São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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SINAIS DE ALÍVIO

Expansão do PIB prova que política econômica estava certa, afirma Fazenda; José Dirceu vê "rumo certo"

Governo vê resultado como prova de "sucesso"

LEONARDO SOUZA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, disse que nem mesmo o "choque triplo" pelo qual o país passa poderá interromper a trajetória de crescimento. "Não há dificuldade de que isso [expansão de 3,5% no ano] se realize", disse.
O choque triplo é a conjugação do aumento dos preços do petróleo, a possibilidade de elevação das taxas de juros nos EUA e a necessidade de redução do crescimento econômico na China.
"Estamos vendo a pedra [os obstáculos] e estamos passando por ela. Isso não compromete em nada o crescimento", afirmou. O ministro disse ainda que os resultados divulgados pelo IBGE mostram o "sucesso" da política macroeconômica do governo.
Para o chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Demian Fiocca, a taxa de crescimento no primeiro trimestre tornou a projeção oficial do governo, de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,5% em 2004, "conservadora".
Ele avalia que os analistas de mercado terão de refazer para cima as estimativas de expansão.
De acordo com cálculos feitos por especialistas, com o crescimento do primeiro trimestre, o país vai precisar crescer nos outros três trimestres do ano a uma taxa média trimestral de 3,8%, na comparação com os mesmos trimestres do ano passado, para atingir a taxa de 3,5% prevista pelo governo para este ano.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que a alta do PIB no primeiro trimestre estava dentro da expectativa do governo e mostra que o presidente "está no rumo certo". Mas afirmou que o país "precisa crescer de 5% a 7% ao ano" e que, para isso, é necessário um aumento dos investimentos em infra-estrutura.
"O governo tinha confiança no que estava fazendo e os resultados do primeiro trimestre do PIB ajudam o Brasil a ter mais confiança. Espero que os empresários invistam mais, que haja melhor distribuição de renda e que o desemprego diminua", afirmou.
Dirceu disse esperar que o governo consiga aprovar logo no Congresso medidas como a Lei de Falências, a legislação sobre o setor imobiliário e o projeto da Parceria Público Privada (PPP).
Na China, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse que o problema hoje não é saber se o país retomou a atividade econômica, mas sim se será capaz de continuar a crescer de forma sustentada nos próximos anos.
"Embora isso nem sempre seja visível, estamos no quarto trimestre de crescimento e vamos confirmar ou, quem sabe, superar os índices previstos. Mas o importante não é crescer 3,5% ou 4%, mas sim o que fazemos para garantir que nos próximos anos nós continuemos a crescer com taxas cada vez maiores", afirmou.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que o crescimento do PIB confirma que o país está em recuperação. Já os líderes do PFL e do PSDB receberam os números com desconfiança.
""Não é para chorar, mas também não é para soltar fogos de artifício, porque foi o menor crescimento dos países emergentes", afirmou o pefelista José Agripino (RN). ""O presidente Lula pode não saber de nada, mas o ministro Antonio Palocci [Fazenda] sabe que 2003 foi um ano desnecessariamente perdido, 2004 um ano desnecessariamente medíocre. O grande teste do governo vai ser ao longo de 2005 e 2006. Este ano não tinha como não crescer", disse o tucano Arthur Virgílio (AM).
Para Mercadante, o fundamental é o fato de a economia estar crescendo há três trimestres seguidos. ""Agricultura e a indústria estão com taxa de crescimento acima de 6%. O que está liderando isso são as exportações, e há muito trabalho a ser feito para alavancar a construção civil, que continua ainda com uma taxa negativa -menor que no passado, mas negativa", disse ele.


Colaboraram Cláudia Trevisan, enviada especial a Xangai, e as Sucursais do Rio e de Brasília


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