São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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SEGURO-RELÂMPAGO

Mercado oferece diversos tipos de proteção, seguindo a criatividade com que os criminosos inventam novas formas de ataque

Aumento da violência alimenta negócios

FREE-LANCER PARA A FOLHA

A criatividade das seguradoras tem se resumido, no Brasil, em reagir aos temores da população com produtos específicos. O medo de seqüestro-relâmpago, por exemplo, faz crescer a venda de proteção para cartões de movimentação bancária e de crédito.
Esses seguros só estão disponíveis para grupos de clientes do sistema financeiro, funcionários de empresas e associações. Ao abrir conta num banco ou adquirir um cartão de crédito, os mais assombrados devem perguntar se o seguro do cartão cobre, por exemplo, saques indevidos durante um seqüestro-relâmpago.
Essa foi a escolha do estudante de engenharia Igor Zanetti, de 21 anos. Por medo de assaltantes, Igor evitava levar o cartão do banco na carteira. "Quando o banco ofereceu o seguro para o cartão, incluindo cobertura para saques e compras com RedeShop, contratei o serviço e agora mantenho o cartão sempre comigo", conta. O preço, de R$ 3 por mês, cabe certinho no bolso do estudante.
O gerente de importação Sílvio Campello, de 32 anos, sentiu na pele o terror de ser refém. Após horas circulando com os criminosos, perdeu o carro, cartões de crédito e de banco, além do celular. Ele nem vacilou em passar as senhas dos cartões, pois tinha seguro. "Não precisei usá-lo porque, após me soltarem, consegui bloquear os cartões", conta Sílvio.
A Chubb do Brasil, uma das primeiras seguradoras a oferecer proteção para essas modalidades de violência, tem 2 milhões de segurados, dos quais 60% a 70% no eixo Rio-São Paulo. Esse produto é oferecido através de grandes canais de distribuição, como bancos e administradoras de cartões.
O seguro, vinculado ao cartão, não é vendido individualmente para pessoa física. Segundo Luís Reis, diretor da área de Vida e Produtos Massificados da Chubb, o produto protege contra a perda financeira, originada por saques realizados sob coação e compras indevidas com o cartão. "Oferecemos indenização em caso de morte, invalidez e hospitalização decorrente de agressão", explica.
Por um pacote que prevê indenização de R$ 20 mil em caso de morte e proteção financeira no limite do cartão, o preço da apólice da Chubb fica em torno de R$ 5. Segundo Reis, basta apresentar o boletim de ocorrência para que o segurado receba os benefícios. A apólice só exclui casos de violência doméstica, devido à possibilidade de fraude.
A Amex, uma das principais administradoras de cartões do mundo, oferece a proteção a seus clientes, com cobertura de até R$ 10 mil para roubo, perda ou extravio do cartão de crédito, incluindo também danos pessoais causados por ações violentas. O produto cobre as despesas não assumidas pelo cliente, o que inclui saques feitos em caso de seqüestro-relâmpago.
O Citibank oferece o produto a seus correntistas desde 1998. O Credicard Protection garante cobertura contra perda do cartão e roubo à mão armada, seguido de saque, nos caixas eletrônicos no país e no exterior. Além de indenização por acidentes pessoais, morte por crime e hospitalização por agressão criminosa, cobre o afastamento temporário do trabalho em caso de violência. Paga ainda transferência do segurado de um hospital a outro e táxi no valor de R$ 100 por ocorrência.
Para os cartões de crédito das bandeiras Visa ou MasterCard, o Citibank também oferece proteção contra perda, roubo e furto, incluindo saques sob coação. Fica em R$ 3 por mês na versão internacional. Cobre também acidentes de viagem e perda, dano ou furto de bagagem (neste caso, para clientes Gold e Platinum).

Blindagem
Como a percepção do risco cresce conforme o valor do patrimônio, as seguradoras dão atenção especial aos clientes de alta renda, que se antecipam na compra de segurança. Blindagem de automóveis e sistemas de rastreamento de veículos valem vantagens para esses clientes.
A Chubb, que tem 40% da frota segurada composta de carros blindados, criou uma cobertura exclusiva para danos nos vidros, em caso de tiro durante tentativa de seqüestro ou assalto. Essa cobertura inclui o exame periódico dos vidros, que com o tempo podem sofrer os efeitos da "delaminação" (entrada de ar nas camadas de silicone que compõem a blindagem dos vidros, reduzindo a resistência balística).
Outro dispositivo oferecido é o rastreador de veículos por sinais de rádio, que, além de reduzir o custo do prêmio, atrai o cliente por aumentar a chance de ser encontrado em caso de seqüestro.
"Os produtos têm sido adaptados de acordo com a percepção de maior risco pela sociedade, em especial no que se refere à violência", afirma Priscila Magni, gerente de análise de riscos de autos da Chubb. O seguro de um Audi A4 blindado, com valor em torno de R$ 200 mil, sai por volta de R$ 10 mil, dependendo da área de circulação, do perfil do condutor e uso do veículo. (PEDRO CORRÊA)


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