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Palocci "esconde"
nova política
industrial
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os industriais reunidos
ontem na CNI (Confederação Nacional da Indústria)
cobraram do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, os detalhes da política
industrial que será implementada pelo governo.
Para frustração dos empresários, o ministro, que
participou pela primeira vez
do Fórum Nacional das Indústrias, não revelou nem os
instrumentos nem o volume
de recursos disponível para
estimular a produção. Palocci ouviu ainda pedidos para
redução dos juros.
Anteontem, o ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, divulgou o
documento "Diretrizes de
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior", com um diagnóstico
genérico sobre os desafios
que precisam ser vencidos
para modernizar a indústria.
A falta dos detalhes sobre o
projeto impede os industriais de avaliar se o programa de estímulo à produção
do governo será eficiente.
"Do ponto de vista industrial, é preciso descer às particularidades que ainda não
estão definidas", disse o presidente da Febrafarma (Federação Brasileiras da Indústria Farmacêutica), Ciro
Mortella.
Já o presidente da Abia
(Associação Brasileira da Indústria da Alimentação),
Edmundo Klotz, não viu novidades na reunião com o
ministro. "Ele falou o que já
sabíamos -que a perspectiva é que o mercado internacional continue colocando
empecilhos para a exportação de commodities."
A ansiedade dos empresários para saber mais sobre o
assunto não impediu que o
presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto
(PTB-PE), ressaltasse um
ponto positivo do texto
apresentado: o fato de ele ter
sido assinado por uma série
de ministérios.
"[O documento] representa uma visão homogênea do
governo. Nos inquietavam
muito os sinais que eram
emitidos de diferentes áreas
do governo e que nem sempre vinham na mesma direção", disse Monteiro.
A Fazenda, tradicionalmente, é menos propensa a
conceder incentivos públicos ao setor privado devido
ao impacto sobre as contas
públicas. O principal defensor da política industrial
sempre foi Furlan.
Condições criadas
Segundo empresários ouvidos pela Folha, Palocci disse que o governo havia criado as condições macroeconômicas para o crescimento
e que agora era hora de as indústrias investirem.
Ouviu dos seus interlocutores, no entanto, que ainda
era preciso equacionar o
problema do custo e escassez de financiamento para
um retomada mais intensa
do investimento produtivo.
Como sempre, os industriais cobraram redução dos
juros. Palocci enfatizou na
sua apresentação que as taxas cobradas pelo mercado
não são determinadas só pelos juros do BC, a Selic. Para
ele, é preciso um programa
de redução do "spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros
cobrados nos empréstimos).
O ministro reconhece que
2003 foi um ano duro, mas
apresentou um gráfico para
convencer os empresários
de que o ajuste possibilitou
uma rápida retomada da
produção industrial.
(ANDRÉ SOLIANI E ELIANE MENDONÇA)
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