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BC regulariza R$ 428 mi de estrangeiros
Mais de 70 empresas já recorreram à medida que "oficializa" montantes trazidos do exterior sem registro, o "capital contaminado'
Medida foi incluída no pacote
cambial anunciado pelo
governo no ano passado;
prazo para a regularização
termina no próximo mês
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central já regularizou R$ 428 milhões do capital
de 86 investidores estrangeiros
que estavam no Brasil sem registro, o chamado capital contaminado. A medida foi incluída no pacote cambial anunciado pelo governo no ano passado
e o prazo para as empresas regularizarem esses investimentos termina no fim de junho.
O levantamento preliminar
feito pelo BC (Banco Central) a
pedido da Folha mostra que os
registros feitos até agora referem-se a 73 empresas com
atuação no país. Para o investidor, a grande vantagem de declarar o capital contaminado é
poder remeter lucros ao exterior sobre esses investimentos.
No caso do BC, além de melhorar seus registros de capital
estrangeiro, o banco também
terá mais transparência nas remessas feitas ao exterior. É que
as empresas com capital contaminado muitas vezes remetem
lucros para seus sócios estrangeiros como se fossem outro tipo de operação cambial, o que é
ilegal. O BC está monitorando
diariamente o registro do capital contaminado para evitar
que recursos de origem duvidosa sejam legalizados.
O capital contaminado é um
investimento estrangeiro que
não tem o carimbo do BC. Em
1962, o governo determinou
que o capital internacional fosse registrado no BC, mas, para
isso, foi preciso comprovar a
entrada dos recursos no país.
Como uma parte desse dinheiro não tinha comprovação, as
empresas acabaram acumulando esse tipo de capital.
Várias situações deram origem aos recursos. A mais comum são empréstimos feitos
por matrizes no exterior a suas
filiais no Brasil que foram convertidos em participações acionárias nas empresas. Há casos
em que o estrangeiro trouxe o
dinheiro sem passar por um
banco, investiu e não tem como
comprovar a entrada.
A expectativa de advogados
que estão sendo consultados
por empresas sobre o registro
dos recursos é que o volume
cresça. "A experiência é que
quanto mais próximo o encerramento do prazo, mais empresas querem fazer a operação", diz a advogada Camila Goldberg, do escritório Barbosa, Mussnich & Aragão.
Incerteza
Apesar de resolver um problema com que as empresas vinham convivendo há bastante
tempo, a regulamentação do
BC não foi completa.
Depois de registrado o capital, as companhias estão autorizadas a remeter os lucros gerados a partir dessa data a seus
acionistas. Mas os resultados
acumulados até o registro e que
não saíram do país ainda não
podem deixar o Brasil.
"É um ponto importante para o investidor estrangeiro e sobre o qual recebemos várias
consultas. Como ainda não há
uma resposta do BC, a operação
não pode ser feita", afirmou a
advogada Cassia Monteiro Cascione, do escritório L.O Baptista Advogados. É a mesma situação de uma empresa com sócios estrangeiros que vendeu a
participação numa outra companhia mas não tinha o capital
investido registrado no BC.
Teoricamente, os recursos ainda estão no Brasil e não puderam ser remetidos ao exterior.
O BC informou que espera
parecer de seu departamento
jurídico para decidir como serão tratadas as situações. O
problema é que o banco não
tem como garantir que os lucros passados que seriam remetidos nunca foram, de fato,
tirados do país. Se a empresa
enviou o dinheiro por meios
ilegais, o BC não tem como rastrear a operação e mostrar que
foi remessa disfarçada de lucro.
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