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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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VAREJO

Wal-Mart diz "pagar o que for preciso" pela rede e vencer Pão de Açúcar

Venda do Bompreço vira leilão

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois da aparente desistência do Carrefour em entrar na disputa pelos ativos da rede Bompreço, conforme a Folha havia antecipado no início do mês, as negociações para a venda da cadeia nordestina tomaram um rumo que não agrada em nada aos interessados na aquisição.
A venda transformou-se num leilão entre as duas cadeias envolvidas na negociação, o grupo Pão de Açúcar e o Wal-Mart.
Segundo a Folha apurou, os representantes do Wal-Mart informaram que pagam "o que for preciso" para ficar com a rede nordestina, a terceira maior supermercadista do país, com receitas superiores a R$ 3 bilhões.
Procurado, o Wal-Mart não se manifestou sobre o assunto.
A rede deixou claro que pretende cobrir a proposta de seu concorrente, o Pão de Açúcar, até atingir um limite considerado satisfatório para garantir a sua rentabilidade. Mas não deixou claro que limite seria esse. Essa situação tem gerado tensão.
Essa é uma das últimas grandes aquisições no setor -não restaram grandes redes disponíveis no mercado.
Com a aquisição, o Pão de Açúcar poderia disparar na frente no ranking do setor e acumular vendas superiores a R$ 13 bilhões ao ano. Se levar a cadeia nordestina, o Wal-Mart pulará da sexta para a terceira colocação no ranking anual, de acordo com dados do ano passado.
Além dessa queda-de-braço entre as partes, outra questão foi alvo de debate.
Parte das lojas do Bompreço, controlada desde 2001 pela empresa holandesa Royal Ahold, está nas mãos do empresário do varejo João Carlos Paes Mendonça, que foi dono da rede brasileira antes da venda aos holandeses.
As lojas que pertencem ao empresário são alugadas à Royal Ahold, e o Wal-Mart não pensa em adquirir a rede com lojas alugadas. Não é parte da estratégia da empresa. Atualmente, os pontos-de-venda do grupo no país são de propriedade do Wal- Mart.
Para o Pão de Açúcar, isso não é problema. A cadeia tem pontos arrendados, o que ajuda a reduzir o custo fixo da loja.
Analistas e os próprios envolvidos na aquisição da rede estimavam que o negócio seria fechado até meados de outubro. Como as negociações se complicaram, ocorreu um atraso.
Nenhuma das duas redes interessadas na cadeia nordestina quer pagar o que os holandeses pediam inicialmente. O valor encostava nos US$ 680 milhões, como a Folha apurou em maio -o que estaria distante daquilo que o mercado considera como valor razoável pelo negócio, de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões.


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