São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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Indústria credita alta à exportação

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os números do PIB do primeiro trimestre não trouxeram grande surpresa e ficaram dentro do previsto, na opinião de dirigentes da indústria, entidades do comércio e economistas que analisaram os dados do IBGE.
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) diz que "foi superada a recessão da economia iniciada em fins de 2002", e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que os dados confirmam "a manutenção da recuperação gradual da atividade iniciada no segundo semestre de 2003".
Mas há uma ressalva na nota encaminhada ao mercado pelas indústrias. Para o Iedi, "esse movimento poderia ter acontecido mais rapidamente se não tivesse ocorrido a parada [no processo] de redução das taxas de juros".
O Copom (Comitê de Política Monetária) promoveu dois cortes de juros em 2004, cada um de 0,25 ponto percentual. Na última reunião, na semana passada, manteve a taxa em 16% ao ano.
Representante do comércio varejista, a Fecomercio SP também levanta outra questão: o efeito estatístico. "O desempenho foi favorável no primeiro trimestre por causa da base fraca de comparação", disse Fernanda Della Rosa, diretora da assessoria econômica da federação. "Essa expansão era esperada porque 2003 foi muito ruim", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo)

Manutenção
Ontem, a CNI divulgou que decidiu não rever a sua previsão de crescimento para este ano, mesmo após ser informada do desempenho positivo do PIB. A confederação espera um aumento de 3,5% a 4% da produção industrial e de 3% para o PIB.
"Não se pode imaginar um crescimento robusto do PIB se o consumo das famílias se mantiver estagnado", afirmou em nota a confederação. O Iedi reforça essa posição e diz que "foi a demanda externa a maior responsável pelo crescimento da economia".
Um dos exemplos é a indústria de máquinas e equipamentos, que registrou um dos melhores desempenhos no primeiro trimestre do ano e puxou os resultados do PIB industrial, segundo o IBGE. "Para nós, a expansão do PIB não surpreendeu. Nosso segmento já estava com bons resultados com as vendas externas", afirma Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, entidade do setor de máquinas.

Eletrônicos
O consumo das famílias brasileiras cresceu 1,2% no primeiro trimestre em relação a 2003 com base no bom desempenho de determinados produtos e segmentos. Para exemplificar, a indústria eletrônica cresceu 31,3% de janeiro a março deste ano, puxada pelo DVD -que registrou uma alta de 177% nas vendas no período sobre os mesmos meses de 2003.
Os televisores tiveram alta de 64%. No varejo de eletrodomésticos, a secadora de roupa registrou um aumento de 71% na demanda.
"Houve uma certa reação da demanda reprimida neste ano. Além disso, é preciso lembrar que crescemos em cima de resultados fracos no ano passado", afirma Paulo Saab, presidente da Eletros (Associação dos Fabricantes de Produtos Eletrônicos).
Na outra ponta, a demanda por calçados e roupas patinou e teve influência no resultado do IBGE. Enquanto as companhias de móveis e eletrônicos registraram expansão de dois dígitos no volume comercializado de janeiro a março, em relação a igual período de 2003, calçadistas e lojas da área de vestuário cresceram só 1%. (AM)


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