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Bradesco lucra R$ 1,9 bi com ajuda do crédito
Ainda com demanda aquecida, banco registra alta de 3,2% no resultado do 3º tri em relação ao mesmo período de 2007
Na comparação com o 2º tri, no entanto, houve um recuo de 4,6%, devido ao efeito da crise sobre os ganhos de tesouraria da instituição
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O balanço do terceiro trimestre mostrou que o Bradesco
tem suportado bem a crise. Ao
menos até setembro. O lucro do
banco acumulado entre julho e
setembro alcançou R$ 1,91 bilhão, com a carteira de crédito
ainda aquecida. Em relação ao
mesmo período de 2007, houve
uma alta de 3,24%. No acumulado de 2008, até setembro, o
Bradesco já conseguiu lucro líquido de R$ 6,015 bilhões.
Por enquanto, a crise não afetou de forma relevante o balanço dos grandes bancos privados
nacionais, ainda apoiados na
expansão do crédito. O Itaú divulgou ontem que teve lucro de
R$ 1,8 bilhão no 3º trimestre. O
Unibanco lucrou R$ 704 milhões no período.
O resultado do Bradesco não
foi maior devido ao efeito da
crise sobre os ganhos de tesouraria da instituição. A variação
exagerada das taxas praticadas
no mercado nas últimas semanas depreciou os títulos públicos prefixados. Para o banco,
houve impacto negativo de R$
475 milhões. Mas esse impacto
apenas se tornaria prejuízo se a
instituição financeira tivesse se
desfeito desses papéis depreciados, o que não ocorreu.
Na comparação entre o terceiro e o segundo trimestres
deste ano, houve recuo de 4,6%
no lucro do banco.
Já a carteira de crédito se
manteve em forte expansão.
Em 12 meses, a carteira do banco se expandiu 40,8%, alcançando inéditos R$ 197,25 bilhões. No trimestre, a alta foi de
8,6%. Para o próximo ano, o
banco avalia que, se a economia
crescer em torno de 3%, o crédito pode se expandir aproximadamente 20%.
Todavia, nem todos os segmentos da carteira de crédito
mantiveram expansão similar.
No caso dos financiamentos de
veículos, houve recuo de 1,1%
no trimestre. O mesmo ocorreu
com o empréstimo consignado,
que diminuiu 0,4%. Um dos
segmentos de crédito que mais
destaque tiveram no trimestre
foi o de capital de giro a empresas, que subiu 15,1%.
Atento ao menor ritmo que
os empréstimos podem ter daqui para a frente, o banco tem
buscado oportunidades de adquirir carteiras de outras instituições -ação incentivada com
as medidas que o BC têm tomado. "O efeito das medidas do BC
serão sentidas nos próximos
trimestres", afirmou Márcio
Cypriano, presidente do Bradesco. Com cerca de R$ 6 bilhões liberados pelo compulsório para fazer aquisições de carteiras, o Bradesco já recebeu
das instituições de menor porte
mais de R$ 10,7 bilhões em
ofertas. Até ontem, havia adquirido R$ 1,5 bilhão em carteiras de seis instituições e esperava fechar nos próximos dias
outro R$ 1,48 bilhão.
No balanço, o Bradesco mostrou que não tem operações de
derivativos cambiais do tipo
que causou perdas para empresas como Aracruz e Sadia.
Segundo Cypriano, o banco
não quis montar essas operações de alto risco, que chamou
de "derivativos exóticos". "Essas operações foram trazidas a
nós pela área de produtos, mas
o risco não compensava. Quando não entendo uma operação,
eu não faço", disse Cypriano.
Em um primeiro momento, o
mercado reagiu bem ao resultado, e as ações PN do Bradesco
chegaram a se apreciar 3,49%.
Mas, com a Bolsa derretendo
no fim do dia, os investidores
preferiram embolsar o lucro, e
a ação caiu 4,34%. No ano, o papel tem perdas de 48%.
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