São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Negociação da Santelisa Vale envolveu até ameaça de morte

"Houve até ameaça de morte de dia, mas, no final, tudo foi acertado." Assim uma fonte presente à mesa de negociações resumiu o clima ao término das negociações que culminaram na venda do controle da Santelisa Vale ao grupo francês LDC (Louis Dreyfus Commodities).
Com os ativos da empresa que unira as famílias Biagi e Junqueira Franco, nasce a LDC-SEV. Dreyfus ficou com 60% da companhia, que será a segunda maior no mundo em açúcar, etanol e bioenergia.
Na assembleia que começou na segunda-feira, pela manhã, e se estendeu o dia todo, na sede da Santelisa Vale, em Sertãozinho (SP), houve divergência até a última hora. "Foi um final muito tenso", disse a fonte.
Anteontem era o prazo máximo para as partes se acertarem, depois de a assinatura ter sido adiada dias atrás.
Na parte da tarde, enquanto alguns membros das famílias já tinham deixado a sala de negociações por terem firmado sua posição, outros familiares quase desistiram de fechar o acordo com o LDC.
"Casamento arranjado, às vezes, não é tão feliz", comentou uma pessoa que acompanhou o desenrolar do negócio.
As famílias queixaram-se da forma com que os executivos do grupo francês conduziram o processo, segundo quem presenciou as conversas.
"Os executivos eram complicados... deixaram o pessoal muito bravo e nervoso. Teve mesmo até ameaça de morte", afirmou a fonte.
A Santelisa, cujas terras estão na família Biagi há três gerações, tinha dívidas de cerca de R$ 3 bilhões, decorrentes da fusão com a Vale do Rosário, além de outras cinco usinas.
Do prejuízo de R$ 1,2 bilhão que consta do último balanço da Santelisa Vale, acredita-se que aproximadamente um terço decorresse de derivativos cambiais, que, de resto, foram amplamente contratados por executivos do setor em 2008.

BOLSA E COLEIRA
O Grupo Osklen assumiu neste ano a gestão da marca de acessórios femininos New Order, que soma 31 lojas no país. Parte da equipe de criação da Osklen foi transferida para a grife, que também terá sua estratégia de marketing reformulada. Em 2010, a New Order vai apresentar uma coleção com o conceito de acessórios para animais de estimação no Fashion Rio de inverno, segundo Oskar Metsavaht, sócio-fundador da Osklen. A meta é abrir mais 50 franquias da New Order no período de três a cinco anos.

CÂMBIO EXPORTAÇÃO
Uma lista com sugestões para conter a valorização do real será encaminhada nesta semana ao ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, pela Abracex (associação dos exportadores). Entre as propostas, estão a criação de um dólar exportação, a flexibilização do envio de remessas de brasileiros para o exterior e a criação de um prazo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país. "A taxação do capital externo não é suficiente para segurar o câmbio. É preciso editar um pacote de medidas", diz Roberto Segatto, presidente da entidade.

PAPEL
Um anúncio do Banco do Brasil veiculado em setembro em comemoração do Dia da Árvore gerou uma reação dos fabricantes de papel que participaram ontem do 42º Congresso e Exposição Internacional da ABTCP (Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel). A campanha do BB dizia que evitar o consumo de papel faz a diferença para preservar a mata nativa. A Bracelpa (associação dos fabricantes) argumenta que a informação está errada, pois 100% do papel brasileiro provém de florestas plantadas. O banco não quis comentar a questão.

DESPEJADOS
O número de ações de despejo por inadimplência cresceu 1,45% na capital paulista em setembro, quando foram registrados 1.815 processos, segundo levantamento do Grupo Hubert. Nos nove primeiros meses do ano, 15.557 ações do tipo foram requeridas em São Paulo, 10,9% mais que no mesmo período de 2008. O Grupo Hubert afirma que o aumento do preço dos alugueis de imóveis na cidade motiva os proprietários a pedirem o despejo de inquilinos inadimplentes.

PONTUAL
Christophe Maincourt, presidente da joalheria Cartier para América Latina e Caribe, desembarcou ontem no Brasil para lançar no país as peças próprias de alta relojoaria que a marca começou a produzir. Trata-se dos mesmos modelos clássicos da Cartier, mas em versão com mecanismos que dão o máximo de precisão possível ao relógio e os tornam mais robustos. Os relógios possuem o Selo de Genebra, que atesta a qualidade dos produtos. O mercado brasileiro recebeu nove peças, três delas já foram vendidas. A mais barata custa R$ 90 mil. No Brasil, o público de colecionadores de alta relojoaria aumentou muito nos últimos dois anos, de acordo com Maincourt.

MAIS LEMBRADAS
O Prêmio Folha Top of Mind anuncia hoje as marcas mais lembradas pelos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha feita em todo o país. A cerimônia, considerada a principal premiação de lembrança de marca do Brasil, será realizada a partir das 19h30, no HSBC Brasil (zona sul de São Paulo). A revista Folha Top of Mind 2009, com o resultado completo da pesquisa, que comemora 19 anos, circula gratuitamente junto com a edição da Folha de amanhã.

CADE
A perspectiva de solução para o caso BRF (Brasil Foods) no Cade não é muito animadora, segundo analistas de mercado. Um novo relator do órgão foi apontado para acompanhar a incorporação de Sadia e Perdigão. A decisão não deve sair ainda neste ano. "Esperar isso seria otimista demais", disse um analista. As duas companhias seguem, por ora, separadas. Apenas no mercado internacional a BRF teve autorização para unir as operações. As vantagens pela atuação conjunta são estimadas entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões, segundo fontes de corretoras.

NA ESCOLA
A Vale assina hoje, na Suíça, um memorando de entendimento com a École Polytechnique Fédérale de Lausanne e com a USP para realizar estudos estruturais de pontes e estradas de Ferro Carajás e Vitória a Minas.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI



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