. "Serão assinados os acordos
de forma como possam ser cumpridos", disse.
Duhalde também admitiu que
as Províncias só devem deixar de
emitir bônus a partir do próximo
ano. "Mesmo com o acordo, as Províncias terão déficit. E os organismos multilateriais podem financiar as Províncias que reduzirem esse déficit."
Eleições
O presidente disse que, durante
a reunião, os governadores chegaram a discutir a antecipação das
eleições marcadas para setembro
de 2003. Ele afirmou, no entanto,
que com exceção do governador
de Santa Cruz, Néstor Kirchner,
houve consenso entre todos os
outros governadores presentes de
que não era hora de realizar eleições.
"Se vai ser em setembro, em
maio ou em junho, vamos decidir
mais adiante. Quando a Argentina estiver em águas mais tranquilas, poderá se adiantar as eleições.
Mas não em meio ao caos."
Para analistas políticos, no entanto, a decisão dos governadores
foi pragmática, uma vez que os
peronistas poderiam perder uma
nova eleição para a oposição caso
esta fosse realizada sem a assinatura de um acordo com o FMI e
sem uma solução para as restrições bancárias impostas pelo curralzinho.
Bancos
Os banqueiros estrangeiros divulgaram ontem nota no qual rechaçaram o projeto para a redução das restrições impostas pelo
curralzinho que deve ser divulgado nesta semana pelo ministro da
Economia, Roberto Lavagna.
O projeto prevê várias opções
para os correntistas resgatarem os
depósitos e tem apoio dos bancos
estatais e nacionais. Os estrangeiros, no entanto, não concordam
com a abertura do curralzinho
porque temem não ser ajudados
pelo Banco Central por meio da linha de redescontos.
Para conseguir apoio político a
sua proposta, Lavagna negociou
detalhes do projeto com os governadores ontem. O ministro também levou à reunião um pouco de otimismo em relação aos números de maio para a inflação -que
deveria ser inferior à de abril (10,5%).
No centro financeiro de Buenos Aires, houve violência entre a polícia e correntistas que protestavam contra o curralzinho. Um policial foi ferido e dois manifestantes foram presos.
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