São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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VIDA ANIMAL

Espécimes premiados têm proteção contra doenças ou infertilidade

Se garanhão falha, apólice cobre

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pata quebrada, cólica, infertilidade e até raios em dias de tempestade. Preocupações com problemas como esses levam muitos empresários e fazendeiros, que desembolsaram pequenas fortunas por cavalos, bois, ovelhas ou porcos de raça, a contratar um tipo de serviço muito peculiar: o chamado seguro animal.
O produto pode oferecer desde uma cobertura básica em caso de morte do animal por doença ou acidente -como um seguro de vida normal- até reembolso de cirurgias e indenização se o animal se tornar infértil.
A maior demanda por esse seguro, para a surpresa das próprias seguradoras, não vem de produtores rurais, mas de uma elite urbana que possui animais de raça em fazendas.
"Esse é o tipo de seguro para ricos, que chamamos aqui de seguro "private". O animal é como um brinquedinho de luxo desse público", afirma Rodolfo Duarte, gerente da corretora Marsh.
Na maior parte das vezes, os animais segurados são reprodutores de raça ou cavalos e éguas que participam de competições, como corridas ou saltos.
"Esses animais são os mais caros. Além do valor financeiro, existe também uma afeição grande do proprietário pelos animais que saltam, por exemplo", diz Adilson Neri Pereira, diretor da seguradora Porto Seguro.
O seguro animal básico vendido pela Porto Seguro garante indenização em caso de morte por doença, incêndio, raio, insolação, aborto ou até decorrente de briga com outro animal.
O produto pode oferecer também coberturas acessórias, como indenização por infertilidade ou cobertura de vida para o animal em viagens ao exterior.
A Porto comercializa o seguro animal para eqüinos ou bovinos.
Já a Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São Paulo) protege tanto eqüinos e bovinos, como ovinos, suínos e caprinos. Mas só vende a cobertura básica de seguro de vida.
Rosânia Loron, técnica em seguros da Cosesp, explica que a seguradora não cobre casos de morte por epidemias ou doenças como febre aftosa. A Cosesp é a seguradora mais antiga nesse mercado de animais, no qual atua há 35 anos.
Segundo Loron, a procura por esse produto ainda é pequena em relação ao número de animais existentes no Brasil.
De acordo com Duarte, da Marsh, o custo de um seguro animal varia de 4% a 5% do valor do espécime por ano.
Esse custo muda de acordo com os riscos aos quais o animal está exposto: "Se um cavalo fica numa hípica, por exemplo, os riscos são menores", afirma Duarte.
Os interessados em contratar um seguro animal na Cosesp, por esse motivo, têm de responder a um questionário de 14 perguntas, cujo objetivo é avaliar os riscos aos quais o animal está sujeito.
O tipo de sinistro mais comum, de acordo com corretores, é a morte por cólica.
Geralmente, segundo os corretores, os proprietários fazem o seguro apenas para alguns animais mais importantes ou contratam uma cobertura temporária para determinado período.
É o caso dos garanhões Awesomeone e Gay Bar Bud, da raça Paint Horse, importados pela empresa Paint Colection dos Estados Unidos, que valem entre US$ 50 mil e US$ 80 mil. Eles ganharam um seguro neste mês porque deixaram a fazenda onde vivem, em Cesário Lange, para participar de uma exposição, em Avaré -as duas cidades ficam no Estado de São Paulo.

Pacote
Muitas vezes, o corretor que vende um seguro animal para um empresário da classe alta está de olho em outros bens que o cliente possa querer proteger.
"Montamos uma área de seguro "private" aqui porque achamos que esse é um mercado com muito espaço. O empresário que tem um cavalo que quer segurar, certamente, também pode ter jóias, obras de arte e até aviões", diz Duarte, da Marsh.
Ao descrever o potencial desse mercado, Duarte lembra que o Brasil é o país onde existe a segunda maior frota de aeronaves privadas e a terceira maior de helicópteros.


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