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DESENVOLVIMENTO
Economista do banco diz que Brasil está entrando em "círculo virtuoso" e que pode atingir grau de investimento
Santander vê país mais perto do mundo rico
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
O Santander, 12º maior banco
do mundo em capitalização, está
tão entusiasmado com o Brasil e
com o governo Lula que seu responsável por América Latina,
Francisco Luzón, chega a dizer
que o país "pode estar passando a
uma etapa diferente, a de uma
aproximação mais definitiva a padrões dos países desenvolvidos".
O economista-chefe do banco,
José Juan Ruiz, não deixa por menos: calcula que o Brasil pode seguir a trajetória do México, que,
em apenas três anos depois da
mais recente crise (a do período
94/95), conseguiu o que o jargão
do mercado financeiro chama de
"investment grade". Ou seja, o risco de pôr dinheiro no México é
perto de zero. No Brasil, ainda é
de quase cinco pontos percentuais acima do padrão norte-americano, esse sim risco de fato zero.
Os dois altos funcionários do
Santander faziam parte da comitiva do presidente e patriarca da
instituição, Emílio Botín, que se
reuniu anteontem com um pequeno grupo de jornalistas para
verter otimismo sobre o Brasil.
É bom explicar que Botín, desde
a primeira reunião com Lula,
quando a campanha eleitoral de
2002 apenas esquentava, ficou entusiasmado com o candidato.
Não é, portanto, um recém-convertido quando diz que o Brasil está entrando em um "círculo
virtuoso". Botín prevê crescimento de 4% para 2004, um aumento
de 25% na concessão de créditos a
juros bem mais baixos que os
atuais (8% reais, ou seja, descontada a inflação) e "uma década
muito importante para o Brasil,
pelo que vai acontecer aqui e no
resto do mundo".
É razoável supor que o otimismo incontrolável de Botín e de
seus auxiliares no comando do
Santander se deva ao menos em
parte aos resultados do próprio
banco: o lucro líquido, neste ano,
será de 2,5 bilhões, "o mais alto
da história do grupo".
No Brasil, o desempenho, como
vem sendo a praxe para as instituições financeiras, não ficou
atrás: quando comprou o Banespa, em 2001, a previsão do Santander era obter, em 2003, um lucro
em torno de US$ 750 milhões.
"Ficamos de 10% a 15% acima
dessa cifra", diz hoje o presidente
do grupo, que tem 6 milhões de
clientes no país e espera chegar
aos 7,5 milhões em três anos.
Botín nega que seu otimismo
esteja influenciado pelos bons resultados do grupo. Luzón, o responsável por América Latina, dá
as seguintes explicações para a
aposta no Brasil: "A recuperação
mundial, que será mais ou menos
forte, durará três anos; a da América Latina, que fez o dever de casa
e está mais preparada para o crescimento; e, no próprio Brasil, o fato de, neste ano, terem sido lançadas bases para um crescimento
forte e sustentado".
Ou, talvez, a explicação seja só
uma fé inabalável nos mercados.
"Os mercados são sábios e estão
apostando no Brasil", filosofa Botín, que se arriscou a desde já convidar os mesmos jornalistas para
um novo encontro em novembro
de 2004, quando seu otimismo já
terá sido submetido ao teste da
realidade.
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