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Indicador revela se empresa tem papéis caros para o lucro que gera
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é surpresa que as empresas abertas com o maior lucro
no primeiro trimestre de 2007
foram também as que tiveram a
maior alta recente em suas
ações. Isso porque os investidores tendem a se adiantar e a
comprar os papéis com melhor
perspectiva. Algumas empresas têm preços na Bolsa altos
para o lucro que apresentaram,
já outras não tiveram uma alta
correspondente à geração de
retorno para o acionista.
Levantamento feito pela
Economática, que cruza o preço da ação com o lucro, o chamado P/L, revela ainda algumas pechinchas na Bolsa, que
tem o seu próprio P/L médio de
14,5. Pelo raciocínio, papéis
com o P/L acima da Bolsa precisam demonstrar lucro e valorização superiores ao do índice
Ibovespa.
O caso mais notável diz respeito à Petrobras, estatal brasileira, que apresentou um lucro
líquido de R$ 4,13 bilhões no
primeiro trimestre, 38,1% menor do que no mesmo período
de 2006. A estatal teve alta na
Bolsa de apenas 11,92% em sua
ação PN nos últimos 365 dias
-bem abaixo dos 37,4% do Ibovespa. Com a relação preço sobre lucro de 8,7, o resultado da
Petrobras decepcionou após
computar o gasto de R$ 1 bilhão
com mudanças no fundo de
pensão dos funcionários. "A
gestão política da Petrobras
também penaliza o acionista.
Não há garantia de repasse nos
preços. A empresa amargou
perdas nas negociações com a
Bolívia e a Venezuela", disse
Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura).
Exportadora de minério de
ferro, a Vale do Rio Doce tem
ainda uma relação preço sobre
lucro considerada baixa, de
10,3, fato considerado comum
para produtores de commodities. As ações PNA da Vale, que
respondem por 10% dos negócios da Bovespa, tiveram alta
surpreendente de 65,06% em
12 meses. A empresa lucrou
R$ 5.095,3 bilhões no primeiro
trimestre, 38,1% menos que no
primeiro trimestre de 2006.
No setor bancário, a relação
preço sobre lucro também fica
bem acima da Bolsa paulista,
mas ainda compatível com o retorno para o acionista. Apesar
da queda nos juros, fator que
sustentava os resultados financeiros do setor, Itaú e Bradesco
reportaram lucros bilionários
de R$ 1,901,7 bilhões e de R$
1.705 bilhões, respectivamente.
Na Bolsa, as ações PN do Itaú
subiram 46,28%, enquanto as
PN do Bradesco tiveram alta de
38,34%. "Os bancos aumentaram sua carteira de crédito para compensar a queda nos juros. O BC mostrou que eles tomaram dinheiro com custo menor, mas não repassaram para o
tomador final. Daí o lucro cada
vez maior", diz Luis Miguel
Santacreu, da Austin Ratings.
O câmbio desfavorável também prejudicou os balanços de
exportadores, como a Embraer.
A empresa importou componentes eletrônicos com custo
cambial maior para depois exportar aviões com o dólar desfavorável. O lucro da Embraer
refletiu o problema e recuou
32,7% na comparação com o
ano anterior. Mesmo assim, as
ações ON da empresa mantêm
ganho de 6,8% em 2007 e de
28% nos últimos 365 dias. A relação preço sobre lucro da empresa está na casa de 28,5, acima da Bolsa.
Prejudicada pela crise aérea,
a Gol reportou queda de 43%
no lucro no primeiro trimestre,
em relação ao mesmo período
de 2006. As ações ON da aérea
recuaram 13,84% em 12 meses,
o que derrubou a relação preço
sobre lucro da Gol para 19, ainda alta em relação à Bolsa.
Ações da Braskem e da AmBev
têm um dos maiores P/L da Bovespa.
(TS e MP)
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