São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA
Fiesp detecta aumento de 2,7% na produção em abril; consumo de bens duráveis apresenta reação
Atividade industrial recupera-se em SP

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

A atividade industrial continua crescendo em São Paulo e praticamente já atinge os níveis de antes da crise de outubro do ano passado, quando as taxas de juros dobraram e derrubaram o consumo.
De acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a atividade industrial paulista foi 2,7% maior em abril do que no mês anterior.
Com esse resultado, a produção da indústria paulista cresceu 1,1% entre outubro e abril.
Os números são dessazonalizados, isto é, compensam as distorções provocadas pela sazonalidade da produção.
A Fiesp avalia que a atividade industrial está em processo de recuperação e deve continuar apresentando crescimento moderado.
Em relação a abril de 97, a atividade industrial no mês passado foi 2,3% menor. Para a Fiesp, a queda deve-se ao menor número de dias úteis em abril deste ano.
Na comparação entre os bimestres março/abril de 98 e março/abril de 97, a atividade industrial cresceu 2,6%.
Juros menores
No mês passado, contribuíram para o crescimento do nível de atividade da indústria a redução gradual das taxas de juros, promovida pelo governo, e o aumento das exportações de manufaturados.
Na avaliação do Departamento de Economia da Fiesp, a redução dos juros beneficiou principalmente as montadoras de veículos.
Segundo Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, as vendas de veículos ainda não estão no mesmo nível do ano passado, mas a queda em abril já era menor do que a observada nos primeiros meses deste ano.
O mesmo comportamento pode ser observado em relação a alguns eletrodomésticos.
No caso das televisões em cores, as vendas em abril cresceram 42% sobre março, segundo Tabacof.
"Há setores industriais cuja produção continua firme", acrescentou o dirigente.
A produção de caminhões, por exemplo, cresceu 25% nos primeiros quatro meses do ano, se comparada com igual período de 97.
Crescimento ainda maior tiveram a produção de ônibus e de máquinas agrícolas.
O setor agrícola, de acordo com análise da Fiesp, também tem causado impacto positivo na produção industrial paulista.
Os investimentos em infra-estrutura decorrentes das privatizações e os gastos públicos continuam contribuindo para movimentar as empresas.
No entanto, a indústria nacional de produtos para telefonia fixa já está sentindo retração nos pedidos por parte da Telebrás.
A estatal, que será privatizada em breve, está investindo menos. Alguns fornecedores já iniciaram demissões por conta do menor volume de pedidos.
O mesmo não acontece, por exemplo, para os fornecedores de equipamentos para telefonia celular, cuja demanda é crescente com as operadoras privadas.
"Essas indústrias estão com a carteira de pedidos abarrotadas", disse Tabacof.
Otimismo
Na avaliação do Departamento de Economia da Fiesp, a tendência para maio é de aumento de vendas de alimentos, autopeças, automóveis, eletrodomésticos, papelão ondulado, plásticos e tintas.
Prevêem estabilidade nas vendas os setores farmacêuticos, de máquinas e equipamentos, de perfumaria e têxtil.
Somente a indústria química, que vinha aumentando suas vendas nos primeiros meses do ano, espera vender menos em maio.
Estoques
A Fiesp também avalia que a indústria recuperou seus estoques, que haviam baixado no final de ano, quando as vendas no comércio superaram as expectativas.
As vendas reais, em abril, cresceram 0,5% sobre o mês anterior.
De outubro de 97 ao mês passado, as vendas reais da indústria paulista sofreram retração de 0,1%. Na avaliação da Fiesp, esse percentual representa estabilidade nas vendas.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.