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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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VAREJO

Redes tentam atrair clientes e contornar queda nas vendas com promoções

Mercado sorteia até apartamento

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As duas principais redes de supermercados do país colocam na rua, a partir de hoje, as suas maiores campanhas promocionais do ano com base na expectativa de recuperação econômica.
As ações contam com o apoio de grupos líderes da indústria. Ocorrem num momento em que as vendas reais do setor caem: julho foi o segundo pior mês do ano e dos últimos 15 meses.
O Barateiro Comprebem, do grupo Pão de Açúcar, por exemplo, sorteará um prédio com 34 apartamentos -com valor médio de R$ 60 mil cada um- para seus clientes. A campanha dura quatro meses. Ações que envolvem a distribuição de imóveis nunca ocorreram antes no setor.
Aqueles que gastarem mais de R$ 30 em outra rede do grupo, o Extra, também concorrerão a dez casas (R$ 40 mil cada uma).
O Carrefour, maior rival do Pão de Açúcar, vai dar 28 carros modelo Celta em três semanas. Vale para compras acima de R$ 40. Os anúncios das ações foram feitos ontem à tarde e mantidos em sigilo para que a as informações não vazassem.
As táticas de cada rede para elevar as vendas ainda incluem a redução dos juros para produtos em promoção. O Carrefour cobrará taxas de 0,99% ao mês, para pagamento em dez vezes com o cartão da rede (de hoje a 21 de setembro). A taxa atinge até 6% ao mês em períodos fora da campanha. Isso inclui a venda de alimentos, eletrônicos e roupas.
A rede Extra cobrará taxa de 0,95% no cartão da loja a partir de amanhã para produtos eletrônicos e bazar.
Duas questões são levantadas por analistas: a forma como as ações estão sendo elaboradas e o risco de fracasso nas campanhas.
Para oferecer taxas de juros inferiores a 1%, as empresas captam recursos no mercado a taxas pouco superiores a 2% ao mês. No caso do Carrefour, por exemplo, 2,10% ao mês. Além disso, a negociação de compra para os itens em promoção incluiu descontos definidos com os fornecedores.
"A loja não faz isso para perder dinheiro. Com o capital de giro que possui, a rede pode arcar com os gastos sem recorrer ao mercado financeiro para pegar dinheiro", diz Alberto Serrentino, sócio-diretor da consultoria Gouvêa & Souza. "Pode ainda dividir o custo da ação com a indústria. A loja compra uma quantidade grande de produtos e, por isso, paga menos", afirma.

Ganho no volume
"Nós queremos ganhar no volume, na quantidade de produtos vendidos. Por isso, temos de acreditar na retomada da demanda", afirma Gildásio Nascimento, diretor do Carrefour.
"Nas ações armadas, para termos resultado, estamos apostando que vai ter aumento no volume vendido", diz Luiz Carlos Costa, diretor de operações do Extra.
De qualquer maneira, a indústria entra nessa ação como forma de reduzir o risco de perdas. Exemplo: na ação da rede Barateiro, que sorteará os apartamentos, a Coca-Cola, a Kaiser, a Nestlé e mais cinco companhias serão anunciantes e entraram com metade dos investimentos. A rede bancou o resto.
Os mais recentes dados sobre desempenho apontam queda na receita de vendas em relação ao ano anterior. E alta na comparação com os meses anteriores deste ano.
A Abras (associação dos supermercados) informa queda de 3,9% nas vendas em julho em relação ao mesmo período de 2002. E alta de 4% em relação a junho.
O Pão de Açúcar registrou em julho queda de 9,1% nas vendas (nas mesmas lojas que tinha em 2002). No caso do Carrefour, houve aumento de 10% no faturamento nominal (nas mesmas lojas) no primeiro semestre, mas queda em termos reais.


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