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EFEITO COLATERAL
IBGE registra redução de obras em infra-estrutura no governo FHC, o que afetou a construção pesada
Grande empreiteira perde com aperto fiscal
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A queda nos investimentos públicos em obras de infra-estrutura
fez o setor de construção pesada,
principalmente as grandes empreiteiras, perderem espaço na
construção civil. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que,
em 1996, a construção pesada respondia por 51,4% do valor total
das obras executadas pela construção civil. Em 2002, último ano
da pesquisa, esse percentual caiu
para 42,8%.
Dentro do setor de construção
civil, a construção pesada é a responsável pelas obras de infra-estrutura, como estradas, aeroportos, saneamento e portos. Em 96,
60% do valor das obras da construção civil como um todo eram
contratadas pelo setor público.
Em 2002, esse percentual foi de
52,4%-uma queda de 12,7% nos
sete anos do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). No segmento da
construção pesada, a queda também aparece. O percentual passou de 80,5% em 96 para 70,6%
em 2002.
Privatizações
Além da redução da capacidade
de investimento do Estado para
garantir o superávit fiscal (economia para pagar juros da dívida), a
queda é conseqüência também
das privatizações e concessões
públicas ocorridas no período
analisado.
Como reflexo da redução dos
investimentos públicos, o número de grandes empreiteiras encolheu no período.
Em 1996, 11,1% das empresas de
construção pesada tinham mais
de 500 empregados. O número
caiu para 7,4% em 2002. De acordo com especialistas do setor, por
causa da crise que afetou a construção pesada no período, as
grandes empreiteiras terceirizaram parte de seus serviços, diminuindo seu tamanho e o número
de empregados.
Na tentativa de se recuperar, a
maioria delas também abriu seu
leque de empreendimentos, migrando para setores como os de
telefonia e concessão de estradas,
caso da Andrade Gutierrez, sócia
da Telemar e concessionária da
via Dutra, estrada que faz a ligação entre São Paulo e Rio. Também apostaram no ramo petroquímico, caso da empreiteira
baiana Odebrecht.
As empresas com mais de 500
empregados eram responsáveis
por 60% do pessoal ocupado no
ramo de construção pesada em
1996. Esse percentual caiu para
47,7% em 2002.
Com relação ao setor como um
todo, a construção pesada respondia por 40,6% do pessoal empregado. Passou a ser de 32,6%
sete anos depois.
O setor de construção civil teve
uma receita bruta de R$ 86,2 bilhões em 2002. Desse total, R$ 1,1
bilhão veio de obras no exterior.
Nesse caso, não há comparação
com outros anos por se tratar de
uma pergunta feita pela primeira
vez às empresas.
A pesquisa, que abrange todo o
território nacional, verificou que
em 2002 havia cerca de 123 mil
empresas de construção no país,
empregando 1,5 milhão de pessoas, sendo que 389 mil na construção pesada. Das cem maiores
empresas da construção civil, segundo o valor das obras, 42 era de
construção pesada em 2002.
Metodologia
A pesquisa do IBGE começou a
ser feita em 1990 e era baseada nos
dados do Censo. No entanto, houve uma mudança na metodologia
em 1996 e o levantamento passou
a ser feito por meio de um cadastro de empresas. Por isso, o instituto utiliza o ano de 1996 como
base de comparação.
Além disso, a partir de 2002 a
pesquisa do IBGE ampliou sua
abrangência, até então restrita às
empresas com mais de 40 empregados, para todas as empresas do
setor da construção.
A pesquisa é feita anualmente
em todo o país, a partir de uma
amostra composta por 11.500 empresas do setor.
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