São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Queda da semana custa R$ 100 bilhões à Bovespa

Bolsa esboça reação, mas fecha em nova baixa, de 1,8%; na semana, recuo é de 7,8%

Dólar cai 1,56% e risco-país recua 4,5% após ter subido 21% na véspera; secretário dos EUA vê turbulência como "alerta a investidores"

Koji Sasahara/Associated Press
Investidor observa índices de ações em queda em Tóquio


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No último dia de negócios da semana, a turbulência diminuiu no mercado financeiro global. Mas as Bolsas de Valores ainda não conseguiram reencontrar o caminho da valorização. A Bovespa até operou em alta por alguns instantes, mas perdeu força e fechou ontem em baixa de 1,8%.
A semana foi ruim para a Bolsa de Valores de São Paulo, que acumulou perdas de 7,86% no período. Essa queda representou o desaparecimento de cerca de R$ 100 bilhões no valor de mercado das empresas listadas na Bovespa no período. No acumulado do ano, porém, a Bovespa ainda tem alta de 19%.
Mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) americano apresentando resultado melhor que o esperado no segundo trimestre do ano -expansão anualizada de 3,4%-, as Bolsas dos EUA também não conseguiram voltar ao azul.
O índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, terminou o dia com baixa de 1,54%. Para a Nasdaq, a queda ficou em 1,43%.
Ninguém sabe prever quando os temores em relação à deterioração do mercado americano de crédito imobiliário de maior risco irão se dissipar. Assim, os mercados financeiros podem ainda ter pregões de muito sobe-e-desce.
"A forte queda das Bolsas, em processo de diminuição de exposição ao risco por todo o mundo, poderá ainda ser sentida na próxima semana", disse Júlio Martins, diretor da Prosper Gestão de Recursos. "O mercado acionário brasileiro deve permanecer altamente volátil no curto prazo."
A Europa sofreu com quedas mais brandas, mas não escapou de mais um dia de perdas. A Bolsa de Frankfurt recuou 0,76%, acompanhada de Londres (-0,58%), Paris (-0,55%) e Milão (-0,32%).
Para Wall Street, foi a pior semana desde setembro de 2002. O índice Dow Jones, que havia batido sucessivos recordes de alta neste ano, acumulou perdas de 4,23% desde segunda.
Sobre a tumultuada semana, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse ontem que ela serve de "alerta aos investidores".
Os pregões de terça e quinta foram os piores da semana. Analistas e investidores ainda têm muitas dúvidas sobre os reflexos e alcances da crise que afeta o segmento de crédito imobiliário nos EUA. Nos últimos dias, cresceu o temor de que a crise, antes focada nos créditos a pessoas com histórico de más pagadoras, espalhe-se para o resto do mercado, um cenário que afetaria com mais força o desempenho da maior economia do mundo.

Câmbio se acalma
No mercado de câmbio brasileiro, o dólar devolveu parte da alta registrada na quinta-feira, que foi de 3,27%.
Ontem, o dólar recuou 1,56%, voltando a ficar abaixo de R$ 1,90 (fechou as operações vendido a R$ 1,897). O Banco Central marcou presença no mercado de câmbio e comprou em leilão montante estimado em US$ 50 milhões, sem que as cotações reagissem à atuação.
Na semana, a moeda norte-americana teve elevação de 2,15% diante do real. Mas no mês ainda registra desvalorização de 1,66%.
O risco-país (que mede a confiança externa na economia brasileira), que disparou 21% anteontem, chegou ao fim do dia a 212 pontos, um recuo de 4,5%.

Ganhos na Bolsa
No pregão de ontem, altas não faltaram na Bolsa paulista. No topo dos ganhos, apareceu a ação preferencial da Sadia. O aumento do lucro da empresa no segundo trimestre surpreendeu e agradou aos investidores. A ação da Sadia terminou o pregão de ontem com valorização de 7,39% no pregão.
Outras ações que tiveram desempenho bem favorável ontem foram Acesita ON (5% de alta), Perdigão ON (4,63%) e Vivo PN (3,7%).
Durante o pregão de ontem, o índice Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas do mercado doméstico, chegou a sair do vermelho, alcançando, na máxima, valorização de 0,95%. Mas, com o cenário internacional ainda adverso, a alta não se sustentou.


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