São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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MONTADORAS
Entidade diz a sindicalistas que só aceita discussão individual; metalúrgicos ameaçam fazer greve
Anfavea rejeita acordo coletivo nacional

Lili Martins/Folha Imagem
Reunião realizada ontem na Anfavea entre representantes das montadoras de veículos e dos sindicatos de metalúrgicos


FÁBIA PRATES
em São Paulo

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) descartou ontem a possibilidade de vir a discutir a adoção de um contrato coletivo nacional, conforme querem a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical.
Representantes das duas centrais sindicais, que se uniram pela primeira vez para tentar pressionar os patrões a adotar o contrato, entregaram ontem a pauta de reivindicações ao presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto.
Os metalúrgicos querem piso salarial e data-base unificados, redução da jornada para 36 horas (sem redução de salários), reajuste de 10% a título de reposição salarial e salário profissional, dentre outras propostas.
O argumento é que as diferenças salariais e de condições de trabalho existentes entre os Estados estimula a migração de empregos. A diferença de salários entre as regiões chega a 150%, segundo os sindicatos.
Eles querem garantia das empresas de que a instalação de novas plantas não comprometerá os empregos nas fábricas já existentes.

Intransigência
As montadoras, segundo a Anfavea, só aceitam discutir as propostas empresa por empresa e não da forma como querem os sindicalistas.
As duas centrais sindicais ameaçam greve geral por tempo indeterminado a partir de 14 de setembro, caso os patrões não mudem de idéia até o dia 13.
A Anfavea ficou de entrar em contato com as duas centrais sindicais na próxima semana, caso haja mudança de posição.
"Nós não estamos com disposição de fazer empresa por empresa", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho.
"A greve acontecerá. Se não houver processo de negociação, nós vamos dar a resposta na semana que vem", disse. A intenção é parar cerca de 250 mil metalúrgicos de montadoras e autopeças.
Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, disse que a posição da Anfavea é "intransigente".
Pinheiro Neto disse que acha um contra-senso os metalúrgicos ameaçarem entrar em greve no momento em que se discute o acordo para manter os empregos do setor.
"Não achamos bom (a greve), mas temos que respeitar. Não temos nenhum interesse num acordo unificado", disse ele.
Depois da Anfavea, os metalúrgicos entregaram a pauta ao Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Componentes Automotivos).
Segundo Heiguiberto Guiba, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, o presidente da entidade, Paulo Butori, foi mais receptivo e se comprometeu a discutir a pauta com as empresas. Na quinta-feira dará uma resposta aos sindicatos.
O apelo dos sindicalistas teve respaldo da Federação Internacional dos Metalúrgicos. O secretário-geral da entidade, Marcelo Malentacchi, enviou carta aos presidentes da Anfavea e Sindipeças apoiando as reivindicações.


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