|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IGP-M registra a maior alta desde 2003
Índice adotado para corrigir contratos como os de aluguel avançou 1,98% neste mês; acumulado em 12 meses chega a 13,44%
Para a FGV, país está "no início do ciclo de uma inércia inflacionária", com nova previsão de repasses do atacado para o varejo
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
O IGP-M (Índice Geral de
Preços - Mercado) chegou a
1,98% neste mês, atingindo a
taxa mais alta desde fevereiro
de 2003. No ano, a inflação medida pela FGV (Fundação Getulio Vargas) foi a 6,82% e, nos
últimos 12 meses, alcançou
13,44%, o patamar mais elevado desde outubro de 2003.
O IPA (Índice de Preços por
Atacado), que responde por
60% do índice geral, continuou
pressionando, com variação de
2,27%, contra 2,01% em maio.
A elevação dos produtos
agropecuários se acelerou de
2,29% no mês passado para
3,35%, enquanto os industriais
recuaram de 1,91% para 1,86%.
A soja em grão e os bovinos
estão entre as maiores pressões
dos preços no atacado, com altas de 6,28% e 9,54% em junho,
respectivamente. Nos últimos
12 meses, chegam a 56,96% e
52,70% e devem pressionar os
preços no varejo. No caso do
feijão, que aumentou 150,23%
nos últimos 12 meses no atacado, a elevação para o consumidor foi quase total: 145% (preto) e 123% (carioquinha) no
mesmo período.
Adubos e fertilizantes, com
alta de 7,63% no mês e 90,57%
em 12 meses, também devem
pressionar a inflação dos alimentos em breve, quando o
custo do insumo for repassado
pelos agricultores, avalia Salomão Quadros, coordenador de
análises econômicas da FGV.
Considerando peso versus
aumento em pontos percentuais de maio para junho, o
INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) teve o mesmo impacto do IPA na elevação
do IGP-M, ao subir de 1,10% para 2,67% nesse intervalo, apesar de só responder por 10% do
índice geral (ver texto abaixo).
Para Quadros, o país está "no
início do ciclo de uma inércia
inflacionária". Além dos repasses que ainda serão feitos do
atacado para o varejo e dos preços administrados, como os da
energia elétrica, a elevação do
IGP-M vai influenciar os reajustes dos contratos de aluguel.
Entre as ações do governo
para "cortar" a inércia, Quadros cita o papel do crédito para
conter a demanda dos consumidores, mas ressalta que "não
há política fiscal para colaborar
com a política monetária".
Uma das despesas que vão crescer é com o Bolsa Família, que
terá reajuste médio de 8%.
Juros
Gian Barbosa, analista da
Tendências Consultoria, lembra que o governo federal elevou a meta de superávit primário, de 3,8% para 4,3% do PIB
(Produto Interno Bruto), "sinalizando que não vai gastar no
mesmo ritmo". "Com a redução
da demanda do governo, há menos pressão sobre os preços."
O Copom (Comitê de Política
Monetária) já aumentou duas
vezes a Selic neste ano, ambas
em 0,50 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros da
economia a 12,25% anuais. Para Barbosa, mesmo com a inflação em alta, o Banco Central
deve manter esse ritmo.
Para o economista Raphael
Castro, da LCA, as probabilidades de o aumento ser de 0,50 ou
0,75 na próxima reunião são
muito próximas. Para ele, chama a atenção neste mês o fato
de que "houve um espalhamento da inflação", referindo-se à
elevação dos três indicadores
que compõem o IGP-M.
O IPC (Índice de Preços ao
Consumidor), que passou de
0,68% em maio para 0,89%, foi
puxado pela alimentação, que
subiu de 1,77% para 2,20% de
um mês para o outro.
A expectativa de Quadros é
que, sem o impacto tão forte do
INCC no próximo mês, o dado
do IGP-M recue um pouco.
Texto Anterior: Ex-estatal Ceteep arremata 3 lotes no Estado de São Paulo Próximo Texto: Reajustes salariais puxam inflação da construção civil Índice
|