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SINAIS DE ALÍVIO
Expansão do PIB prova que política econômica estava certa, afirma Fazenda; José Dirceu vê "rumo certo"
Governo vê resultado como prova de "sucesso"
LEONARDO SOUZA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro interino da Fazenda,
Bernard Appy, disse que nem
mesmo o "choque triplo" pelo
qual o país passa poderá interromper a trajetória de crescimento. "Não há dificuldade de que isso [expansão de 3,5% no ano] se
realize", disse.
O choque triplo é a conjugação
do aumento dos preços do petróleo, a possibilidade de elevação
das taxas de juros nos EUA e a necessidade de redução do crescimento econômico na China.
"Estamos vendo a pedra [os
obstáculos] e estamos passando
por ela. Isso não compromete em
nada o crescimento", afirmou. O
ministro disse ainda que os resultados divulgados pelo IBGE mostram o "sucesso" da política macroeconômica do governo.
Para o chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Demian Fiocca, a taxa de
crescimento no primeiro trimestre tornou a projeção oficial do
governo, de expansão do PIB
(Produto Interno Bruto) de 3,5%
em 2004, "conservadora".
Ele avalia que os analistas de
mercado terão de refazer para cima as estimativas de expansão.
De acordo com cálculos feitos
por especialistas, com o crescimento do primeiro trimestre, o
país vai precisar crescer nos outros três trimestres do ano a uma
taxa média trimestral de 3,8%, na
comparação com os mesmos trimestres do ano passado, para
atingir a taxa de 3,5% prevista pelo governo para este ano.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, disse que a alta do
PIB no primeiro trimestre estava
dentro da expectativa do governo
e mostra que o presidente "está
no rumo certo". Mas afirmou que
o país "precisa crescer de 5% a 7%
ao ano" e que, para isso, é necessário um aumento dos investimentos em infra-estrutura.
"O governo tinha confiança no
que estava fazendo e os resultados
do primeiro trimestre do PIB ajudam o Brasil a ter mais confiança.
Espero que os empresários invistam mais, que haja melhor distribuição de renda e que o desemprego diminua", afirmou.
Dirceu disse esperar que o governo consiga aprovar logo no
Congresso medidas como a Lei de
Falências, a legislação sobre o setor imobiliário e o projeto da Parceria Público Privada (PPP).
Na China, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse
que o problema hoje não é saber
se o país retomou a atividade econômica, mas sim se será capaz de
continuar a crescer de forma sustentada nos próximos anos.
"Embora isso nem sempre seja
visível, estamos no quarto trimestre de crescimento e vamos confirmar ou, quem sabe, superar os
índices previstos. Mas o importante não é crescer 3,5% ou 4%,
mas sim o que fazemos para garantir que nos próximos anos nós
continuemos a crescer com taxas
cada vez maiores", afirmou.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), afirmou que o crescimento do PIB
confirma que o país está em recuperação. Já os líderes do PFL e do
PSDB receberam os números
com desconfiança.
""Não é para chorar, mas também não é para soltar fogos de artifício, porque foi o menor crescimento dos países emergentes",
afirmou o pefelista José Agripino
(RN). ""O presidente Lula pode
não saber de nada, mas o ministro
Antonio Palocci [Fazenda] sabe
que 2003 foi um ano desnecessariamente perdido, 2004 um ano
desnecessariamente medíocre. O
grande teste do governo vai ser ao
longo de 2005 e 2006. Este ano não
tinha como não crescer", disse o
tucano Arthur Virgílio (AM).
Para Mercadante, o fundamental é o fato de a economia estar
crescendo há três trimestres seguidos. ""Agricultura e a indústria
estão com taxa de crescimento
acima de 6%. O que está liderando isso são as exportações, e há
muito trabalho a ser feito para alavancar a construção civil, que
continua ainda com uma taxa negativa -menor que no passado,
mas negativa", disse ele.
Colaboraram Cláudia Trevisan, enviada
especial a Xangai, e as Sucursais do Rio e
de Brasília
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