São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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Cenário turbulento eleva a emissão de nota promissória

Neste ano, já foram captados com os títulos R$ 11,7 bi, o maior valor desde 1998

Título dá a oportunidade de as empresas captarem recursos no mercado de capitais com taxa menor e prazos menos longos


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O atual cenário de incertezas, abalado pela crise internacional, levou as empresas brasileiras a reavaliarem suas alternativas para captar recursos no mercado de capitais. Na busca por taxas menores e prazos menos longos, as companhias acabaram por reaquecer o segmento de notas promissórias.
Neste ano, o setor privado já captou, por meio de 22 ofertas de notas promissórias, o equivalente a R$ 11,74 bilhões, o maior volume desde 98 -e isso considerando o resultado fechado de cada ano. Em 2007, houve 20 colocações, sendo levantados R$ 9,73 bilhões.
A nota promissória é um título que representa uma dívida para a empresa que o emite, e que vence em certo prazo. Para o investidor que fica com a nota promissória, a vantagem está nos juros que recebe.
No segmento de renda fixa, a principal forma de as companhias conseguirem recursos no mercado de capitais nacional são as debêntures. Mas esses títulos -que também pagam juros ao investidor que os adquire- têm sido lançados com taxas elevadas, além de costumarem ter prazos mais longos de vencimento, que se arrastam por alguns anos. E em períodos mais críticos é preferível fazer dívidas de curto prazo.
"A maioria das notas promissórias tem prazo de vencimento em torno de 180 dias. Além disso, sua emissão é mais rápida e menos burocrática que a de uma debênture, por exemplo", diz Luiz Fernando Resende, vice-presidente da Anbid.
Ou seja, diante das dificuldades atuais, muita empresa tem achado mais vantajoso emitir notas promissórias. Além do já captado, outros R$ 3,6 bilhões aguardam aprovação da CVM para serem emitidos.
Levantamento da Anbid mostra que as taxas cobradas nas emissões de debêntures já vinham subindo e apenas pioraram neste ano, com o agravamento da crise internacional e a retomada de elevação da taxa básica Selic. Em 2005, a taxa média das debêntures ficou em 116,4% do DI (Depósito Interfinanceiro, título negociado entre os bancos). No primeiro semestre deste ano, essa média já alcançava os 123,4% do DI.
Recentes colocações de notas promissórias ilustram bem como esse segmento tem se mostrado mais atraente para as companhias. A Bradespar, que colocou R$ 1,4 bilhão em notas promissórias no mercado no começo deste mês, pagou taxa de 106% do DI. A Votorantim Finanças anunciou no fim de junho operação semelhante: foram R$ 700 milhões em notas promissórias com taxa de 105% do DI. Ambos os títulos chegaram ao mercado com prazo de vencimento de 180 dias.
"A instabilidade atual torna mais complicada as captações de longo prazo para as empresas, o que faz muitas delas tentarem encontrar uma saída de curto prazo", diz Jordão Resende, analista do Inepad.
Para financiarem seus projetos ou mesmo quitar dívidas antigas, as empresas têm à disposição diferentes alternativas. A mais comum e, muitas vezes, mais dispendiosa, é o empréstimo bancário. Fora dos bancos, as empresas encontram no mercado de capitais uma possibilidade de captar recursos. Para isso, emitem ações, debêntures, notas e outros títulos.


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