São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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EMPRESARIAL

Retomada do crescimento econômico provoca expansão dos negócios no ramo de riscos patrimoniais, para mais de R$ 3 bilhões

Mercado patrimonial atravessa expansão

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Proteção contra incêndio, roubo, danos elétricos, alagamento, ventania e até mesmo contra a quebra de um vidro causado por um funcionário. As empresas cada vez mais têm procurado se proteger por meio da contratação de seguros, movimento que tem alimentado uma carteira que não pára de crescer.
De apólices milionárias como a da Petrobras a outras bastante simples (com custos inferiores a R$ 500 por ano), o mercado de seguros patrimoniais vive um momento de forte expansão.
"Com a retomada de crescimento da economia, esse mercado deve se expandir ainda mais neste ano", afirma Roberto Santos, diretor do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro.
De 2002 para 2003, a venda de seguros patrimoniais cresceu de R$ 2,7 bilhões para R$ 3,4 bilhões.
Ao procurar uma seguradora, uma empresa, independente de seu porte, vai ter seus riscos avaliados. A localização, a área de atuação e o setor da empresa poderão encarecer a apólice, desde que representem riscos maiores.
"Há necessidade de desenhar apólices de acordo com as necessidades de cada empresa", diz Thomaz Menezes, presidente da Marsh no Brasil, empresa de gerenciamento de riscos e seguros.
A Petrobras, empresa que detém a maior apólice do país, viu o custo de seu seguro aumentar expressivamente após o acidente envolvendo a plataforma P-36, em março de 2001.
Em 2000, a apólice da Petrobras tinha valor de US$ 7,5 milhões para assegurar plataformas, refinarias, dutos e terminais por 12 meses. Em 2001, esse valor passou para US$ 48,8 milhões por um seguro de 14 meses. Se forem descontados os dois meses adicionais do novo contrato, equivalentes a US$ 6,97 milhões, a estatal pagou US$ 41,8 milhões pelos mesmos 12 meses de contrato do ano anterior -ou 457% a mais.
A Bradesco Seguros liderou o consórcio que venceu a licitação para a Petrobras realizada em maio deste ano, garantindo a cobertura das plataformas e dos ativos da estatal por 12 meses. A apólice fechada tem prêmio de US$ 25,2 milhões e assegura um patrimônio de US$ 25,9 bilhões.
Carlos Eduardo Corrêa do Lago, diretor-gerente da Bradesco Seguros, diz que os valores das apólices sobem e descem de um período a outro de acordo com mudanças de características tanto do segurado quanto do mercado.

Pequenos
Como as grandes companhias estão bem seguradas, as pequenas e médias empresas -um contingente de 4,6 milhões de empreendimentos- se tornaram o principal alvo das seguradoras. Estimativa do mercado aponta que apenas 10% das empresas desse universo contam com algum tipo de seguro.
A cobertura básica para as empresas começa com a proteção contra incêndios. Nesse segmento, é possível até contratar uma apólice que garante a reposição de documentos queimados em um incêndio. Além disso, o futuro segurado pode agregar proteção contra problemas como roubos, danos elétricos, vendaval, alagamento e responsabilidade social.
O seguro de responsabilidade social é um dos que mais tem crescido no mercado. Esse segmento abrange riscos como os que envolvem danos em carga/ descarga de mercadorias em locais de terceiros ou mesmo acidentes provocados por defeitos de produtos comercializados.
Para Lago, considerando que as grandes empresas "estão bem assistidas", dois ramos têm potencial para se desenvolver: o de riscos de transportes e o de engenharia de construções e instalações. Este, que engloba a construção de grande obras como hidrelétricas e aeroportos, depende muito de investimento público.

Divisão
Apesar de dominarem as propostas feitas à Petrobras, até por exigência da legislação, que exige que o seguro seja feito por empresas sediadas no país, as seguradoras nacionais assumiram um risco relativamente pequeno, em torno de 10% do patrimônio segurado. O resto fica por conta de empresas de resseguros -que fazem o seguro do seguro-, sendo a maioria delas internacionais.


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