|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONCENTRAÇÃO
Bank of America compra o FleetBoston por US$ 47 bi e terá US$ 933 bi em ativos, atrás apenas do Citigroup
Megafusão cria o 2º maior banco dos EUA
DA REDAÇÃO
O Bank of America anunciou a
compra do FleetBoston, em um
negócio de US$ 47 bilhões. A fusão criará a segunda maior instituição financeira dos EUA em ativos, ultrapassando o JP Morgan
Chase e atrás apenas do Citigroup. Hoje, o BofA (sigla do
Bank of America) é o terceiro, e o
Fleet, o sétimo.
Pelos últimos números, o novo
banco, que manterá o nome Bank
of America, teria o segundo maior
lucro do planeta, com US$ 933 bilhões em ativos. O banco será o líder absoluto no varejo dos EUA,
com 5.700 agências e uma cobertura de costa a costa, dono de
9,8% dos depósitos bancários.
No Brasil, o negócio não deverá
ter grande impacto no ranking. O
Bank of America mantém uma tímida presença no país. Já o Fleet
controla o BankBoston, onde trabalhou o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, e que
ocupa a 13ª posição no país.
Por outro lado, com a compra
do Fleet, o BofA ampliará suas atividades na América do Sul, devido à presença do BankBoston no
Brasil e na Argentina. Trata-se de
uma reviravolta para o Bank of
America, que vinha reduzindo
drasticamente suas operações na
região, depois de fortes perdas.
O negócio não envolve dinheiro, mas troca de ações. O BofA
concordou em pagar um ágio de
43% sobre o valor das ações do
FleetBoston. Para cada ação, o
FleetBoston recebe o equivalente
a 0,5553 ação do Bank of America.
No fechamento da sexta-feira,
cada ação do Fleet estava cotada a
US$ 31,80, e o Bank of America se
dispôs a pagar US$ 45,46 por papel. Já o preço da ação do Bank of
America ficou em US$ 81,86.
Segundo analistas, o BofA pagou caro demais. A disposição em
bancar o elevado ágio seria motivada pela importância estratégia
da transação. Foi o que reconheceu o presidente do Bank of America, Kenneth Lewis, 56: "Se você
quiser estar em Boston, no sul da
Nova Inglaterra e em Nova York,
não há nenhuma outra estrada
que o leve ao destino".
O Bank of America tem hoje
uma rede de 4.200 agências nos
EUA. Mas não tem nenhuma nos
seis Estados da região da Nova Inglaterra (Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, Vermont,
New Hampshire e Maine).
Lewis será o presidente-executivo (CEO) do novo banco, enquanto o CEO do Fleet, Charles
Gifford, assumirá a presidência
do conselho. O BofA terá 12 das 19
cadeiras do conselho.
O preço das ações do Bank of
America encerrou o dia com uma
queda de 10%. Para analistas, a
aquisição do Fleet deverá comprometer a gerência operacional
do banco. Já os papéis do FleetBoston tiveram alta de 25%.
"O sentimento do mercado é
que o BofA está pagando muito e
poderá perder mais valor do que
o que ganhará com o corte de custos", disse David Hendler, analista da corretora CreditSights.
O Fleet estava na mira de outros
bancos americanos que tentam
ampliar a presença na região nordeste do país. O banco vinha tentando se recuperar das grandes
perdas ocorridas com a moratória
argentina e com a quebra, nos
EUA, de empresas como a Enron.
De acordo com David Katz, diretor de investimentos da corretora Matrix Asset Advisors, o
Fleet é "historicamente mal administrado" e deverá melhorar seu
desempenho agora.
Como os bancos atuam em regiões distintas, as autoridades reguladoras devem aprovar a fusão
sem restrições. Até ontem, não
havia notícias sobre demissões.
O negócio representa a 13ª
maior fusão já feita nos EUA, de
acordo com a consultoria Dealogic. Levando-se apenas em conta
o setor financeiro, a fusão é a terceira maior dos EUA.
A maior transação do tipo feita
na história do país foi a compra da
Time Warner pela America Online, em 2000. Quando anunciado,
o negócio tinha sido avaliado em
US$ 172,7 bilhões. Mas, quando
efetivada, a operação ficou avaliada em US$ 112,1 bilhões, em decorrência da desvalorização das
ações das empresas no período.
Reaquecimento
A aquisição do FleetBoston pelo
BofA é o maior negócio do tipo no
país em mais de um ano. Por causa da lentidão econômica nos dois
últimos anos, houve um recuo no
número de transações.
Também ontem, a Anthem
anunciou a compra da WellPoint
por US$ 16,4 bilhões, o que criou a
maior empresa de seguro de saúde dos EUA.
Colaborou Cíntia Cardoso, de Nova York
Com agências internacionais
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frase Índice
|