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Ministério Público tenta suspender leilão da Cteep
Inquérito apura suposta irregularidade na privatização da empresa de energia
Para promotor, venda da companhia estadual paulista, marcada para hoje na Bolsa de Valores, será lesiva aos cofres públicos
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual abriu um inquérito civil
para apurar suposta improbidade administrativa (má gestão
pública) praticada pelos executores da privatização da Cteep
(Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista).
O promotor da Cidadania Sílvio Antonio Marques, que comanda a investigação, enviou
ontem uma recomendação ao
presidente da companhia, José
Sidnei Colombo Martini, para
que ele suspenda o leilão marcado para hoje, às 10h, no prédio da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
A Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento
do Estado de São Paulo informou ontem à noite que o leilão
seria realizado hoje. O preço
mínimo sugerido para a companhia, controlada pelo governo do Estado de São Paulo, foi
fixado em R$ 755,6 milhões.
Para o Ministério Público, o
leilão será lesivo aos cofres públicos, já que não foi levado em
conta, ao ser fixado o valor mínimo, o dinheiro que a companhia tem em caixa, aproximadamente R$ 600 milhões.
O promotor, que ouviu ontem o presidente em exercício
do Sindicato dos Eletricitários
de São Paulo, Washington dos
Santos, questiona ainda o fato
de o leilão ocorrer sem a aprovação prévia da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
A Aneel informou que não faria análise prévia do edital, mas
daria a anuência ou não após
conhecer o vencedor do leilão.
Procuradores do Ministério
Público Federal também recomendaram à Aneel e ao governo do Estado que garantissem a
lisura do processo de privatização. Ontem, tiveram rejeitado
pela Justiça Federal um pedido
de liminar contra o leilão.
"Se o leilão realmente for
realizado, além da possibilidade do processo por improbidade administrativa, serão estudadas eventuais medidas criminais", disse Marques.
Os responsáveis pelo leilão
são o presidente da Cteep e o
secretário do Conselho do Programa Estadual de Desestatização (PED), Fernando Braga
-um dos responsáveis pela
captação de recursos da campanha presidencial de Geraldo
Alckmin (PSDB).
Os trabalhadores da Cteep
anunciaram para hoje uma paralisação dos serviços e uma
manifestação em frente ao prédio da Bovespa.
O Estado
O secretário de Energia de
São Paulo, Mauro Arce, informou ontem que a privatização
é necessária para amortizar a
dívida da Cesp (Companhia
Energética de São Paulo), avaliada hoje em R$ 10,4 bilhões.
"Falar de "dinheiro em caixa"
sem considerar pagamentos a
realizar, dívidas a saldar etc.,
não quer dizer rigorosamente
nada", afirmou Arce. "E o valor
mínimo de venda da Cteep é R$
970 milhões, não R$ 755 milhões [como disse o sindicato]."
Segundo o secretário, a avaliação do preço mínimo foi feita
por dois consórcios e, em seguida, submetida ao Conselho Diretor do PED.
"Não é possível considerar o
que dizem "especialistas" que
calculam um valor para a empresa em bases falsas e desconhecem o processo. O fato é
que o processo de privatização
da Cteep é uma das partes do
processo de reestruturação financeira da Cesp."
As dívidas da companhia, segundo Arce, são antigas.
"Quando o governador Mário
Covas assumiu, em 95, as dívidas da Cesp eram de US$ 12 bilhões. O que esta administração fez foi equacionar a grave
situação tendo de vender parte
dos ativos para honrar compromissos que, em sua grande
maioria, tinham como avalista
o próprio governo federal."
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