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"Respeito às leis tem custo", diz procurador
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
O procurador da República
no Pará Daniel César Azeredo
Avelino, um dos responsáveis
pelas ações que pediram embargo da carne de área desmatada ilegalmente, diz que o respeito às leis tem um "custo" e
que com os pecuaristas não é
diferente.
(RODRIGO VARGAS)
FOLHA - Como o sr. vê as queixas
de pecuaristas e frigoríficos após as
medidas do MPF?
DANIEL CÉSAR AZEREDO AVELINO - É
natural que, quando você toma
medidas de ajuste no setor, haja perdas de algum montante
econômico. A preservação ambiental e o respeito às leis têm
custo para mim e para você e
devem ter para o setor pecuarista. Temos que tomar cuidado para não perder o foco do
debate sobre desmatamento, a
falta de controle e as medidas
para regularizar a situação.
FOLHA - Os produtores dizem que
o MPF age em conluio com as ONGs.
AVELINO - A gente não entra
nesse tipo de debate, cujo único
objetivo é tirar o foco do problema. O que posso dizer é que
ONG internacional não aprova
lei no Brasil, e o MPF baseia todo o seu trabalho em leis aprovadas pelos congressistas.
FOLHA - Há futuro para a pecuária
na Amazônia?
AVELINO - Sim, desde que seja
de forma sustentável. De 1996 a
2006, o desmatamento na
Amazônia foi de 209.000 km2.
Nesse período, o rebanho cresceu quase 100% na Amazônia e
10% no país. É um fator de estímulo ao desmatamento. Não é
nada daquele discurso de que o
problema remonta às colonizações da década de 1970.
FOLHA - O presidente Lula disse
que esses migrantes que desmataram não são "bandidos".
AVELINO - O MPF está separando bem aqueles que vieram na
década de 70 e quem veio depois que a legislação já exigia
80% de reserva legal.
FOLHA - Qual é o papel do consumidor neste momento?
AVELINO - Tem que ficar atento.
A carne brasileira enfrenta restrições no mercado externo e é
preciso que o consumidor interno tenha essa consciência.
Para isso, é preciso que os grandes varejistas tenham condições de formar o seu consumidor com mecanismos de controle de origem dos produtos.
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