São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Importação de bens de capital em 2006 deve atingir recorde

Projeção é ultrapassar US$ 16 bilhões neste ano. Maior resultado do setor foi alcançado em 1997, diz associação

Entre janeiro e abril deste ano, a taxa de crescimento total dos bens de capital foi de 30% em relação ao mesmo período de 2005


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o ritmo de importação de bens de capital se mantiver no ritmo atual, o Brasil pode, ao final deste ano, superar o pico histórico de compras externas do setor alcançado em 1997.
Na ocasião, o país importou US$ 16,678 bilhões em máquinas. Em 2006, a projeção da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) ultrapassa essa cifra e encosta em US$ 17 bilhões. No ano, o valor total das importações brasileiras deve fechar em US$ 87,5 bilhões, resultado que proporcionará superávit de US$ 41,5 bilhões na balança comercial.
"Está havendo forte crescimento dessas importações, mas não é exatamente o cenário de investimentos na indústria que se imagina", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB.
De acordo com os dados, é o segmento de máquinas e equipamentos de escritório -leia-se computadores- que tem sido um dos motores da expansão das compras de maquinário. "Estamos vendo um aumento das importações de certos setores de bens de capital por causa de um estímulo pontual: o câmbio", argumentou.
Entre janeiro e abril deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa de crescimento total de bens de capital foi de 30%. Nesse mesmo intervalo de tempo, as compras de maquinário para escritório cresceram 35%.
Com isso, esse segmento passou a representar 25% da pauta de importação. As importações de maquinário industrial subiram 30%. Esse segmento detém 30% do total importado.
"O crescimento das importações de bens de capital não é ruim. Precisamos mesmo de mais investimentos, mas temos que ficar atentos à qualidade dessas importações. O governo precisa prestar atenção para que não haja um excesso que venha prejudicar a indústria nacional", avaliou Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
A adoção das importações tem sido utilizada especialmente por empresas exportadoras que vêem sua rentabilidade ser corroída pela apreciação da moeda brasileira.
Sondagem recente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que, para 2006, 28% das empresas que já compram insumos importados pretendem ampliar as importações em detrimento dos produtos nacionais.

Ciclos diferentes
Quando as importações de bens de capital atingiram o apogeu, em 1997, o comércio exterior brasileiro estava inserido em outro contexto. À época, as importações cresciam pesadamente em todos os setores. No caso dos bens de capital, diz Castro, "havia necessidade de investimento para aumentar a produção e para a modernização do parque industrial".
Hoje, Castro avalia que há expressivo movimento de compras de componentes, acessórios e peças de máquinas para aproveitar o câmbio favorável. "Em 1997, era um ciclo de expansão. Hoje, é de substituição", diz Castro.
"Entre os bens de capital e os bens duráveis, há um forte crescimento do "quantum" [volume] das importações por causa do real valorizado. A taxa de câmbio até R$ 2,50 ainda é atraente para as importações", afirma Fernando Ribeiro, economista da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Em maio, os bens de capital e de consumo duráveis ditaram o crescimento das importações. No caso dos bens de capital, a alta é de 24,7% no acumulado em 12 meses.


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