São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

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Revendedora de Lamborghinis critica ação da Polícia Federal em SP

Diretor de loja vê irregularidade nas apreensões feitas no Salão do Automóvel, sob o argumento de que impostos foram recolhidos; Receita Federal não confirma

Jorge Araújo/Folha Imagem
Mulher fotografa Lamborghinis no pátio da Polícia Federal na Lapa, em SP


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor comercial da revendedora Auto Europa, Miro Ikis, criticou ontem a Polícia Federal por ter apreendido seis veículos da marca Lamborghini no Salão do Automóvel de São Paulo, sob suspeita de importação irregular, e afirmou que houve "arbitrariedade" dos policiais durante a operação.
A revendedora é a representante paulista da TAG -empresa capixaba responsável pela importação dos veículos, segundo a PF. O diretor diz que a documentação dos carros está regular, que a Receita autorizou a entrada dos veículos no país e que estuda as medidas jurídicas "cabíveis" para devolver os Lamborghinis ao salão.
Procurada pela Folha, a PF não se manifestou. Avaliados entre R$ 900 mil e R$ 1,3 milhão, os carros foram recolhidos anteontem por suspeita de importação irregular. Levados ao pátio da PF (Lapa), viraram "atração turística".
"Três dos seis carros recolhidos já haviam sido nacionalizados, com pagamento de impostos da ordem de R$ 400 mil em cada um deles. Tenho os documentos", afirma Ikis.
"Ninguém traz uma muamba e expõe o contrabando em uma feira aberta ou faz propaganda em revistas e jornais", diz.
A Folha solicitou cópia das declarações de importação e dos documentos que mostram o recolhimento de impostos.
Mas, até o fechamento desta edição, não foram enviados. Três dos seis veículos recolhidos pelos policiais -que dirigiram os carros do Anhembi, local da feira, até o pátio da PF- estavam sob o regime de admissão temporária, segundo informou o diretor da revenda.
Nessa modalidade de importação, a tributação é suspensa por um prazo de 90 dias, prorrogáveis por 90, segundo a instrução normativa 285 da RF.
Em nota, a Receita em São Paulo informou que os carros entraram no país janeiro, com autorização de permanência até abril. "Antes do vencimento do prazo concedido, recebemos uma ordem judicial informando que os veículos estavam apreendidos pela Justiça Federal, sendo determinado à Receita que interrompesse quaisquer procedimentos sobre o caso até decisão do mérito, situação essa que persiste."
Se comprovadas as irregularidades, os carros podem ser leiloados pela Receita. A PF estima que a sonegação poderia chegar a R$ 1,1 milhão.
O Detran-SP informou que não é responsável pelo cadastro de nenhum Lamborghini apreendido e que "não há qualquer possibilidade de envolvimento" de seus servidores "em suposto esquema para fraudar pagamentos de impostos". A PF afirmou anteontem que havia suspeita de envolvimento de funcionários públicos.

Apreensão
Operação realizada entre o Detran e a Secretaria de Estado da Fazenda de São Paulo resultou na apreensão de ao menos quatro carros importados com emplacamento irregular na noite de ontem, em São Paulo.
Três veículos -uma Ferrari, um Bentley e um Bugatti- estavam em uma loja na avenida Brasil. Segundo o Detran, policiais constataram que os lacres das placas dos carros são falsos. O outro carro, uma Mercedes, estava em uma revendedora na av. Europa com lacre rompido.

Colaborou KAREN CAMACHO, da Folha Online

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