São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros @ - guilherme.barros@uol.com.br

Estudo detecta alta concentração industrial

Depois da abertura do país às importações, no início da década de 90, a indústria brasileira vive uma nova fase que pode mudar a sua configuração. Enquanto se discute a taxa de expansão do PIB, se será abaixo ou acima de 3,5%, pouco se fala sobre a anatomia do crescimento industrial.
O economista Antonio Barros de Castro, diretor do BNDES e um dos maiores especialistas em indústria do Brasil, estudou o comportamento de 76 segmentos industriais e chegou a algumas conclusões preocupantes.
Uma das principais descobertas de Castro foi a de que o setor cresce hoje de forma muito concentrada, que é uma característica dos períodos recessivos. "A difusão do crescimento na indústria está tão restrita quanto nos anos de recessão", diz Castro.
Em 2004, dos 76 segmentos pesquisados, 9 contribuíram para explicar 75% do crescimento de 8,3% registrado pela indústria naquele ano. Já em 2005, ano em que o setor expandiu 3,1%, apenas cinco segmentos explicam a maior parte do crescimento.
No primeiro semestre deste ano, ocorre o mesmo fenômeno. São, segundo Castro, os mesmos índices de difusão do crescimento de anos recessivos, como os de 98 e 99. Esse resultado "aponta no sentido da redução da integração sistêmica ou mesmo de uma especialização incipiente".
Os mais preocupantes, segundo Castro, são os setores nos quais se concentra o crescimento. Dois deles, as indústrias "extrativas" e de "refino de petróleo e álcool", cujas contribuições somam 34,7% para o crescimento, estão associadas a recursos naturais e pesquisas. Já "máquinas para escritório e equipamentos de informática" e "máquinas, aparelhos e materiais elétricos", a primeira e a quarta maiores contribuições para o crescimento, possuem alto conteúdo de importação.
A partir dessas informações, Castro conclui que a indústria brasileira estaria passando por um processo de concentração que parece avançar com grande rapidez. "Não é esse o Brasil que a gente conhece", diz.
O preocupante, segundo Castro, é que essa especialização não é resultado de uma escolha consciente do país, e sim de um processo avassalador e ainda pouco entendido. Para o economista, essa concentração contraria a atitude do governo brasileiro, expressa, por exemplo, na nova política industrial e de comércio exterior.

NA PONTE AÉREA
Líder brasileira em seguros, com 25% do mercado e mais de 12 milhões de segurados, a Bradesco Seguros mudou. Antes concentrada no Rio, hoje a empresa divide suas operações entre a capital fluminense e São Paulo. No Rio, ainda se concentram as seguradoras especializadas em automóveis, ramos elementares, saúde e vida e previdência. Em São Paulo, foi montada a controladora, uma espécie de holding que concentra toda a parte financeira e contábil da seguradora. No comando dessa reestruturação, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do grupo Bradesco de Seguros e Previdência, divide-se hoje entre as duas cidades. "Vivo na ponte aérea", afirma Cappi. No primeiro semestre deste ano, a carteira do Bradesco cresceu quase 14%, um resultado bem acima do PIB. Trabuco diz que há uma estrada grande para o seguro no Brasil. "Nós vivemos hoje o século da insegurança, e o seguro cada vez mais aumenta de importância", diz. Trabuco prevê que, em pouco tempo, o seguro, que hoje representa 3% do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil, irá dobrar de tamanho no país.

TEMPORADA DE GASTRONOMIA
O Caesar Park abre sua temporada de alta gastronomia em setembro. A idéia, segundo o diretor de hotel do Caesar Park - Faria Lima, Luis Calle, é transformar a unidade e a carioca de Ipanema em pólos gastronômicos. O foco está na alta cozinha contemporânea com influências da "nouvelle cuisine" francesa. Batizado de Experiência Gastronômica, o primeiro evento paulista acontece nos dias 19 e 20 do próximo mês com menu do chef francês Antoine Westerman, que comanda cinco restaurantes da Europa e tem três estrelas no guia "Michelin". "Uma programação como essa traz valor agregado para o hotel", diz Calle, que programa seis edições do festival para 2007. Já o Caesar Park Rio de Janeiro - Ipanema inaugura as experiências com um festival de foie gras assinado pelo chef francês radicado em SP Erick Jacquin.

MAIS PAPEL
A Aracruz Celulose aumenta em 15%, este ano, os investimentos no programa de plantação de eucalipto e compra de madeira de produtores independentes para suas fábricas de celulose no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, e para a Veracel, na Bahia. Para Carlos Aguiar, presidente da empresa, o total aplicado neste ano alcançará R$ 80 milhões e envolverá 3.500 pequenos, médios e grandes produtores.

MARKETING
Acontece nos dias 12 e 13 de setembro o Fórum de Marketing Industrial, em SP, no Gran Meliá Mofarrej. No evento, serão discutidas estratégias de preço, sustentabilidade e outros assuntos.

METROLOGIA
A metrologia entra em pauta em setembro, no Rio, durante o Imeko, um dos maiores congressos mundiais da área, que pela primeira vez ocorre no Brasil, de 17 a 22 de setembro. O evento, que reúne especialistas internacionais de mais de 15 países, tem como tema "Metrologia para um Desenvolvimento Sustentável". O Imeko é promovido pela Confederação Internacional de Medição a cada três anos, desde 1958. No Brasil, tem apoio da Abimaq.

PRODUÇÃO LIMPA
O Ciesp prepara, em parceria com Banco Real, o lançamento de uma linha de crédito exclusiva para a produção mais limpa.

BOVESPA
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DÓLAR
+0,14%
Na sexta-feira

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