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São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

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LUÍS NASSIF

A Finep e a tecnologia

A esperança de uma política consistente para o setor de ciências e tecnologia está nas mãos da Secretaria de Governo, de Luiz Gushiken, e na Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas), entregue ao físico Sérgio Rezende, de Pernambuco. Rezende foi secretário do governo Arraes, o que não enriquece sua biografia. Mas tem reputação acadêmica e seriedade.
Na Finep sempre imperou um subjetivismo anacrônico na concessão de financiamentos, concedidos de acordo com as preferências pessoais de seus sucessivos presidentes. Na outra ponta, uma atuação corporativista e radical da associação de funcionários, em uma luta intestina na qual o que menos interessava era o cliente -e empresa buscando a inovação.
Rezende entra com imagem de seriedade e cercado de bons propósitos, mas não basta. Explica que sua diretoria é diversificada, mesclando experiências diversas, desde Odilon Canto, doutor por Berkeley e ex-reitor da Universidade de Santa Maria, a Michel Labaki, engenheiro e ex-executivo da Oxiteno, uma das maiores clientes da Finep.
A idéia é trazer essa visão do cliente, atuando de forma mais transparente para o cliente e mais eficiente no encaminhamento das propostas, inclusive com cronogramas de aprovação, com prazos rígidos. Na gestão anterior entrava-se com o projeto, mas não se tinha prazo de resposta, e a aprovação dependia exclusivamente da vontade pessoal dos diretores.
O Conselho Consultivo, cuja função seria congregar a inteligência nacional para ajudar no processo de formulação de políticas, nunca se reuniu na gestão anterior. Esse conselho deveria ter 20 câmaras técnicas setoriais, formadas por gente de fora, para poder levar a comunidade externa à Finep e vice-versa. Agora pretende-se reativá-lo.
Mesmo assim, a Finep padece de um problema estrutural. Há escassa capacidade interna para análise de projeto e também pouco recurso. No ano passado foram R$ 118 milhões de crédito, contra R$ 100 milhões do ano anterior. Mas há recursos do FNDCT (Fundo Nacional para o Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia) a fundo perdido, incrementado agora pelos fundos setoriais.
A idéia de Rezende é expandir as linhas de financiamento para haver presença do pesquisador na empresa, experiência que tem trazido bons resultados em programas similares da Fapesp. E pretende uma ampla renovação nos quadros da Finep.

Frases do frei
Da reportagem de César Felício, do jornal "Valor", com declarações de frei Betto em seminário organizado pela Prefeitura de São Paulo sobre o programa Fome Zero:
"O presidente precisava criar uma ampla participação popular e inteligentemente criou alguns mecanismos para isso. Lançou um programa para as pessoas que menos votaram nele, das classes D e E das cidades pequenas. E por que isso? Porque o miserável tem uma auto-estima muito baixa e não votaria no candidato dos pequenos".

Generalização
Ontem cometi um escorregão que vivo criticando na coluna -a generalização- ao jogar todos os professores de economia da PUC-RJ no mesmo balaio dos consultores que a utilizam como caixa de ressonância.

E-mail -
Luisnassif@uol.com.br


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