|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
PMDB e PTB, aliados de FHC, rejeitam alteração da lei trabalhista; esquerda manobrou debates até minar governistas
Sem apoio, governo foge da votação da CLT
DENISE MADUEÑO
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo foi derrotado na madrugada de hoje em mais uma
tentativa de votar o projeto que altera a CLT (Consolidação das Leis
do Trabalho) na Câmara dos Deputados.
Com medo de que o projeto fosse rejeitado, os governistas obstruíram a votação, encerrando a
sessão à 0h55. Por volta das
23h30, o placar registrava 462 deputados no plenário, mas os governistas não tinham segurança
de que todos votariam. Acreditavam que muitos deputados já haviam deixado a Casa. Para aprovar o projeto, é necessária maioria
simples dos presentes.
Na semana passada, a votação já
havia sido adiada no plenário.
O PMDB e o PTB, partidos da
base aliada, defenderam voto
contrário ao projeto. Líderes governistas avaliam em reunião hoje
se colocam o projeto em pauta
novamente.
Tumulto
A sessão de ontem à noite foi
marcada por tumulto, protestos,
xingamentos no plenário, um forte esquema de segurança e pressões do governo.
O deputado Paulo Paim (PT-RS), em protesto contra o projeto,
rasgou uma página da Constituição e poderá ser processado por
falta de decoro parlamentar.
A sessão para a votação da proposta foi precedida de uma operação do governo para garantir votos favoráveis. O ministro Arthur
Virgílio (Secretaria Geral da Presidência) tentou convencer os
peemedebistas a votar via governadores do partido. Telefonou
para os governadores Joaquim
Roriz (DF), Garibaldi Alves Filho
(RN) e José Maranhão (PB).
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), tentou evitar a
votação com um mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal), mas a liminar foi negada por Néri da Silveira.
Se aprovado na Câmara, o projeto terá de ser votado no Senado,
onde o governo poderá encontrar
dificuldade, caso o PMDB mantenha a posição contrária ao projeto. No Senado, o PMDB e a oposição somam 43 votos, formando a
maioria na Casa, que tem 81 senadores.
O texto prevê que a negociação
entre patrões e sindicatos de empregados prevalece sobre o disposto na CLT, desde que não contrarie a Constituição, as legislações tributária, previdenciária e
do FGTS, além das normas de segurança e saúde do trabalhador.
Na prática, isso permitirá que
sejam negociados direitos estabelecidos na Constituição e regulamentados na CLT, como férias,
13º salário, hora extra e descanso
semanal remunerado.
Durante a sessão, governistas
ainda tentavam mudar o texto do
projeto. A proposta previa a participação das centrais sindicais nas
negociações trabalhistas.
Verbas
Na última segunda-feira, dia anterior à votação do projeto, a Sedu
(Secretaria de Desenvolvimento
Urbano) realizou empenhos (reservas de recursos) no valor de R$
15,6 milhões para atender a emendas de parlamentares. O dinheiro
será destinado a obras de infra-estrutura urbana e saneamento.
Nos últimos oito dias úteis, a Sedu havia feito empenhos no valor
total de R$ 2,2 milhões, concentrados nos dias 21, 22 e 23, justamente quando se acirrou o debate
sobre o projeto. Somente no início do mês, dia 8, haviam sido feitos empenhos em valores expressivos, num total de R$ 27 milhões.
A resistência dos governistas
em votar a favor do projeto parte
de argumentos diversos. Há casos
de deputados que têm suas bases
em cidades industriais e terão de
enfrentar a crítica dos sindicatos,
como os tucanos Custódio Mattos
(MG) e Vicente Caropreso (SC).
Outros estão se alinhando com a
oposição nas disputas estaduais,
como a deputada Fátima Pelaes
(PSDB-AP).
Colaboraram Lúcio Vaz, Luiza Damé e
Kennedy Alencar, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frase Índice
|