EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na expectativa de ao menos se aproximar das marcas da safra passada, mesmo diante das dificuldades de crédito causadas pela crise financeira, os produtores rurais fazem previsões pessimistas para a safra seguinte, a partir de meados do ano que vem. Alguns já falam que o período 2009/2010 será o início de um novo ciclo de endividamento.
Diferentes fatores levam à avaliação, como o custo da produção (elevado pelos insumos, em especial), o dólar valorizado, a diminuição da margem de lucro e a queda no preço das commodities.
Para o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), as entidades ruralistas "têm que parar de chutar", pois não possuem instrumentos para tais projeções. "Não tem capacidade e instrumentos para fazer esse tipo de previsão. Tem que parar de chutar. Esse pessimismo é extremamente temerário", disse o ministro, em referência à CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
A atual safra (2008/ 2009) tende a ser pouco afetada pela crise, iniciada num momento de plantio e posterior à compra de insumos. Os poucos atingidos, segundo o governo e os produtores, são os que deixaram para comprar adubos em cima da hora. Nesse caso, pagaram mais ou optaram por plantar numa mesma área com menos tecnologia, o que pode diminuir a produção.
O governo fala numa safra 2008/2009 igual à de 2007/2008, enquanto a CNA prevê queda de pelo menos 5% na produção.
"O cenário para a próxima safra [a de 2009/2010] é um grande ponto de interrogação, que vai absorver todo esse atual cenário, aumento do custo, queda dos preços, falta de crédito", afirma o dirigente da CNA José Mário Schreiner.


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