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Volume de crédito atinge R$ 1 tri e vai a 36,1% do PIB
Para especialistas, alta dos juros deve frear empréstimos no segundo semestre
Percentual de crédito na
economia é o maior desde
1995, mas ainda é baixo
em comparação ao de
outros países emergentes
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em 64 meses de governo Lula, o volume de crédito no país
cresceu R$ 633 bilhões. Em
abril, o saldo dos empréstimos
concedidos pelos bancos atingiu R$ 1,017 trilhão, recorde de
endividamento das famílias e
empresas brasileiras, segundo
dados do Banco Central.
O crédito total representa
36,1% do PIB (Produto Interno
Bruto). Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, o crédito era de 22% do
PIB. A expectativa do BC é chegar a 40% no fim do ano.
Especialistas dizem que esse
avanço pode ser comemorado
pelo governo, mas não pelo
consumidor endividado. Isso
porque a taxa de juros média do
crédito pessoal fechou em abril
a 65,9%, excluídas as taxas de
empréstimos com desconto em
folha de pagamento, que ficaram em 27,4%. "O custo do crédito no Brasil ainda é proibitivo", disse Nelson de Sousa, professor de finanças do Ibmec.
O consultor Carlos Thadeu
de Freitas, ex-diretor do BC,
alerta de que no segundo semestre deve haver desaceleração do volume de empréstimos
por causa do aumento da taxa
básica de juros. "Esse é o objetivo do Banco Central ao elevar a
Selic: reduzir a demanda e conter um pouco o crescimento da
economia, diminuindo a procura por empréstimos."
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, admite que essa redução
no ritmo de crescimento do
crédito já está em curso. Ele citou o aumento do volume dos
empréstimos com desconto em
folha de pagamento, de 2,4%
em abril, enquanto em 12 meses é de 29%.
"O crédito consignado chegou a crescer em um patamar
expressivo, mas esse ritmo tende a diminuir porque tem um
público específico para isso."
Para Lopes, apesar da "acomodação" do crédito, as famílias
ainda não chegaram a seu limite de endividamento.
O diretor-executivo do IDV
(Instituto de Desenvolvimento
do Varejo), Emerson Kapaz,
concorda que as famílias podem se endividar mais sem
comprometer a capacidade de
pagamento e, portanto, não há
risco de aumento da inadimplência. "O crescimento do emprego e da massa salarial permite ousadia na tomada de empréstimos. Estamos agora entrando na normalidade. Em alguns países, o volume de crédito chega a 100% do PIB", disse.
O volume de crédito de 36,1%
do PIB é o mais alto no Brasil
desde janeiro de 1995, quando
alcançou 36,8%. Mas é baixo se
comparado a outros países
emergentes, onde a média de
crédito ultrapassa 60% do PIB.
Freitas, ex-diretor do BC,
lembrou que o aumento do volume de crédito foi impulsionado pelos prazos mais longos de
pagamento. Em abril, o prazo
médio para pessoas físicas foi
de 15 meses, 70% maior que no
mesmo mês de 2007.
Os juros médios para pessoas
físicas em abril foram de 47,7%,
enquanto para empresas foram
de 26,3%. Na média, a taxa ficou em 37,4%, 0,2 ponto menor
que em março. Lopes explicou
que a taxa média de juros caiu
ligeiramente no mês passado,
apesar do aumento da Selic, por
causa da redução do "spread"
bancário. "O "spread" subiu
muito no início do ano por causa do aumento do IOF. No mês
passado, foi possível acomodar
esse aumento." O "spread" é a
diferença entre os juros cobrados ao consumidor e o custo
dos bancos para captar dinheiro no mercado financeiro. Em
abril, caiu de 35,3% para 34,6%.
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