São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2007

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EUA ignoram oportunidades da América Latina, diz Slim

Considerado o homem mais rico do mundo, mexicano diz ser "a maior prova disso"

Dono da Claro e da Embratel, empresário afirma que os americanos "não têm dado a devida importância à região, que têm altíssimo potencial"

CRISTIANE BARBIERI
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

A política econômica dos Estados Unidos não é inteligente.
A opinião é do homem mais rico do mundo segundo vários rankings, Carlos Slim Helú, presidente do conselho do grupo Carso, controlador da Embratel e da Claro no Brasil. "Os Estados Unidos estão trocando bens por ativos, estão comprando muitos bens e dando muitos ativos, incluindo títulos públicos", disse Slim, durante o Clinton Global Initiative (CGI), que acontece nesta semana em Nova York. "Não é algo inteligente a fazer."
Slim participou do painel "América Latina e as Pressões da Globalização", ao lado do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, do presidente da República Dominicana, Leonel Fernandéz, e do presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno. Estimulado por Kirchner, que criticou a falta de apoio dos Estados Unidos à região, Slim foi ácido -e bastante aplaudido- em diversos comentários com relação ao país.
"Não entendo o muro [impedindo mexicanos de cruzar a fronteira com os EUA]", disse o empresário mexicano. "Os imigrantes ajudaram a construir nações, precisamos de relações mais maduras."
De acordo com ele, a América Latina abre-se cada vez mais, tem governos democráticos consolidados, empresas globais que criam empregos e são altamente competitivas. "Os EUA não têm dado a devida importância à região, que têm altíssimo potencial de crescimento e lucratividade", afirmou. "Sou a maior prova disso."
Abordado pela reportagem da Folha ao final do evento, Slim não quis dar declarações sobre seus negócios no Brasil, preferindo concentrar-se nos temas abordados durante o evento. No dia anterior, em entrevista publicada ao jornal "Financial Times", ele tinha cobrado que sua rival, a Telefónica, fosse clara sobre seus planos no mercado de celulares brasileiro. O grupo espanhol faz parte de um consórcio que assumiu uma participação na Telecom Italia, controladora da TIM no Brasil, e também é sócia da Vivo. "A coisa lógica a fazer, e por isso acho ruim que eles [a Telefónica] não definam a situação, é que a Telefónica se una à Telecom Italia no Brasil.
O que não gostamos é dessa incerteza, incerteza para a agência reguladora brasileira, incerteza para seus concorrentes, incerteza para o mercado", afirmou na entrevista.
Slim chegou a disputar com a Telefónica a compra da participação na tele italiana, como parte de uma oferta conjunta com a AT&T neste ano. O negócio teria dado a Slim, dono da Telmex, operadora de linhas fixas no México, e da América Móvil, de celulares, uma fatia da Telecom Italia e uma presença maior no Brasil.
Durante o CGI, Slim preferiu concentrar-se nos temas debatidos no evento. De acordo com ele, o principal desafio para a região é educação, que criará empregos cada vez mais qualificados e um mercado consumidor muito maior. "De 1995 para cá, crescemos [o grupo mexicano] 300%", disse Slim.
"Só na Argentina, nossa receita foi multiplicada por dez e somos apenas a quarta empresa do mercado. Com educação, bons empregos e renda maior para todos, esse mercado será ainda muito maior", afirmou.
No evento, ele anunciou doação de US$ 100 milhões para projeto de alternativas sustentáveis em áreas desgastadas por mineração no Peru, na Colômbia e no México.


A repórter CRISTIANE BARBIERI viajou a convite da Coca-Cola Brasil


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