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Fundos perderam R$ 5 bi com turbulência
Aplicações em ações foram as que mais tiveram prejuízo entre os dias 9 e 24; na quinta e na sexta, Bolsa se recuperou
Analistas recomendam a
investidor que não resgate
dinheiro dos mercados
atingidos pela volatilidade,
que tende a continuar
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O vendaval que varreu os
mercados financeiros nos últimos 15 dias impôs aos cotistas
de fundos de investimento brasileiros um prejuízo de R$ 5 bilhões, o equivalente a 0,70% do
patrimônio líquido do setor,
hoje de R$ 720 bilhões.
Das perdas acumuladas entre os dias 9 e 24, R$ 1,09 bilhão
ocorreu nos fundos de varejo,
em que aplicam o pequeno e o
médio investidor, segundo levantamento feito pelo site Fortuna para a Folha.
Analistas e consultores financeiros dizem que os investidores não devem resgatar
aplicações nos mercados atingidos pela volatilidade das últimas semanas, para não realizarem o prejuízo. "Pé quente e
cabeça fria, neste momento",
recomenda Beto Scretas, gestor da Schroder Brasil, ao lembrar que ninguém sabe quanto
tempo deve durar a atual onda
de volatilidade (oscilação de
preços). Parte dos prejuízos
dos cotistas dos fundos começou a ser invertida na quinta,
quando a Bolsa se recuperou
-fecharia a semana em alta. Isso deverá aparecer nas cotas do
dia 25 em diante.
No entanto, os analistas esperam novos solavancos no
mercado nos próximos dias,
por conta da reunião do Copom, que definirá se corta ou
não os juros, e da divulgação
dos dados sobre emprego nos
EUA e do PIB do Brasil.
Os fundos que mais perderam dinheiro nos últimos 15
dias foram os de ações, seguidos pelos multimercados (que
aplicam em ações, juros e câmbio). Os de ações tiveram um
prejuízo de R$ 3,32 bilhões, dos
quais R$ 1,839 bilhão foi acumulado pelos investidores de
varejo. Nos multimercados, o
prejuízo foi de R$ 1,65 bilhão
-R$ 230 milhões absorvidos
pelo investidor do varejo.
Os fundos DI não tiveram
prejuízos, e nos de renda fixa
houve perdas apenas nos multiíndices e nos alavancados (de
maior risco). Já os cambiais,
depois de um longo período de
baixa, deram ganho de 14,87%.
Sem fuga
A atual perda de riqueza dos
fundos de investimento só é
comparável ao que ocorreu entre o final de maio e o início de
junho de 2002, na crise da marcação a mercado. O BC e a CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) determinaram que bancos
e fundos de investimento passassem a contabilizar os títulos
de suas carteiras com base no
valor de mercado dos papéis, e
não pelo valor de face. Quando
isso ocorreu, percebeu-se que o
valor desses títulos estava superestimado. Feito o ajuste,
veio o prejuízo.
Quando a marcação a mercado entrou em vigor, o valor de
vários títulos foi ajustado para
baixo. Na época, a desvalorização dos fundos foi de R$ 2,830
bilhões, o equivalente a 0,89%
do patrimônio total do setor.
Agora, não está havendo fuga
de investidores dos fundos, como então. "Em 2002, a conseqüência da desvalorização dos
fundos foi uma crise de confiança, pois as perdas atingiram
aqueles que eram considerados
mais seguros, os DI e os renda
fixa. Agora, os que mais perderam foram os de maior risco",
diz Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do Fortuna. À época, investidores sacaram R$ 3,6 bilhões dessas aplicações entre
28 de maio e 3 de junho.
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