São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Turbulência pode frear abertura de capital

Administradora de shoppings com participação do ex-BC Armínio Fraga interrompe processo de lançamento de ações

No exterior, crise nos mercados também ameaça abertura de capital de fundos de "private equities", que tem participação em empresas

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A mais recente turbulência nos mercados internacionais ameaça a onda de IPO (Oferta Pública de Ações, na sigla em inglês) brasileira e internacional e ainda força o adiamento de grandes negócios. A administradora de shoppings Aliansce, capitaneada pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, pediu a interrupção de seu processo de abertura de capital por conta do nervosismo nas Bolsas.
A estréia dos negócios, um dos mais aguardados no mercado por conta da presença de Fraga entre os controladores, deveria acontecer na segunda. O último dia para pedir a reserva dos papéis foi na quarta, mas ainda não há previsão de retomada do processo. "A interrupção foi feita em razão das condições adversas do mercado de capitais em todo o mundo, que têm trazido volatilidade excessiva às Bolsas. Com o intuito de resguardar os interesses de seus acionistas e futuros investidores, a Aliansce preferiu não realizar a operação no momento", disse a administradora.
A incorporadora Cyrela informou ontem ter adiado uma emissão internacional de bônus no valor de R$ 500 milhões devido às condições adversas nos mercados financeiros.
Apesar da crise, continuam mantidas para segunda-feira as estréias das ações da Universidade Estácio de Sá e da General Shopping. Na terça, será a vez da estréia das novas ações do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul). Com essas três ofertas, a Bovespa já soma 52 vendas de novas ações em 2007. O volume de dinheiro levantado chega a R$ 39,78 bilhões, sendo que 70% vêm de investidores estrangeiros.
Prevendo efeitos das férias nos EUA, várias empresas adiantaram suas ofertas de ações para até o início de julho.
No exterior, a crise também deve jogar um balde água fria na onda de IPOs dos fundos de "private equities" (participação em empresas), especialmente após a performance fraca dos papéis do Blackstone. O fundo atraiu a atenção do governo chinês, que investiu US$ 3 bilhões de suas reservas, e levantou US$ 4,1 bilhões no mercado acionário. No primeiro dia, as ações subiram 13,1%. Ontem, porém, estavam com preço 21,6% mais baixo do que o valor fechado no IPO.
A próxima oferta seria do fundo KKR (Kohlberg Kravis Roberts & Co), outro gigante entre os "private equities". A expectativa era captar US$ 1,25 bilhão com a abertura de capital, que agora está sem data. A KKR nem mesmo conseguiu levantar US$ 10 bilhões em empréstimos para comprar a rede varejista Alliance Boots.
A Cadbury Schweppes, maior fabricante de doces do mundo, decidiu adiar a venda de sua divisão de bebidas nos EUA. A subsidiária produz os refrigerantes 7 Up e Dr. Pepper. A Cadbury tinha, pelo menos, dois interessados na fábrica de refrigerantes. A montadora americana Chrysler adiou uma emissão de dívida privada.


Com agências internacionais


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