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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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CONCENTRAÇÃO

Bank of America compra o FleetBoston por US$ 47 bi e terá US$ 933 bi em ativos, atrás apenas do Citigroup

Megafusão cria o 2º maior banco dos EUA

DA REDAÇÃO

O Bank of America anunciou a compra do FleetBoston, em um negócio de US$ 47 bilhões. A fusão criará a segunda maior instituição financeira dos EUA em ativos, ultrapassando o JP Morgan Chase e atrás apenas do Citigroup. Hoje, o BofA (sigla do Bank of America) é o terceiro, e o Fleet, o sétimo.
Pelos últimos números, o novo banco, que manterá o nome Bank of America, teria o segundo maior lucro do planeta, com US$ 933 bilhões em ativos. O banco será o líder absoluto no varejo dos EUA, com 5.700 agências e uma cobertura de costa a costa, dono de 9,8% dos depósitos bancários.
No Brasil, o negócio não deverá ter grande impacto no ranking. O Bank of America mantém uma tímida presença no país. Já o Fleet controla o BankBoston, onde trabalhou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e que ocupa a 13ª posição no país.
Por outro lado, com a compra do Fleet, o BofA ampliará suas atividades na América do Sul, devido à presença do BankBoston no Brasil e na Argentina. Trata-se de uma reviravolta para o Bank of America, que vinha reduzindo drasticamente suas operações na região, depois de fortes perdas.
O negócio não envolve dinheiro, mas troca de ações. O BofA concordou em pagar um ágio de 43% sobre o valor das ações do FleetBoston. Para cada ação, o FleetBoston recebe o equivalente a 0,5553 ação do Bank of America.
No fechamento da sexta-feira, cada ação do Fleet estava cotada a US$ 31,80, e o Bank of America se dispôs a pagar US$ 45,46 por papel. Já o preço da ação do Bank of America ficou em US$ 81,86.
Segundo analistas, o BofA pagou caro demais. A disposição em bancar o elevado ágio seria motivada pela importância estratégia da transação. Foi o que reconheceu o presidente do Bank of America, Kenneth Lewis, 56: "Se você quiser estar em Boston, no sul da Nova Inglaterra e em Nova York, não há nenhuma outra estrada que o leve ao destino".
O Bank of America tem hoje uma rede de 4.200 agências nos EUA. Mas não tem nenhuma nos seis Estados da região da Nova Inglaterra (Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, Vermont, New Hampshire e Maine).
Lewis será o presidente-executivo (CEO) do novo banco, enquanto o CEO do Fleet, Charles Gifford, assumirá a presidência do conselho. O BofA terá 12 das 19 cadeiras do conselho.
O preço das ações do Bank of America encerrou o dia com uma queda de 10%. Para analistas, a aquisição do Fleet deverá comprometer a gerência operacional do banco. Já os papéis do FleetBoston tiveram alta de 25%.
"O sentimento do mercado é que o BofA está pagando muito e poderá perder mais valor do que o que ganhará com o corte de custos", disse David Hendler, analista da corretora CreditSights.
O Fleet estava na mira de outros bancos americanos que tentam ampliar a presença na região nordeste do país. O banco vinha tentando se recuperar das grandes perdas ocorridas com a moratória argentina e com a quebra, nos EUA, de empresas como a Enron.
De acordo com David Katz, diretor de investimentos da corretora Matrix Asset Advisors, o Fleet é "historicamente mal administrado" e deverá melhorar seu desempenho agora.
Como os bancos atuam em regiões distintas, as autoridades reguladoras devem aprovar a fusão sem restrições. Até ontem, não havia notícias sobre demissões.
O negócio representa a 13ª maior fusão já feita nos EUA, de acordo com a consultoria Dealogic. Levando-se apenas em conta o setor financeiro, a fusão é a terceira maior dos EUA.
A maior transação do tipo feita na história do país foi a compra da Time Warner pela America Online, em 2000. Quando anunciado, o negócio tinha sido avaliado em US$ 172,7 bilhões. Mas, quando efetivada, a operação ficou avaliada em US$ 112,1 bilhões, em decorrência da desvalorização das ações das empresas no período.

Reaquecimento
A aquisição do FleetBoston pelo BofA é o maior negócio do tipo no país em mais de um ano. Por causa da lentidão econômica nos dois últimos anos, houve um recuo no número de transações.
Também ontem, a Anthem anunciou a compra da WellPoint por US$ 16,4 bilhões, o que criou a maior empresa de seguro de saúde dos EUA.


Colaborou Cíntia Cardoso, de Nova York

Com agências internacionais


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