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Eletronorte terá parceiro se vencer disputa no Madeira
Estatal buscará sócio para construir hidrelétrica
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Eletronorte não vai construir sozinha a hidrelétrica de
Santo Antônio, no rio Madeira
(RO), caso vença a disputa pela
usina. Em situação financeira
precária, registrando prejuízos
há vários anos, a estatal deverá
buscar um parceiro para a obra.
Pelas regras do leilão, no entanto, o sócio não poderá ser
nenhum dos atuais concorrentes, privados ou estatais: Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Alusa, CPFL
(Companhia Paulista de Força
e Luz), Endesa, Furnas, Chesf e
Eletrosul.
A Folha questionou a Casa
Civil, o Ministério de Minas e
Energia, a Eletrobrás e a própria Eletronorte sobre a motivação para incluir uma estatal
sozinha na disputa da principal
obra de aumento de oferta de
energia do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Apenas a Eletronorte respondeu. Questionada sobre a
estratégia para vencer as dificuldades financeiras e construir a usina, orçada em R$ 9,5
bilhões, a empresa respondeu
que poderá "retomar a formação de parcerias que garantam
os investimentos necessários".
De acordo com as regras da
licitação, caso vença a disputa a
Eletronorte terá até o dia 2 de
janeiro do ano que vem para
apresentar documentação que
valide o resultado da disputa.
Essa é a data limite para que
novos sócios entrem no negócio e forneçam o capital necessário para o investimento. Se
isso não acontecer, a alternativa é o próprio governo capitalizar a estatal.
A situação financeira da Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás que gera energia na região
Norte, é bem complicada. Em
2004, o prejuízo chegou a R$
1,055 bilhão. Caiu para R$ 323
milhões em 2005 e depois voltou a subir para R$ 349 milhões no ano passado.
Decisão
Em resposta por escrito, a
Eletronorte informou que
"apresenta as condições necessárias para participar do leilão"
e que, para a empresa, "participar da construção de uma usina" no mercado da região Norte será uma "honra".
A estatal esclareceu ainda
que a decisão de participar no
leilão de usina no Rio Madeira
foi "técnica" e tomada pelo presidente da empresa, na própria
sexta-feira, último dia para inscrição na licitação.
Sendo controlada pelo Tesouro Nacional, as decisões
empresariais da Eletronorte
são também decisões políticas
do governo federal, que detém
o poder de nomear seu presidente e diretores. Os ministérios da Casa Civil e de Minas e
Energia, instâncias de decisão
política do governo federal, não
quiseram comentar a entrada
da Eletronorte no leilão.
Segundo a Folha apurou, a
entrada da Eletronorte sozinha
na disputa tem como objetivos
garantir que a usina venha a ser
construída, caso não haja a entrega de propostas de outros
concorrentes até sexta-feira, e,
ao mesmo tempo, tentar forçar
a apresentação de propostas
mais competitivas pelos outros
interessados.
A hidrelétrica de Santo Antônio é a principal aposta do governo para o aumento da oferta
de energia no médio prazo.
Com capacidade instalada de
3.150,4 MW (megawatts), a usina deverá começar a gerar
energia no final de 2012, segundo cronograma do governo. No
início, entrarão em operação
apenas duas turbinas, capazes
de gerar 142,8 MW. As demais
42 máquinas vão entrar em
funcionamento até junho de
2016, quando a usina poderá
gerar sua capacidade máxima.
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