São Paulo, segunda-feira, 28 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indicador revela se empresa tem papéis caros para o lucro que gera

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é surpresa que as empresas abertas com o maior lucro no primeiro trimestre de 2007 foram também as que tiveram a maior alta recente em suas ações. Isso porque os investidores tendem a se adiantar e a comprar os papéis com melhor perspectiva. Algumas empresas têm preços na Bolsa altos para o lucro que apresentaram, já outras não tiveram uma alta correspondente à geração de retorno para o acionista.
Levantamento feito pela Economática, que cruza o preço da ação com o lucro, o chamado P/L, revela ainda algumas pechinchas na Bolsa, que tem o seu próprio P/L médio de 14,5. Pelo raciocínio, papéis com o P/L acima da Bolsa precisam demonstrar lucro e valorização superiores ao do índice Ibovespa.
O caso mais notável diz respeito à Petrobras, estatal brasileira, que apresentou um lucro líquido de R$ 4,13 bilhões no primeiro trimestre, 38,1% menor do que no mesmo período de 2006. A estatal teve alta na Bolsa de apenas 11,92% em sua ação PN nos últimos 365 dias -bem abaixo dos 37,4% do Ibovespa. Com a relação preço sobre lucro de 8,7, o resultado da Petrobras decepcionou após computar o gasto de R$ 1 bilhão com mudanças no fundo de pensão dos funcionários. "A gestão política da Petrobras também penaliza o acionista. Não há garantia de repasse nos preços. A empresa amargou perdas nas negociações com a Bolívia e a Venezuela", disse Adriano Pires, diretor da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura).
Exportadora de minério de ferro, a Vale do Rio Doce tem ainda uma relação preço sobre lucro considerada baixa, de 10,3, fato considerado comum para produtores de commodities. As ações PNA da Vale, que respondem por 10% dos negócios da Bovespa, tiveram alta surpreendente de 65,06% em 12 meses. A empresa lucrou R$ 5.095,3 bilhões no primeiro trimestre, 38,1% menos que no primeiro trimestre de 2006.
No setor bancário, a relação preço sobre lucro também fica bem acima da Bolsa paulista, mas ainda compatível com o retorno para o acionista. Apesar da queda nos juros, fator que sustentava os resultados financeiros do setor, Itaú e Bradesco reportaram lucros bilionários de R$ 1,901,7 bilhões e de R$ 1.705 bilhões, respectivamente. Na Bolsa, as ações PN do Itaú subiram 46,28%, enquanto as PN do Bradesco tiveram alta de 38,34%. "Os bancos aumentaram sua carteira de crédito para compensar a queda nos juros. O BC mostrou que eles tomaram dinheiro com custo menor, mas não repassaram para o tomador final. Daí o lucro cada vez maior", diz Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings.
O câmbio desfavorável também prejudicou os balanços de exportadores, como a Embraer. A empresa importou componentes eletrônicos com custo cambial maior para depois exportar aviões com o dólar desfavorável. O lucro da Embraer refletiu o problema e recuou 32,7% na comparação com o ano anterior. Mesmo assim, as ações ON da empresa mantêm ganho de 6,8% em 2007 e de 28% nos últimos 365 dias. A relação preço sobre lucro da empresa está na casa de 28,5, acima da Bolsa.
Prejudicada pela crise aérea, a Gol reportou queda de 43% no lucro no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2006. As ações ON da aérea recuaram 13,84% em 12 meses, o que derrubou a relação preço sobre lucro da Gol para 19, ainda alta em relação à Bolsa. Ações da Braskem e da AmBev têm um dos maiores P/L da Bovespa. (TS e MP)


Texto Anterior: Folhainvest
Preço de ações traz incerteza sobre bolha

Próximo Texto: BC regulariza R$ 428 mi de estrangeiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.