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EUA ignoram oportunidades da América Latina, diz Slim
Considerado o homem mais rico do mundo, mexicano diz ser "a maior prova disso"
Dono da Claro e da Embratel, empresário afirma que os americanos "não têm dado a devida importância à região, que têm altíssimo potencial"
CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
A política econômica dos Estados Unidos não é inteligente.
A opinião é do homem mais rico do mundo segundo vários
rankings, Carlos Slim Helú,
presidente do conselho do grupo Carso, controlador da Embratel e da Claro no Brasil. "Os
Estados Unidos estão trocando
bens por ativos, estão comprando muitos bens e dando
muitos ativos, incluindo títulos
públicos", disse Slim, durante o
Clinton Global Initiative (CGI),
que acontece nesta semana em
Nova York. "Não é algo inteligente a fazer."
Slim participou do painel
"América Latina e as Pressões
da Globalização", ao lado do
presidente da Argentina, Néstor Kirchner, do presidente da
República Dominicana, Leonel
Fernandéz, e do presidente do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno. Estimulado por
Kirchner, que criticou a falta de
apoio dos Estados Unidos à região, Slim foi ácido -e bastante
aplaudido- em diversos comentários com relação ao país.
"Não entendo o muro [impedindo mexicanos de cruzar a
fronteira com os EUA]", disse o
empresário mexicano. "Os imigrantes ajudaram a construir
nações, precisamos de relações
mais maduras."
De acordo com ele, a América
Latina abre-se cada vez mais,
tem governos democráticos
consolidados, empresas globais
que criam empregos e são altamente competitivas. "Os EUA
não têm dado a devida importância à região, que têm altíssimo potencial de crescimento e
lucratividade", afirmou. "Sou a
maior prova disso."
Abordado pela reportagem
da Folha ao final do evento,
Slim não quis dar declarações
sobre seus negócios no Brasil,
preferindo concentrar-se nos
temas abordados durante o
evento. No dia anterior, em entrevista publicada ao jornal
"Financial Times", ele tinha
cobrado que sua rival, a Telefónica, fosse clara sobre seus planos no mercado de celulares
brasileiro. O grupo espanhol
faz parte de um consórcio que
assumiu uma participação na
Telecom Italia, controladora
da TIM no Brasil, e também é
sócia da Vivo. "A coisa lógica a
fazer, e por isso acho ruim que
eles [a Telefónica] não definam
a situação, é que a Telefónica se
una à Telecom Italia no Brasil.
O que não gostamos é dessa incerteza, incerteza para a agência reguladora brasileira, incerteza para seus concorrentes,
incerteza para o mercado",
afirmou na entrevista.
Slim chegou a disputar com a
Telefónica a compra da participação na tele italiana, como
parte de uma oferta conjunta
com a AT&T neste ano. O negócio teria dado a Slim, dono da
Telmex, operadora de linhas fixas no México, e da América
Móvil, de celulares, uma fatia
da Telecom Italia e uma presença maior no Brasil.
Durante o CGI, Slim preferiu
concentrar-se nos temas debatidos no evento. De acordo com
ele, o principal desafio para a
região é educação, que criará
empregos cada vez mais qualificados e um mercado consumidor muito maior. "De 1995
para cá, crescemos [o grupo
mexicano] 300%", disse Slim.
"Só na Argentina, nossa receita
foi multiplicada por dez e somos apenas a quarta empresa
do mercado. Com educação,
bons empregos e renda maior
para todos, esse mercado será
ainda muito maior", afirmou.
No evento, ele anunciou doação de US$ 100 milhões para
projeto de alternativas sustentáveis em áreas desgastadas
por mineração no Peru, na Colômbia e no México.
A repórter CRISTIANE BARBIERI viajou a convite da Coca-Cola Brasil
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