São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Banco Central terá de cortar juro ainda neste ano, diz Austin

O cenário de desaceleração da economia mundial pode obrigar o Banco Central a cortar a taxa básica de juros na reunião do Copom de dezembro deste ano. A análise é do economista-chefe da Austin Ratings, Alex Agostini. Para a reunião de amanhã, a aposta dele é na manutenção da Selic nos atuais 13,75% ao ano.
Segundo o economista, a desaceleração mundial em 2009 deve potencializar o desaquecimento da indústria. A expectativa de Agostini é que os dados de outubro e novembro da indústria e do varejo já reflitam os impactos da crise e obriguem o BC a cortar o juro na reunião de dezembro.
"Se o BC não sinalizar para o consumidor com um corte de juros que a situação será melhor nos meses seguintes, vai postergar o ciclo de consumo e produção, que começa tradicionalmente em março, para maio. E isso vai comprometer todo o resultado do primeiro semestre de 2009", afirma Agostini. Para ele, se os juros não forem cortados em dezembro, o crescimento do PIB no primeiro semestre do ano que vem pode ficar abaixo de 3,5%.
Segundo Agostini, a desaceleração mundial deve derrubar ainda mais o preço das commodities, item com forte impacto nos índices de inflação brasileiros. Isso deve mudar a mentalidade do BC, que passará a se preocupar mais em aumentar a produtividade da indústria que em conter a inflação.
Na reunião de amanhã, Agostini espera que o Copom encerre o ciclo de alta dos juros.
"Seria uma incoerência do Banco Central subir os juros em um momento em que está tomando uma série de atitudes para aumentar a liquidez do mercado." Ele se refere às recentes ações do BC para injetar dinheiro na economia -redução do compulsório dos bancos e venda de recursos das reservas brasileiras em dólar.

Natura demite diretores e estuda novos cortes

Em meio à crise financeira global, a Natura já demitiu três diretores em setembro e planeja uma redução dos níveis hierárquicos. Os rumores, que não foram confirmados pela empresa, são de novos cortes na companhia.
A Natura afirma que se trata de uma reestruturação do quadro de pessoal para a empresa voltar a crescer na casa de 20% ao ano. A tendência é regionalizar os cargos com poder de decisão.
Segundo a Natura, o processo não está relacionado à crise, mas a um plano para reverter a desaceleração do crescimento em 2007. A empresa, porém, admite sentir reflexos da crise, como o custo maior com matéria-prima importada, mas diz que "ainda é cedo para falar em conseqüências concretas".
Na semana passada, a Natura suspendeu os planos de iniciar operações nos Estados Unidos.

FILHO ÚNICO

Acaba de chegar ao Brasil um único veículo do modelo Zonda F da Pagani, que será apresentado ao público de quinta-feira até o dia 9 de novembro, no Salão do Automóvel, no Anhembi, em São Paulo. O carro, que ainda não tem dono, é o mais caro à venda no Brasil. O valor deve girar em torno dos R$ 4,5 milhões.

ESTUDANTE
O ranking de MBAs do "Financial Times", publicado ontem, traz o curso da Wharton, da Universidade da Pensilvânia, no topo (veja acima). Da América Latina, na lista de cem, só um sinal: o mexicano Ipade, em 93º.

DISCO VOADOR
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências, considera "esdrúxulos" os boatos que circularam no mercado na semana passada a respeito da saúde de bancos brasileiros, depois da MP 443. "São tão absurdos que me levam a crer que as pessoas também podem acreditar em disco voador e em equilíbrio da Previdência." Os balanços dos bancos divulgados nos últimos dias parecem ter dissipado esses boatos. Sobre a reunião do Copom amanhã, Loyola também aposta em uma parada técnica. "Subir o juro agora seria contraproducente."

ANTECIPADA
A próxima reunião do CDES, o Conselhão, prevista para 27 de novembro, foi antecipada para o início do mês. Na ocasião, o presidente Lula, Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central) discutirão com os conselheiros a direção da crise financeira e as possíveis medidas do governo para enfrentá-la.

TRÊS EM UM
O Banco do Brasil lança o primeiro cartão que une as funções crédito, débito e traz armazenado o certificado digital ICP-Brasil. Os primeiros cartões com a tecnologia serão os novos Ourocard Empresarial Comércio Exterior (Mastercard) e o cartão de pagamento do governo federal (Visa).

EMBALAGEM
Bernardo Gradin, presidente da Braskem, que esteve no Japão para a BioJapan, um dos principais eventos de produtos com origem em matéria-prima renovável, fechou parceria com a Shiseido, de cosméticos, para fornecimento de resinas para embalagem. A Braskem também fez acordo para fornecimento de plástico verde, de 50 mil toneladas ao ano, com a Toyota neste mês.

NA CABEÇA
O Prêmio Folha Top of Mind, principal prêmio de consciência de marca do Brasil, anuncia hoje as marcas mais lembradas pelo consumidor brasileiro neste ano. A cerimônia será realizada a partir das 19h30, no HSBC Brasil, em SP.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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