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VAREJO
Wal-Mart diz "pagar o que for preciso" pela rede e vencer Pão de Açúcar
Venda do Bompreço vira leilão
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da aparente desistência
do Carrefour em entrar na disputa pelos ativos da rede Bompreço,
conforme a Folha havia antecipado no início do mês, as negociações para a venda da cadeia nordestina tomaram um rumo que
não agrada em nada aos interessados na aquisição.
A venda transformou-se num
leilão entre as duas cadeias envolvidas na negociação, o grupo Pão
de Açúcar e o Wal-Mart.
Segundo a Folha apurou, os representantes do Wal-Mart informaram que pagam "o que for preciso" para ficar com a rede nordestina, a terceira maior supermercadista do país, com receitas
superiores a R$ 3 bilhões.
Procurado, o Wal-Mart não se
manifestou sobre o assunto.
A rede deixou claro que pretende cobrir a proposta de seu concorrente, o Pão de Açúcar, até
atingir um limite considerado satisfatório para garantir a sua rentabilidade. Mas não deixou claro
que limite seria esse. Essa situação
tem gerado tensão.
Essa é uma das últimas grandes
aquisições no setor -não restaram grandes redes disponíveis no
mercado.
Com a aquisição, o Pão de Açúcar poderia disparar na frente no
ranking do setor e acumular vendas superiores a R$ 13 bilhões ao
ano. Se levar a cadeia nordestina,
o Wal-Mart pulará da sexta para a
terceira colocação no ranking
anual, de acordo com dados do
ano passado.
Além dessa queda-de-braço entre as partes, outra questão foi alvo de debate.
Parte das lojas do Bompreço,
controlada desde 2001 pela empresa holandesa Royal Ahold, está
nas mãos do empresário do varejo João Carlos Paes Mendonça,
que foi dono da rede brasileira antes da venda aos holandeses.
As lojas que pertencem ao empresário são alugadas à Royal
Ahold, e o Wal-Mart não pensa
em adquirir a rede com lojas alugadas. Não é parte da estratégia da
empresa. Atualmente, os pontos-de-venda do grupo no país são de
propriedade do Wal- Mart.
Para o Pão de Açúcar, isso não é
problema. A cadeia tem pontos
arrendados, o que ajuda a reduzir
o custo fixo da loja.
Analistas e os próprios envolvidos na aquisição da rede estimavam que o negócio seria fechado
até meados de outubro. Como as
negociações se complicaram,
ocorreu um atraso.
Nenhuma das duas redes interessadas na cadeia nordestina
quer pagar o que os holandeses
pediam inicialmente. O valor encostava nos US$ 680 milhões, como a Folha apurou em maio -o
que estaria distante daquilo que o
mercado considera como valor
razoável pelo negócio, de US$ 300
milhões a US$ 400 milhões.
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