São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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RESIDENCIAL

Empresas oferecem várias coberturas na apólice para tornar o produto mais rentável; indenização por roubo tem restrição

Diferença de preço do seguro chega a 163 %

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ralo entupiu, a torneira está pingando, a cafeteira queimou? A residência pegou fogo, foi roubada, desmoronou, foi atingida por um tornado ou um avião? O cachorro mordeu o vizinho?
As situações que podem tumultuar o dia-a-dia de uma casa são as mais diversas e remotas, mas os preocupados de plantão têm à disposição no mercado seguros residenciais que prevêem essas e muitas outras possibilidades.
Tanta variedade é a forma encontrada pelas seguradoras para tornar mais rentável um produto barato, principalmente se comparado a um seguro como o de automóvel, por exemplo.
Para uma casa avaliada em R$ 100.000 em São Paulo, o prêmio médio final, com impostos e comissão, varia em torno de R$ 230 por ano -incluídos os impostos e o custo da apólice- para seis coberturas contratadas. A diferença entre o mais barato e o mais caro chega a 163%. Para um apartamento, onde o risco é considerado menor, a média é R$ 130.
O valor desembolsado, explicam especialistas, é menor porque o risco também é menor. Um incêndio, por exemplo, não consome completamente uma casa.
"Se um automóvel é roubado, não sobra nada do bem segurado", diz Adílson Pereira, diretor da Porto Seguro e membro da comissão de riscos patrimoniais da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização).
Mas vale a pena pesquisar preço, tanto do seguro em si quanto da franquia, que varia de 10% a 15% do valor do sinistro, já que as diferenças são grandes.
Além disso, se o segurado possui alarme contra roubos ou um extintor em casa, por exemplo, o preço das cobertura contra furto e incêndio pode cair em média 5%.
Não é regra entre as seguradoras realizar vistorias nas residências, em parte exatamente por causa do baixo preço do produto.
Mas é importante ficar atento às exigências das corretoras. No caso da cobertura contra roubo -a terceira mais contratada, após incêndio, que é obrigatória, e danos elétricos-, elas são variadas.
Para a Real Seguros, se uma televisão é furtada, o valor só é pago se houver sinais claros de arrombamento na casa. "Partimos do pressuposto de que a porta precisa estar trancada", afirma a diretora de ramos diversos da seguradora, Rosemary Brode Herzka.
A Sul América exige as notas fiscais dos aparelhos segurados, e a Porto Seguro nem pede uma relação dos bens segurados, apenas estipula o valor a ser restituído em caso de roubo.
Segundo Pereira, a freqüência de roubos em imóveis é de, em média, 3% ao ano, a de danos elétricos 4% e incêndio, 0,5%.
O seguro residencial, afirmam as próprias seguradoras, é um produto pouco demandado. A venda normalmente acontece para clientes que procuram outro tipo de seguro, como de saúde, vida ou automóvel.
É o caso do bancário Leandro Lauretti, 28, recém-casado, que tem outros três seguros e contratou o seguro residencial para seu apartamento, na Saúde (zona sul da capital). "Sou bastante preocupado com os meus bens, contratei todas as coberturas possíveis. Há pouco tempo a casa de veraneio da minha família pegou fogo, e a salvação foi o seguro", diz.
Nos quatro primeiros meses deste ano, o valor arrecadado por 46 seguradoras pelo produto foi de R$ 189 milhões, 30% a mais do que o mesmo período do ano passado, segundo a Susep (Superintendência de Seguros Privados).
O Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) alerta que é importante verificar quais as condições estipuladas para receber o seguro. "No caso da cobertura adicional contra roubo, por exemplo, é importante saber se será necessário apresentar a nota fiscal dos produtos segurados", afirma Dinah Barreto, assistente de diretoria do órgão.
Segundo Barreto, como são muitas as coberturas adicionais oferecidas, é necessário também se certificar da necessidade do que se está contratando.


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