São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dólar tem 5º dia de alta e vai a R$ 1,836

Moeda norte-americana acumula uma valorização de 5,7% no mês e chega à maior cotação desde o início de outubro

Investidor estrangeiro aposta menos na apreciação do real; proposta de fundo soberano também favorece pressão sobre o câmbio

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu quinto pregão consecutivo de alta, o dólar alcançou ontem R$ 1,836, ao obter apreciação de 0,60%. Nessa escalada, a moeda norte-americana já acumula valorização de 5,70% diante do real no mês e está em sua mais elevada cotação desde 3 de outubro.
O mercado de câmbio brasileiro não resistiu à cena internacional mais adversa das últimas semanas, que tem levado as Bolsas de Valores a sofrerem perdas consideráveis em novembro. Nas operações que fazem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os investidores estrangeiros têm demonstrado estar cada vez menos confiantes no cenário de apreciação do real, que se mantinha firme há pouco tempo.
A afirmação do ministro Guido Mantega (Fazenda), de que o fundo soberano que se estuda criar não deve ter recursos das reservas internacionais do país, mas sim ser levantados com compra de dólares no mercado, também favoreceu a pressão no câmbio -indica que pode haver aceleração nas compras oficiais de moeda.
"As declarações recentes do ministro Mantega colaboraram para criar mais um ruído em um mercado ruim. Mas, mesmo que o BC venha a comprar mais moeda para o fundo soberano, isso sozinho não é fundamental para definir o rumo do câmbio. Neste ano, o BC já comprou cerca de US$ 80 bilhões e não elevou o preço do dólar por isso", avaliou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
No ano, o dólar registra depreciação de 14,09% em relação à moeda brasileira.
A mudança de apostas dos estrangeiros para o câmbio pode ser verificada por meio das chamadas posições vendidas em dólar. Quanto maior forem, indicam uma confiança mais elevada na depreciação da moeda americana. Essas posições recuaram de US$ 5,9 bilhões no começo da semana passada para US$ 1,5 bilhão na segunda-feira na BM&F, o que mostra que menos investidores esperam por um dólar mais depreciado no futuro.
A pesquisa semanal do BC feita com o mercado, divulgada segunda, mostrou que as projeções ainda apontavam para a expectativa de que o dólar estará em R$ 1,75 no fim do ano.
A estréia das ações da BM&F no pregão da Bovespa na sexta favorece o recuo da cotação da moeda americana, pois se espera que alguns bilhões de dólares pertencentes a investidores estrangeiros sejam direcionados à compra do novo papel.
"O que tenho notado nesses dias é uma diminuição nas expectativas da possibilidade de o dólar ficar abaixo de R$ 1,70. Se o Fed [banco central dos EUA] voltar a reduzir os juros americanos em dezembro, podemos esperar por uma acalmada no mercado de câmbio", diz Rosa.
Ontem o BC ignorou a pressão sobre o mercado de câmbio e adquiriu aproximadamente US$ 200 milhões no mercado. O BC também realizou leilão no qual ofertou contratos pelos quais receberá a variação futura do dólar. A operação movimentou US$ 1,706 bilhão.

Bolsa de SP
Para a Bovespa, o dia foi de pequena recuperação. Após alternar momentos de alta (chegou a subir 1,53%) e de baixa (recuou 1,65% no pior momento), a Bovespa terminou com ganhos de 0,61%.
O cenário internacional ditou o rumo dos negócios. Nos Estados Unidos, as Bolsas subiram repercutindo principalmente a notícia de que o Citigroup receberá injeção de recursos, no montante de US$ 7,5 bilhões, do fundo do governo de Abu Dhabi (veja texto abaixo). O índice Dow Jones terminou com alta 1,69%. A Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 1,57%.


Texto Anterior: Alexandre Schwartsman: Uma parábola soberana
Próximo Texto: Em 2008, grau de investimento não deve vir, diz Fitch
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.