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SINAIS DE ALÍVIO
Para analistas, crescimento deve perder o ritmo; governo discorda
BC e economistas divergem
sobre o fôlego da expansão
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento da economia no
segundo trimestre deste ano deve
ser menor do que o do primeiro,
na comparação com igual período do ano passado, segundo economistas de associações e de federações comerciais e industriais.
Eles estimam algo próximo a 1%.
Para o Banco Central, no entanto, a retomada da atividade econômica deve se manter. Em relatório divulgado ontem, o BC avalia que "indicadores antecedentes
e coincidentes para o segundo trimestre apontam uma tendência
de continuidade do crescimento
do PIB, reforçando a expectativa
do mercado de uma expansão da
ordem de 3,5% para 2004".
Neste ano, as vendas do comércio e da indústria estão maiores
do que as do ano passado -um
ano de consumo fraco. Mas a perda de fôlego de alguns setores em
abril levantou dúvidas sobre o
real desempenho da economia.
As vendas de carros, por exemplo, caíram 11,3% em abril sobre
março, segundo a Anfavea, associação dos fabricantes. As de papelão ondulado, 4,6%, informa a
ABPO, associação da indústria.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
identificou queda de 6,1%, em
média, nas vendas reais no mesmo período. A maior retração foi
nas indústrias de móveis, de 11%,
e de material plástico, de 10,9%.
A entidade, porém, credita parte do mau resultado ao fato de ter
havido menos dias úteis do que
em março. Em abril, a taxa de desemprego bateu recorde na região
metropolitana de São Paulo. Chegou a 20,7% da população ativa,
segundo o Dieese/Seade.
"O primeiro trimestre teve bom
desempenho por conta das exportações. A situação é outra neste trimestre. A indústria perdeu
fôlego", afirma Júlio Gomes de
Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Os empresários reunidos no Iedi, segundo Almeida, esperam
um trimestre mais fraco porque:
1) sentem que as exportações já
não estão crescendo no mesmo
ritmo do primeiro trimestre; 2) o
consumo das famílias, capaz de
movimentar o mercado interno,
continua fraco; 3) o desemprego
continua elevado e a renda em
queda na comparação com 2003;
e 4) a taxa de juros não caiu na velocidade que os empresários previam no início do ano.
A indústria de papelão ondulado, considerada termômetro da
economia, informa que abril foi
pior do que março, mas, ainda assim, os fabricantes estão vendendo entre 6% e 6,5% mais do que
em igual período de 2003. "Ainda
não dá para saber se o país entrou
na rota da retomada", diz Paulo
Peres, presidente da ABPO.
A Fecomercio SP entende que
houve recuperação parcial das
vendas, já que está concentrada
em alguns setores. De janeiro a
abril, o faturamento real do comércio paulista subiu 4,95% na
comparação com igual período
de 2003. Mas a entidade reduziu
de 4% para 3% a projeção de crescimento do comércio em 2004.
Os economistas dizem que até o
final do ano a economia terá comportamento contraditório. Enquanto não cair a taxa de desemprego e não melhorar a renda do
trabalhador, o país não deslancha.
Em abril, a massa salarial ainda
era 8% menor (no acumulado em
12 meses) do que em abril de 2003,
informa a Global Invest.
Para o Banco Central, caso o PIB
real se mantenha estável até o final do ano, projeta-se uma taxa de
2,8% de crescimento em 2004.
"Entretanto, indicadores antecedentes para abril e para maio reforçam a expectativa de um crescimento maior", diz o relatório.
Para fazer essa projeção, o banco considerou os dados da Fiesp,
a produção de aço, as consultas ao
SPC e ao Usecheque em São Paulo, o consumo de energia e as concessões de crédito do BNDES.
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