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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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SUINOCULTURA

Enfermidade de Aujeszky se alastra no norte do Estado a partir de SC e deve causar o abate de 15 mil animais

Doença atinge rebanhos suínos no Sul

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Rio Grande do Sul abaterá neste ano cerca de 15 mil suínos infectados pela doença de Aujeszky (pronuncia-se "aujésqui"), que tem atingido o seu rebanho, cujo total é de 5,5 milhões de cabeças. Já foram abatidos mais de 13 mil animais desse total.
A doença, que leva o nome do veterinário húngaro Aladár Aujeszky (1869-1933), se alastrou a partir de focos constatados anteriormente em Santa Catarina, onde chegaram a ser abatidos cerca de 80 mil suínos -o rebanho catarinense tem 4,5 milhões de animais. De um total de 208 propriedades rurais catarinenses com registro da doença, 74 tiveram que abater animais.
A necessidade de vacinação no Rio Grande do Sul está descartada, de acordo com o coordenador de defesa sanitária animal da Secretaria da Agricultura do Estado, Nilton Rossato.
O Estado destina 21% da produção ao mercado externo. Os municípios atingidos pela doença, porém, não exportam.
Acordo entre Brasil e Rússia, por exemplo, impede cidades com foco da doença de vender carne suína para esse país -o que não prejudica tanto o Rio Grande do Sul, pois não é todo o Estado que fica impedido de exportar.
A Rússia é o principal destino do produto gaúcho. De janeiro a abril, as exportações de carne suína para esse país chegaram a US$ 23,5 milhões.
As cidades onde foram localizados focos da doença no Rio Grande do Sul são do norte do Estado, próximas a Santa Catarina, como Aratiba e Pinheirinho do Vale.
Após o abate, quem teve suíno infectado é ressarcido, e as propriedades vizinhas passam por tratamento sorológico.

Problema econômico
O delegado federal da Agricultura no Rio Grande do Sul, Francisco Signor, define a doença de Aujeszky como uma enfermidade classificada no grupo B entre as patologias previstas pela OIE (Organização Internacional de Epizootias). Não é, segundo ele, tão contagiosa quanto a febre aftosa (leia texto nesta página).
O problema da doença é mais econômico do que de sanidade animal. A doença não tem poder de difusão em alta escala, mas repercute no comércio.
A ocorrência, constatada no Rio Grande do Sul em 31 de janeiro, foi comunicada no mês de maio à OIE e à Rússia. O código zoossanitário prevê prazo de até 12 meses para o comunicado à OIE.
""Os procedimentos foram tomados na hora certa", diz Signor.
O Ministério da Agricultura e o governo gaúcho consideram a situação sob controle. Foi estabelecido um perímetro isolado para o combate à doença, abrangendo 134 propriedades rurais -nas quais havia 28.271 animais.
Foi realizada uma sorologia por amostragem em 11 municípios da região, que compreendem a chamada área de vigilância, com coleta de 2.847 amostras. Segundo o ministério, todas tiveram resultado negativo.
Esse resultado afastou a necessidade de vacinação, até porque, quando um Estado aplica a vacina, confunde o resultado dos exames sorológicos, que podem apresentar tanto a presença do vírus quanto de seus anticorpos.


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