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Importação de bens de capital em 2006 deve atingir recorde
Projeção é ultrapassar US$ 16 bilhões neste ano. Maior resultado do setor foi alcançado em 1997, diz associação
Entre janeiro e abril deste ano, a taxa de crescimento total dos bens de capital
foi de 30% em relação ao mesmo período de 2005
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o ritmo de importação de
bens de capital se mantiver no
ritmo atual, o Brasil pode, ao final deste ano, superar o pico
histórico de compras externas
do setor alcançado em 1997.
Na ocasião, o país importou
US$ 16,678 bilhões em máquinas. Em 2006, a projeção da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil) ultrapassa
essa cifra e encosta em US$ 17
bilhões. No ano, o valor total
das importações brasileiras deve fechar em US$ 87,5 bilhões,
resultado que proporcionará
superávit de US$ 41,5 bilhões
na balança comercial.
"Está havendo forte crescimento dessas importações,
mas não é exatamente o cenário de investimentos na indústria que se imagina", diz José
Augusto de Castro, vice-presidente da AEB.
De acordo com os dados, é o
segmento de máquinas e equipamentos de escritório -leia-se computadores- que tem sido um dos motores da expansão das compras de maquinário. "Estamos vendo um aumento das importações de certos setores de bens de capital
por causa de um estímulo pontual: o câmbio", argumentou.
Entre janeiro e abril deste
ano, em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa de
crescimento total de bens de
capital foi de 30%. Nesse mesmo intervalo de tempo, as compras de maquinário para escritório cresceram 35%.
Com isso, esse segmento passou a representar 25% da pauta
de importação. As importações
de maquinário industrial subiram 30%. Esse segmento detém 30% do total importado.
"O crescimento das importações de bens de capital não é
ruim. Precisamos mesmo de
mais investimentos, mas temos
que ficar atentos à qualidade
dessas importações. O governo
precisa prestar atenção para
que não haja um excesso que
venha prejudicar a indústria
nacional", avaliou Roberto Segatto, presidente da Abracex
(Associação Brasileira de Comércio Exterior).
A adoção das importações
tem sido utilizada especialmente por empresas exportadoras que vêem sua rentabilidade ser corroída pela apreciação da moeda brasileira.
Sondagem recente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria) aponta que, para 2006,
28% das empresas que já compram insumos importados pretendem ampliar as importações em detrimento dos produtos nacionais.
Ciclos diferentes
Quando as importações de
bens de capital atingiram o
apogeu, em 1997, o comércio
exterior brasileiro estava inserido em outro contexto. À época, as importações cresciam pesadamente em todos os setores.
No caso dos bens de capital, diz
Castro, "havia necessidade de
investimento para aumentar a
produção e para a modernização do parque industrial".
Hoje, Castro avalia que há expressivo movimento de compras de componentes, acessórios e peças de máquinas para
aproveitar o câmbio favorável.
"Em 1997, era um ciclo de expansão. Hoje, é de substituição", diz Castro.
"Entre os bens de capital e os
bens duráveis, há um forte
crescimento do "quantum" [volume] das importações por causa do real valorizado. A taxa de
câmbio até R$ 2,50 ainda é
atraente para as importações",
afirma Fernando Ribeiro, economista da Funcex (Fundação
Centro de Estudos do Comércio Exterior).
Em maio, os bens de capital e
de consumo duráveis ditaram o
crescimento das importações.
No caso dos bens de capital, a
alta é de 24,7% no acumulado
em 12 meses.
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