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Dólar tem 5º dia de alta e vai a R$ 1,836
Moeda norte-americana acumula uma valorização de 5,7% no mês e chega à maior cotação desde o início de outubro
Investidor estrangeiro aposta menos na apreciação do real; proposta de fundo soberano também favorece pressão sobre o câmbio
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu quinto pregão consecutivo de alta, o dólar alcançou
ontem R$ 1,836, ao obter apreciação de 0,60%. Nessa escalada, a moeda norte-americana já
acumula valorização de 5,70%
diante do real no mês e está em
sua mais elevada cotação desde
3 de outubro.
O mercado de câmbio brasileiro não resistiu à cena internacional mais adversa das últimas semanas, que tem levado
as Bolsas de Valores a sofrerem
perdas consideráveis em novembro. Nas operações que fazem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os investidores estrangeiros têm demonstrado estar cada vez menos confiantes no cenário de
apreciação do real, que se mantinha firme há pouco tempo.
A afirmação do ministro Guido Mantega (Fazenda), de que
o fundo soberano que se estuda
criar não deve ter recursos das
reservas internacionais do país,
mas sim ser levantados com
compra de dólares no mercado,
também favoreceu a pressão no
câmbio -indica que pode haver
aceleração nas compras oficiais
de moeda.
"As declarações recentes do
ministro Mantega colaboraram
para criar mais um ruído em
um mercado ruim. Mas, mesmo que o BC venha a comprar
mais moeda para o fundo soberano, isso sozinho não é fundamental para definir o rumo do
câmbio. Neste ano, o BC já
comprou cerca de US$ 80 bilhões e não elevou o preço do
dólar por isso", avaliou Newton
Rosa, economista-chefe da Sul
América Investimentos.
No ano, o dólar registra depreciação de 14,09% em relação à moeda brasileira.
A mudança de apostas dos estrangeiros para o câmbio pode
ser verificada por meio das chamadas posições vendidas em
dólar. Quanto maior forem, indicam uma confiança mais elevada na depreciação da moeda
americana. Essas posições recuaram de US$ 5,9 bilhões no
começo da semana passada para US$ 1,5 bilhão na segunda-feira na BM&F, o que mostra
que menos investidores esperam por um dólar mais depreciado no futuro.
A pesquisa semanal do BC
feita com o mercado, divulgada
segunda, mostrou que as projeções ainda apontavam para a
expectativa de que o dólar estará em R$ 1,75 no fim do ano.
A estréia das ações da BM&F
no pregão da Bovespa na sexta
favorece o recuo da cotação da
moeda americana, pois se espera que alguns bilhões de dólares
pertencentes a investidores estrangeiros sejam direcionados
à compra do novo papel.
"O que tenho notado nesses
dias é uma diminuição nas expectativas da possibilidade de o
dólar ficar abaixo de R$ 1,70. Se
o Fed [banco central dos EUA]
voltar a reduzir os juros americanos em dezembro, podemos
esperar por uma acalmada no
mercado de câmbio", diz Rosa.
Ontem o BC ignorou a pressão sobre o mercado de câmbio
e adquiriu aproximadamente
US$ 200 milhões no mercado.
O BC também realizou leilão
no qual ofertou contratos pelos
quais receberá a variação futura do dólar. A operação movimentou US$ 1,706 bilhão.
Bolsa de SP
Para a Bovespa, o dia foi de
pequena recuperação. Após alternar momentos de alta (chegou a subir 1,53%) e de baixa
(recuou 1,65% no pior momento), a Bovespa terminou com
ganhos de 0,61%.
O cenário internacional ditou o rumo dos negócios. Nos
Estados Unidos, as Bolsas subiram repercutindo principalmente a notícia de que o Citigroup receberá injeção de recursos, no montante de US$ 7,5
bilhões, do fundo do governo de
Abu Dhabi (veja texto abaixo).
O índice Dow Jones terminou
com alta 1,69%. A Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 1,57%.
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