São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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ROTA

Para o presidente do Banco Central, dados do mês passado devem mostrar que setor atingiu o pico de produção

Meirelles diz que expansão industrial foi maior em maio

MARCELO BILLI
ENVIADO ESPECIAL À BASILÉIA

A indústria brasileira atingiu, em maio, seu pico histórico de produção, segundo informa o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Para ele, o resultado, se confirmada sua previsão, reforça a tendência de expansão da economia brasileira.
A produção industrial de maio será divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na próxima semana. Segundo Meirelles, os dados de maio mostrarão que o volume de bens produzidos pela indústria nacional foi o maior já registrado pela pesquisa mensal do instituto.
Em abril, a indústria nacional produziu praticamente o mesmo volume de produtos do que em março -o crescimento registrado foi de 0,1%. Ainda assim, a avaliação de economistas tanto do governo quanto do setor privado foi que o desempenho foi positivo, já que a taxa de crescimento de março havia sido alta, atingindo 2,1%. Nos primeiros quatro meses do ano, o setor cresceu 6,1% sobre igual período de 2003.

Quem puxa a recuperação
"O setor de bens de capital lidera a recuperação, o que é um indicador muito saudável", disse Meirelles, que está na Basiléia participando da reunião trimestral do BIS (sigla em inglês para Banco de Compensações Internacionais).
Ele argumenta que vários países que enfrentaram crises externas ou de confiança como as que o Brasil teve de enfrentar nos últimos anos registraram desempenhos distintos do da economia brasileira. "Ao contrário de outros países, o Brasil já está crescendo com expansão da capacidade produtiva da indústria."
Questionado se a taxa de juros ainda não é alta demais e se o Brasil não perdeu a oportunidade de reduzi-la mais do que o fez nos últimos meses, Meirelles responde utilizando dados do desempenho econômico dos últimos trimestres. "Crescemos a uma taxa anualizada de 6,1% no primeiro trimestre, o que mostra que o BC agiu bem na condução da política monetária", diz.
Meirelles também enfatizou o fato de que, pela primeira vez, a economia brasileira cresce com redução da vulnerabilidade externa, devido ao aumento das exportações e à melhora nos indicadores brasileiros. "É a primeira vez em muito tempo que crescemos com fundamentos sólidos, com redução da vulnerabilidade externa e com a adoção de um superávit [primário] sustentável."

Mais investimentos
Segundo o presidente do BC, a expansão econômica brasileira deve atrair mais investimentos estrangeiros para o país.
Comentando a queda na entrada de investimentos no mês de maio, quando eles ficaram em US$ 207 milhões, Meirelles disse que o resultado foi o reflexo de decisões tomadas no passado, quando não estava claro que a economia brasileira retomaria a trajetória de expansão.
Na sua avaliação, os investimentos que o país atrairá a partir de agora terão um perfil mais equilibrado. Ao contrário da década de 90, quando o dinheiro que entrava no país financiava principalmente os setores financeiro e de serviços públicos, a partir de agora, na análise do presidente do BC, deve haver mais equilíbrio entre investimentos nesses setores e em outros dedicados à exportação de bens e à produção para o mercado interno.


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