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CENÁRIO
Banco de investimento dos EUA acredita também em aumento da carga fiscal, em caso de segundo mandato
JP Morgan prevê desvalorização após eleição
GILSON SCHWARTZ
da Equipe de Articulistas
O governo brasileiro poderá editar um forte pacote logo depois
das eleições, principalmente se
FHC conseguir a reeleição, com
dois componentes simultâneos:
aumento da carga fiscal e desvalorização cambial.
Essa é a previsão do boletim
"World Financial Markets"
(Mercados Financeiros Mundiais), publicado no início de julho pelo J.P. Morgan, um dos mais
importantes bancos de investimento do mundo, reconhecido
sobretudo pela qualidade de suas
pesquisas econômicas.
Controle relaxado
O boletim diz com todas as letras
o que poucos admitem publicamente no Brasil: que o governo
FHC, diante do crescimento da
candidatura de oposição em junho, optou por relaxar no controle das contas públicas, financiar ao
menos em parte o déficit com dívida interna atrelada ao dólar e reduzir as taxas de juros o máximo
possível.
Para o J.P. Morgan, o período
pós-eleitoral não será nenhuma
lua-de-mel, "especialmente se o
presidente Cardoso foi reeleito".
No cenário publicado pela instituição, recairia sobre FHC "o
ônus de implementar um aperto
fiscal antecipado e significativo".
O J.P. Morgan trabalha com a
previsão de que esse ajusta ocorra
com um "movimento coincidente
em direção a uma taxa de câmbio
mais flexível (e mais fraca)".
Bolas da vez
O Brasil é colocado ao lado de
Rússia e China como os maiores
problemas nos próximos meses, já
que o ajuste no Sudeste Asiático
está ocorrendo mais rapidamente
do que se esperava.
O salto exportador da Coréia do
Sul, por exemplo, tem sido mais
forte que o registrado no México
depois da crise de dezembro de
1994.
Agora, entretanto, a América
Latina está perdendo competitividade de forma cumulativa para a
Ásia, enquanto os preços das
commodities fragilizam ainda
mais as contas externas dos mercados emergentes.
A redução na taxa de crescimento nos Estados Unidos, prevista
para os próximos meses, também
afetará a América Latina, segundo
o J.P. Morgan.
Complicando a posição brasileira está o fato de que o Banco Central tornou-se menos independente, se comparado à sua capacidade
de intervenção em outubro do ano
passado.
Ataque especulativo
Segundo o J.P. Morgan, a proximidade das eleições implica maior
tolerância do BC com a perda de
reservas.
Em caso de ataque especulativo,
o BC "pensaria duas vezes (...) antes de implementar um novo choque de juros", ainda que a estabilidade da moeda ainda seja "aparentemente a prioridade política
maior", ou seja, ataques especulativos seriam preferencialmente
enfrentados com apertos na política de juros.
Dois cenários
O boletim trabalha implicitamente, portanto, com dois cenários para o Brasil.
No cenário de vitória de FHC, o
J.P. Morgan acena com um ajuste
simultâneo nas contas públicas e
na taxa de câmbio. Ou seja, depois
das eleições, haveria uma correção
voluntária dos desequilíbrios que
estão aumentando de forma cumulativa.
No cenário alternativo, em que
ocorre um ataque especulativo, o
BC tende a responder com choques de juros, ainda que se o ataque ocorrer antes das eleições, seja
mais provável queimar reservas.
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