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Indústria credita alta à exportação
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os números do PIB do primeiro
trimestre não trouxeram grande
surpresa e ficaram dentro do previsto, na opinião de dirigentes da
indústria, entidades do comércio
e economistas que analisaram os
dados do IBGE.
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial)
diz que "foi superada a recessão
da economia iniciada em fins de
2002", e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que
os dados confirmam "a manutenção da recuperação gradual da
atividade iniciada no segundo semestre de 2003".
Mas há uma ressalva na nota encaminhada ao mercado pelas indústrias. Para o Iedi, "esse movimento poderia ter acontecido
mais rapidamente se não tivesse
ocorrido a parada [no processo]
de redução das taxas de juros".
O Copom (Comitê de Política
Monetária) promoveu dois cortes
de juros em 2004, cada um de 0,25
ponto percentual. Na última reunião, na semana passada, manteve a taxa em 16% ao ano.
Representante do comércio varejista, a Fecomercio SP também
levanta outra questão: o efeito estatístico. "O desempenho foi favorável no primeiro trimestre por
causa da base fraca de comparação", disse Fernanda Della Rosa,
diretora da assessoria econômica
da federação. "Essa expansão era
esperada porque 2003 foi muito
ruim", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP (Associação
Comercial de São Paulo)
Manutenção
Ontem, a CNI divulgou que decidiu não rever a sua previsão de
crescimento para este ano, mesmo após ser informada do desempenho positivo do PIB. A confederação espera um aumento de
3,5% a 4% da produção industrial
e de 3% para o PIB.
"Não se pode imaginar um crescimento robusto do PIB se o consumo das famílias se mantiver estagnado", afirmou em nota a confederação. O Iedi reforça essa posição e diz que "foi a demanda externa a maior responsável pelo
crescimento da economia".
Um dos exemplos é a indústria
de máquinas e equipamentos,
que registrou um dos melhores
desempenhos no primeiro trimestre do ano e puxou os resultados do PIB industrial, segundo o
IBGE. "Para nós, a expansão do
PIB não surpreendeu. Nosso segmento já estava com bons resultados com as vendas externas", afirma Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, entidade do
setor de máquinas.
Eletrônicos
O consumo das famílias brasileiras cresceu 1,2% no primeiro
trimestre em relação a 2003 com
base no bom desempenho de determinados produtos e segmentos. Para exemplificar, a indústria
eletrônica cresceu 31,3% de janeiro a março deste ano, puxada pelo
DVD -que registrou uma alta de
177% nas vendas no período sobre os mesmos meses de 2003.
Os televisores tiveram alta de
64%. No varejo de eletrodomésticos, a secadora de roupa registrou
um aumento de 71% na demanda.
"Houve uma certa reação da demanda reprimida neste ano.
Além disso, é preciso lembrar que
crescemos em cima de resultados
fracos no ano passado", afirma
Paulo Saab, presidente da Eletros
(Associação dos Fabricantes de
Produtos Eletrônicos).
Na outra ponta, a demanda por
calçados e roupas patinou e teve
influência no resultado do IBGE.
Enquanto as companhias de móveis e eletrônicos registraram expansão de dois dígitos no volume
comercializado de janeiro a março, em relação a igual período de
2003, calçadistas e lojas da área de
vestuário cresceram só 1%.
(AM)
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