São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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Fundos perderam R$ 5 bi com turbulência

Aplicações em ações foram as que mais tiveram prejuízo entre os dias 9 e 24; na quinta e na sexta, Bolsa se recuperou

Analistas recomendam a investidor que não resgate dinheiro dos mercados atingidos pela volatilidade, que tende a continuar

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O vendaval que varreu os mercados financeiros nos últimos 15 dias impôs aos cotistas de fundos de investimento brasileiros um prejuízo de R$ 5 bilhões, o equivalente a 0,70% do patrimônio líquido do setor, hoje de R$ 720 bilhões.
Das perdas acumuladas entre os dias 9 e 24, R$ 1,09 bilhão ocorreu nos fundos de varejo, em que aplicam o pequeno e o médio investidor, segundo levantamento feito pelo site Fortuna para a Folha.
Analistas e consultores financeiros dizem que os investidores não devem resgatar aplicações nos mercados atingidos pela volatilidade das últimas semanas, para não realizarem o prejuízo. "Pé quente e cabeça fria, neste momento", recomenda Beto Scretas, gestor da Schroder Brasil, ao lembrar que ninguém sabe quanto tempo deve durar a atual onda de volatilidade (oscilação de preços). Parte dos prejuízos dos cotistas dos fundos começou a ser invertida na quinta, quando a Bolsa se recuperou -fecharia a semana em alta. Isso deverá aparecer nas cotas do dia 25 em diante.
No entanto, os analistas esperam novos solavancos no mercado nos próximos dias, por conta da reunião do Copom, que definirá se corta ou não os juros, e da divulgação dos dados sobre emprego nos EUA e do PIB do Brasil.
Os fundos que mais perderam dinheiro nos últimos 15 dias foram os de ações, seguidos pelos multimercados (que aplicam em ações, juros e câmbio). Os de ações tiveram um prejuízo de R$ 3,32 bilhões, dos quais R$ 1,839 bilhão foi acumulado pelos investidores de varejo. Nos multimercados, o prejuízo foi de R$ 1,65 bilhão -R$ 230 milhões absorvidos pelo investidor do varejo.
Os fundos DI não tiveram prejuízos, e nos de renda fixa houve perdas apenas nos multiíndices e nos alavancados (de maior risco). Já os cambiais, depois de um longo período de baixa, deram ganho de 14,87%.

Sem fuga
A atual perda de riqueza dos fundos de investimento só é comparável ao que ocorreu entre o final de maio e o início de junho de 2002, na crise da marcação a mercado. O BC e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinaram que bancos e fundos de investimento passassem a contabilizar os títulos de suas carteiras com base no valor de mercado dos papéis, e não pelo valor de face. Quando isso ocorreu, percebeu-se que o valor desses títulos estava superestimado. Feito o ajuste, veio o prejuízo.
Quando a marcação a mercado entrou em vigor, o valor de vários títulos foi ajustado para baixo. Na época, a desvalorização dos fundos foi de R$ 2,830 bilhões, o equivalente a 0,89% do patrimônio total do setor.
Agora, não está havendo fuga de investidores dos fundos, como então. "Em 2002, a conseqüência da desvalorização dos fundos foi uma crise de confiança, pois as perdas atingiram aqueles que eram considerados mais seguros, os DI e os renda fixa. Agora, os que mais perderam foram os de maior risco", diz Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do Fortuna. À época, investidores sacaram R$ 3,6 bilhões dessas aplicações entre 28 de maio e 3 de junho.


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