São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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IGP-M registra a maior alta desde 2003

Índice adotado para corrigir contratos como os de aluguel avançou 1,98% neste mês; acumulado em 12 meses chega a 13,44%

Para a FGV, país está "no início do ciclo de uma inércia inflacionária", com nova previsão de repasses do atacado para o varejo

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) chegou a 1,98% neste mês, atingindo a taxa mais alta desde fevereiro de 2003. No ano, a inflação medida pela FGV (Fundação Getulio Vargas) foi a 6,82% e, nos últimos 12 meses, alcançou 13,44%, o patamar mais elevado desde outubro de 2003.
O IPA (Índice de Preços por Atacado), que responde por 60% do índice geral, continuou pressionando, com variação de 2,27%, contra 2,01% em maio.
A elevação dos produtos agropecuários se acelerou de 2,29% no mês passado para 3,35%, enquanto os industriais recuaram de 1,91% para 1,86%.
A soja em grão e os bovinos estão entre as maiores pressões dos preços no atacado, com altas de 6,28% e 9,54% em junho, respectivamente. Nos últimos 12 meses, chegam a 56,96% e 52,70% e devem pressionar os preços no varejo. No caso do feijão, que aumentou 150,23% nos últimos 12 meses no atacado, a elevação para o consumidor foi quase total: 145% (preto) e 123% (carioquinha) no mesmo período.
Adubos e fertilizantes, com alta de 7,63% no mês e 90,57% em 12 meses, também devem pressionar a inflação dos alimentos em breve, quando o custo do insumo for repassado pelos agricultores, avalia Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.
Considerando peso versus aumento em pontos percentuais de maio para junho, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) teve o mesmo impacto do IPA na elevação do IGP-M, ao subir de 1,10% para 2,67% nesse intervalo, apesar de só responder por 10% do índice geral (ver texto abaixo).
Para Quadros, o país está "no início do ciclo de uma inércia inflacionária". Além dos repasses que ainda serão feitos do atacado para o varejo e dos preços administrados, como os da energia elétrica, a elevação do IGP-M vai influenciar os reajustes dos contratos de aluguel.
Entre as ações do governo para "cortar" a inércia, Quadros cita o papel do crédito para conter a demanda dos consumidores, mas ressalta que "não há política fiscal para colaborar com a política monetária". Uma das despesas que vão crescer é com o Bolsa Família, que terá reajuste médio de 8%.

Juros
Gian Barbosa, analista da Tendências Consultoria, lembra que o governo federal elevou a meta de superávit primário, de 3,8% para 4,3% do PIB (Produto Interno Bruto), "sinalizando que não vai gastar no mesmo ritmo". "Com a redução da demanda do governo, há menos pressão sobre os preços."
O Copom (Comitê de Política Monetária) já aumentou duas vezes a Selic neste ano, ambas em 0,50 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros da economia a 12,25% anuais. Para Barbosa, mesmo com a inflação em alta, o Banco Central deve manter esse ritmo.
Para o economista Raphael Castro, da LCA, as probabilidades de o aumento ser de 0,50 ou 0,75 na próxima reunião são muito próximas. Para ele, chama a atenção neste mês o fato de que "houve um espalhamento da inflação", referindo-se à elevação dos três indicadores que compõem o IGP-M.
O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que passou de 0,68% em maio para 0,89%, foi puxado pela alimentação, que subiu de 1,77% para 2,20% de um mês para o outro.
A expectativa de Quadros é que, sem o impacto tão forte do INCC no próximo mês, o dado do IGP-M recue um pouco.


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