São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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Pronunciamento piorou imagem de Lula, diz estudo

DE BUENOS AIRES

Depois do pronunciamento que fez no último dia 12, quando se disse "traído" e "indignado" diante das denúncias de corrupção, a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva "caiu" nos meios internacionais. No período posterior ao seu discurso, a maior parte dos jornais passou a vê-lo como provável envolvido na corrupção em seu governo, segundo a Global News.
O levantamento da empresa mostra que, nas primeiras semanas deste mês, 62% dos textos publicados nos meios pesquisados apresentavam o presidente com um tom de inocente em relação às denúncias.
No período após o pronunciamento, até o dia 23, o índice caiu para 47%. Na avaliação de Laura Garcia, presidente da Global News, isso ocorreu pelo fato de o presidente, em seu pronunciamento, ter vindo a público dizer que o PT e o governo devem desculpas.
O fato de Lula ter feito o discurso também deu, de acordo com ela, uma dimensão do tamanho que o problema alcançou no Brasil.
Na avaliação de Garcia, nos últimos anos, com a crise prolongada na Argentina, o Brasil passou a ter uma imagem de liderança internacional.
"Isso aconteceu devido à mudança política, com a chegada de Lula à Presidência e à forma com que seu governo manejou a economia", diz.
"A imagem de Lula estava muito associada à imagem do Brasil, e a honestidade era um dos aspectos pelo qual era respeitado. O que ocorreu [as denúncias de corrupção] foi como um golpe no calcanhar-de-aquiles", completa a presidente da empresa.
Em editorial publicado no dia 14, o jornal espanhol "El País", por exemplo, afirmou ser "pouco verossímil" que o presidente brasileiro não esteja envolvido na corrupção.
"A reputação do presidente brasileiro cambaleia à medida que o escândalo de corrupção que sacode o PT se aproxima, com novas revelações, da figura de Luiz Inácio Lula da Silva", diz trecho do editorial.
No mesmo dia, o diário mexicano "La Jornada" reproduziu um texto do professor de sociologia da Universidade de Nova York James Petras, intitulado "Não chorem por Lula".
"Quando Lula não for mais capaz de comprar, convencer, cooptar, corromper os congressistas ou manipular o povo brasileiro e não for eficaz em promover as reformas neoliberais, a elite governante o descartará como um preservativo usado", afirma um trecho do artigo. (MP)


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