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CNJ discute o destino de depósito judicial de bancos
Tema é centro da negociação entre BB e Nossa Caixa
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Alvo do maior interesse dos
bancos públicos e privados na
Nossa Caixa, o destino dos depósitos judiciais foi apreciado
ontem pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O conselho,
que funciona como um órgão
externo de controle do Judiciário, debate se os cerca de R$ 70
bilhões desses depósitos totais
no país devem ficar só em bancos oficiais ou se podem ir para
instituições privadas. Os depósitos são remunerados pela TR
mais 0,5%, como a poupança.
O julgamento foi interrompido ontem porque o conselheiro
Antonio Umberto de Souza pediu vista do processo, que deve
retornar ao plenário em 15 dias.
Os conselheiros discutiram o
caso específico dos depósitos
judiciais dos Tribunais de Justiça do Rio e de Minas Gerais,
que foram licitados em 2007.
Da licitação participaram cinco
bancos, incluindo o Banco do
Brasil, dono dos depósitos.
O Bradesco venceu o leilão
após apresentar a melhor proposta, de cerca de R$ 17 milhões mensais pelos cerca de
R$ 20 bilhões em depósitos.
O BB, que pagava cerca de R$
11 milhões, recorreu ao CNJ e
conseguiu liminar impedindo a
transferência das contas.
Ontem, o relator do processo,
Altino Pedrozo dos Santos, defendeu a anulação do convênio
com o Bradesco e a realização
de nova concorrência só com a
participação dos bancos públicos. Para o relator, os depósitos
judiciais não podem visar lucro
e devem ser administrados por
entes públicos. Dois outros
conselheiros foram contrários.
Se o CNJ definir que os depósitos só podem ficar com os
bancos públicos, o Bradesco
poderá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) se alegar
inconstitucionalidade.
O advogado Renato Ayres, do
escritório C.Martins, lembra
que o STF já abriu precedente
semelhante, permitindo que as
folhas de servidores fossem para bancos privados após privatizações. "Por analogia, pode-se
utilizar como precedente."
"Todos os bancos querem os
depósitos judiciais porque é um
dinheiro barato. Se tiverem remuneração de mercado, acabou o interesse", disse o advogado Jairo Saddi, do Ibmec-SP.
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