|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VAREJO
Redes tentam atrair clientes e contornar queda nas vendas com promoções
Mercado sorteia até apartamento
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As duas principais redes de supermercados do país colocam na
rua, a partir de hoje, as suas maiores campanhas promocionais do
ano com base na expectativa de
recuperação econômica.
As ações contam com o apoio
de grupos líderes da indústria.
Ocorrem num momento em que
as vendas reais do setor caem: julho foi o segundo pior mês do ano
e dos últimos 15 meses.
O Barateiro Comprebem, do
grupo Pão de Açúcar, por exemplo, sorteará um prédio com 34
apartamentos -com valor médio de R$ 60 mil cada um- para
seus clientes. A campanha dura
quatro meses. Ações que envolvem a distribuição de imóveis
nunca ocorreram antes no setor.
Aqueles que gastarem mais de
R$ 30 em outra rede do grupo, o
Extra, também concorrerão a dez
casas (R$ 40 mil cada uma).
O Carrefour, maior rival do Pão
de Açúcar, vai dar 28 carros modelo Celta em três semanas. Vale
para compras acima de R$ 40. Os
anúncios das ações foram feitos
ontem à tarde e mantidos em sigilo para que a as informações não
vazassem.
As táticas de cada rede para elevar as vendas ainda incluem a redução dos juros para produtos
em promoção. O Carrefour cobrará taxas de 0,99% ao mês, para
pagamento em dez vezes com o
cartão da rede (de hoje a 21 de setembro). A taxa atinge até 6% ao
mês em períodos fora da campanha. Isso inclui a venda de alimentos, eletrônicos e roupas.
A rede Extra cobrará taxa de
0,95% no cartão da loja a partir de
amanhã para produtos eletrônicos e bazar.
Duas questões são levantadas
por analistas: a forma como as
ações estão sendo elaboradas e o
risco de fracasso nas campanhas.
Para oferecer taxas de juros inferiores a 1%, as empresas captam
recursos no mercado a taxas pouco superiores a 2% ao mês. No caso do Carrefour, por exemplo,
2,10% ao mês. Além disso, a negociação de compra para os itens em
promoção incluiu descontos definidos com os fornecedores.
"A loja não faz isso para perder
dinheiro. Com o capital de giro
que possui, a rede pode arcar com
os gastos sem recorrer ao mercado financeiro para pegar dinheiro", diz Alberto Serrentino, sócio-diretor da consultoria Gouvêa &
Souza. "Pode ainda dividir o custo da ação com a indústria. A loja
compra uma quantidade grande
de produtos e, por isso, paga menos", afirma.
Ganho no volume
"Nós queremos ganhar no volume, na quantidade de produtos
vendidos. Por isso, temos de acreditar na retomada da demanda",
afirma Gildásio Nascimento, diretor do Carrefour.
"Nas ações armadas, para termos resultado, estamos apostando que vai ter aumento no volume
vendido", diz Luiz Carlos Costa,
diretor de operações do Extra.
De qualquer maneira, a indústria entra nessa ação como forma
de reduzir o risco de perdas.
Exemplo: na ação da rede Barateiro, que sorteará os apartamentos,
a Coca-Cola, a Kaiser, a Nestlé e
mais cinco companhias serão
anunciantes e entraram com metade dos investimentos. A rede
bancou o resto.
Os mais recentes dados sobre
desempenho apontam queda na
receita de vendas em relação ao
ano anterior. E alta na comparação com os meses anteriores deste
ano.
A Abras (associação dos supermercados) informa queda de
3,9% nas vendas em julho em relação ao mesmo período de 2002.
E alta de 4% em relação a junho.
O Pão de Açúcar registrou em
julho queda de 9,1% nas vendas
(nas mesmas lojas que tinha em
2002). No caso do Carrefour, houve aumento de 10% no faturamento nominal (nas mesmas lojas) no primeiro semestre, mas
queda em termos reais.
Texto Anterior: Reforma não cria postos, diz Wagner Próximo Texto: Redes dizem não aceitar novo reajuste Índice
|