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SEGURO-RELÂMPAGO
Mercado oferece diversos tipos de proteção, seguindo a criatividade com que os criminosos inventam novas formas de ataque
Aumento da violência alimenta negócios
FREE-LANCER PARA A FOLHA
A criatividade das seguradoras
tem se resumido, no Brasil, em
reagir aos temores da população
com produtos específicos. O medo de seqüestro-relâmpago, por
exemplo, faz crescer a venda de
proteção para cartões de movimentação bancária e de crédito.
Esses seguros só estão disponíveis para grupos de clientes do sistema financeiro, funcionários de
empresas e associações. Ao abrir
conta num banco ou adquirir um
cartão de crédito, os mais assombrados devem perguntar se o seguro do cartão cobre, por exemplo, saques indevidos durante um
seqüestro-relâmpago.
Essa foi a escolha do estudante
de engenharia Igor Zanetti, de 21
anos. Por medo de assaltantes,
Igor evitava levar o cartão do banco na carteira. "Quando o banco
ofereceu o seguro para o cartão,
incluindo cobertura para saques e
compras com RedeShop, contratei o serviço e agora mantenho o
cartão sempre comigo", conta. O
preço, de R$ 3 por mês, cabe certinho no bolso do estudante.
O gerente de importação Sílvio
Campello, de 32 anos, sentiu na
pele o terror de ser refém. Após
horas circulando com os criminosos, perdeu o carro, cartões de
crédito e de banco, além do celular. Ele nem vacilou em passar as
senhas dos cartões, pois tinha seguro. "Não precisei usá-lo porque, após me soltarem, consegui
bloquear os cartões", conta Sílvio.
A Chubb do Brasil, uma das primeiras seguradoras a oferecer
proteção para essas modalidades
de violência, tem 2 milhões de segurados, dos quais 60% a 70% no
eixo Rio-São Paulo. Esse produto
é oferecido através de grandes canais de distribuição, como bancos
e administradoras de cartões.
O seguro, vinculado ao cartão,
não é vendido individualmente
para pessoa física. Segundo Luís
Reis, diretor da área de Vida e
Produtos Massificados da Chubb,
o produto protege contra a perda
financeira, originada por saques
realizados sob coação e compras
indevidas com o cartão. "Oferecemos indenização em caso de morte, invalidez e hospitalização decorrente de agressão", explica.
Por um pacote que prevê indenização de R$ 20 mil em caso de
morte e proteção financeira no limite do cartão, o preço da apólice
da Chubb fica em torno de R$ 5.
Segundo Reis, basta apresentar o
boletim de ocorrência para que o
segurado receba os benefícios. A
apólice só exclui casos de violência doméstica, devido à possibilidade de fraude.
A Amex, uma das principais administradoras de cartões do mundo, oferece a proteção a seus
clientes, com cobertura de até R$
10 mil para roubo, perda ou extravio do cartão de crédito, incluindo também danos pessoais causados por ações violentas. O produto cobre as despesas não assumidas pelo cliente, o que inclui saques feitos em caso de seqüestro-relâmpago.
O Citibank oferece o produto a
seus correntistas desde 1998. O
Credicard Protection garante cobertura contra perda do cartão e
roubo à mão armada, seguido de
saque, nos caixas eletrônicos no
país e no exterior. Além de indenização por acidentes pessoais,
morte por crime e hospitalização
por agressão criminosa, cobre o
afastamento temporário do trabalho em caso de violência. Paga
ainda transferência do segurado
de um hospital a outro e táxi no
valor de R$ 100 por ocorrência.
Para os cartões de crédito das
bandeiras Visa ou MasterCard, o
Citibank também oferece proteção contra perda, roubo e furto,
incluindo saques sob coação. Fica
em R$ 3 por mês na versão internacional. Cobre também acidentes de viagem e perda, dano ou
furto de bagagem (neste caso, para clientes Gold e Platinum).
Blindagem
Como a percepção do risco cresce conforme o valor do patrimônio, as seguradoras dão atenção
especial aos clientes de alta renda,
que se antecipam na compra de
segurança. Blindagem de automóveis e sistemas de rastreamento de veículos valem vantagens
para esses clientes.
A Chubb, que tem 40% da frota
segurada composta de carros
blindados, criou uma cobertura
exclusiva para danos nos vidros,
em caso de tiro durante tentativa
de seqüestro ou assalto. Essa cobertura inclui o exame periódico
dos vidros, que com o tempo podem sofrer os efeitos da "delaminação" (entrada de ar nas camadas de silicone que compõem a
blindagem dos vidros, reduzindo
a resistência balística).
Outro dispositivo oferecido é o
rastreador de veículos por sinais
de rádio, que, além de reduzir o
custo do prêmio, atrai o cliente
por aumentar a chance de ser encontrado em caso de seqüestro.
"Os produtos têm sido adaptados de acordo com a percepção de
maior risco pela sociedade, em especial no que se refere à violência", afirma Priscila Magni, gerente de análise de riscos de autos da
Chubb. O seguro de um Audi A4
blindado, com valor em torno de
R$ 200 mil, sai por volta de R$ 10
mil, dependendo da área de circulação, do perfil do condutor e uso
do veículo.
(PEDRO CORRÊA)
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