São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003


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Palocci "esconde" nova política industrial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os industriais reunidos ontem na CNI (Confederação Nacional da Indústria) cobraram do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, os detalhes da política industrial que será implementada pelo governo.
Para frustração dos empresários, o ministro, que participou pela primeira vez do Fórum Nacional das Indústrias, não revelou nem os instrumentos nem o volume de recursos disponível para estimular a produção. Palocci ouviu ainda pedidos para redução dos juros.
Anteontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, divulgou o documento "Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior", com um diagnóstico genérico sobre os desafios que precisam ser vencidos para modernizar a indústria.
A falta dos detalhes sobre o projeto impede os industriais de avaliar se o programa de estímulo à produção do governo será eficiente. "Do ponto de vista industrial, é preciso descer às particularidades que ainda não estão definidas", disse o presidente da Febrafarma (Federação Brasileiras da Indústria Farmacêutica), Ciro Mortella.
Já o presidente da Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação), Edmundo Klotz, não viu novidades na reunião com o ministro. "Ele falou o que já sabíamos -que a perspectiva é que o mercado internacional continue colocando empecilhos para a exportação de commodities."
A ansiedade dos empresários para saber mais sobre o assunto não impediu que o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), ressaltasse um ponto positivo do texto apresentado: o fato de ele ter sido assinado por uma série de ministérios.
"[O documento] representa uma visão homogênea do governo. Nos inquietavam muito os sinais que eram emitidos de diferentes áreas do governo e que nem sempre vinham na mesma direção", disse Monteiro.
A Fazenda, tradicionalmente, é menos propensa a conceder incentivos públicos ao setor privado devido ao impacto sobre as contas públicas. O principal defensor da política industrial sempre foi Furlan.

Condições criadas
Segundo empresários ouvidos pela Folha, Palocci disse que o governo havia criado as condições macroeconômicas para o crescimento e que agora era hora de as indústrias investirem.
Ouviu dos seus interlocutores, no entanto, que ainda era preciso equacionar o problema do custo e escassez de financiamento para um retomada mais intensa do investimento produtivo.
Como sempre, os industriais cobraram redução dos juros. Palocci enfatizou na sua apresentação que as taxas cobradas pelo mercado não são determinadas só pelos juros do BC, a Selic. Para ele, é preciso um programa de redução do "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados nos empréstimos).
O ministro reconhece que 2003 foi um ano duro, mas apresentou um gráfico para convencer os empresários de que o ajuste possibilitou uma rápida retomada da produção industrial.
(ANDRÉ SOLIANI E ELIANE MENDONÇA)


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