São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2001

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FMI propõe "concordata" de países

DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) começa em dezembro a desenvolver um sistema internacional para permitir a governos de países em dificuldade que peçam uma espécie de "concordata" (ou proteção) para evitar a moratória quando não puderem mais pagar suas dívidas.
Ao menos publicamente, a proposta visa dar a governos os mesmos benefícios que empresas têm hoje em muitos países (inclusive o Brasil) para evitar a falência.
Segundo a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, o FMI quer consertar uma falha no sistema financeiro que não estaria permitindo aos países em crise resolver o problema de suas dívidas de forma rápida e organizada.
Krueger disse que o estudo vai levar anos para ser concluído. Portanto países atualmente em crise, como a Argentina, não seriam beneficiados. Mesmo assim, a situação da Argentina, país que está próximo de dar um calote em parte de sua dívida de US$ 132 bilhões, permeou o anúncio feito por Krueger no Clube Nacional de Economistas.
Krueger disse que, se o mecanismo estivesse funcionando, a Argentina poderia tê-lo usado sem que o Fundo tivesse sido obrigado a dar ao país os US$ 8 bilhões adicionais anunciados em agosto.
"Qual é o incentivo para um país devedor? É evitar (...) o que a Argentina está passando agora."
O plano, que começará a ser discutido pelo conselho do FMI em dezembro, faria do Fundo o órgão responsável por gerenciar o sistema. Com base nos poucos detalhes divulgados por Krueger, caberia ao Fundo decidir quais países conseguiriam a proteção.
Krueger descreveu quatro objetivos básicos que irão guiar os estudos: impedir que credores isolados rompam negociações com um determinado governo devedor e decidam processá-lo individualmente; obrigar os países devedores a dar tratamento equitativo a todos os credores e exigir políticas econômicas fortes; encorajar os credores a manter os empréstimos e investimentos nos países em dificuldade; criar uma forma pela qual a maioria de credores de um determinado governo consiga impor ao resto dos credores um acordo global de reestruturação de dívidas.




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