São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Bradesco lucra R$ 1,9 bi com ajuda do crédito

Ainda com demanda aquecida, banco registra alta de 3,2% no resultado do 3º tri em relação ao mesmo período de 2007

Na comparação com o 2º tri, no entanto, houve um recuo de 4,6%, devido ao efeito da crise sobre os ganhos de tesouraria da instituição

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O balanço do terceiro trimestre mostrou que o Bradesco tem suportado bem a crise. Ao menos até setembro. O lucro do banco acumulado entre julho e setembro alcançou R$ 1,91 bilhão, com a carteira de crédito ainda aquecida. Em relação ao mesmo período de 2007, houve uma alta de 3,24%. No acumulado de 2008, até setembro, o Bradesco já conseguiu lucro líquido de R$ 6,015 bilhões.
Por enquanto, a crise não afetou de forma relevante o balanço dos grandes bancos privados nacionais, ainda apoiados na expansão do crédito. O Itaú divulgou ontem que teve lucro de R$ 1,8 bilhão no 3º trimestre. O Unibanco lucrou R$ 704 milhões no período.
O resultado do Bradesco não foi maior devido ao efeito da crise sobre os ganhos de tesouraria da instituição. A variação exagerada das taxas praticadas no mercado nas últimas semanas depreciou os títulos públicos prefixados. Para o banco, houve impacto negativo de R$ 475 milhões. Mas esse impacto apenas se tornaria prejuízo se a instituição financeira tivesse se desfeito desses papéis depreciados, o que não ocorreu.
Na comparação entre o terceiro e o segundo trimestres deste ano, houve recuo de 4,6% no lucro do banco.
Já a carteira de crédito se manteve em forte expansão. Em 12 meses, a carteira do banco se expandiu 40,8%, alcançando inéditos R$ 197,25 bilhões. No trimestre, a alta foi de 8,6%. Para o próximo ano, o banco avalia que, se a economia crescer em torno de 3%, o crédito pode se expandir aproximadamente 20%.
Todavia, nem todos os segmentos da carteira de crédito mantiveram expansão similar. No caso dos financiamentos de veículos, houve recuo de 1,1% no trimestre. O mesmo ocorreu com o empréstimo consignado, que diminuiu 0,4%. Um dos segmentos de crédito que mais destaque tiveram no trimestre foi o de capital de giro a empresas, que subiu 15,1%.
Atento ao menor ritmo que os empréstimos podem ter daqui para a frente, o banco tem buscado oportunidades de adquirir carteiras de outras instituições -ação incentivada com as medidas que o BC têm tomado. "O efeito das medidas do BC serão sentidas nos próximos trimestres", afirmou Márcio Cypriano, presidente do Bradesco. Com cerca de R$ 6 bilhões liberados pelo compulsório para fazer aquisições de carteiras, o Bradesco já recebeu das instituições de menor porte mais de R$ 10,7 bilhões em ofertas. Até ontem, havia adquirido R$ 1,5 bilhão em carteiras de seis instituições e esperava fechar nos próximos dias outro R$ 1,48 bilhão.
No balanço, o Bradesco mostrou que não tem operações de derivativos cambiais do tipo que causou perdas para empresas como Aracruz e Sadia.
Segundo Cypriano, o banco não quis montar essas operações de alto risco, que chamou de "derivativos exóticos". "Essas operações foram trazidas a nós pela área de produtos, mas o risco não compensava. Quando não entendo uma operação, eu não faço", disse Cypriano.
Em um primeiro momento, o mercado reagiu bem ao resultado, e as ações PN do Bradesco chegaram a se apreciar 3,49%. Mas, com a Bolsa derretendo no fim do dia, os investidores preferiram embolsar o lucro, e a ação caiu 4,34%. No ano, o papel tem perdas de 48%.


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