São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Eletronorte terá parceiro se vencer disputa no Madeira

Estatal buscará sócio para construir hidrelétrica

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Eletronorte não vai construir sozinha a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), caso vença a disputa pela usina. Em situação financeira precária, registrando prejuízos há vários anos, a estatal deverá buscar um parceiro para a obra.
Pelas regras do leilão, no entanto, o sócio não poderá ser nenhum dos atuais concorrentes, privados ou estatais: Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Alusa, CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), Endesa, Furnas, Chesf e Eletrosul.
A Folha questionou a Casa Civil, o Ministério de Minas e Energia, a Eletrobrás e a própria Eletronorte sobre a motivação para incluir uma estatal sozinha na disputa da principal obra de aumento de oferta de energia do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Apenas a Eletronorte respondeu. Questionada sobre a estratégia para vencer as dificuldades financeiras e construir a usina, orçada em R$ 9,5 bilhões, a empresa respondeu que poderá "retomar a formação de parcerias que garantam os investimentos necessários".
De acordo com as regras da licitação, caso vença a disputa a Eletronorte terá até o dia 2 de janeiro do ano que vem para apresentar documentação que valide o resultado da disputa. Essa é a data limite para que novos sócios entrem no negócio e forneçam o capital necessário para o investimento. Se isso não acontecer, a alternativa é o próprio governo capitalizar a estatal.
A situação financeira da Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás que gera energia na região Norte, é bem complicada. Em 2004, o prejuízo chegou a R$ 1,055 bilhão. Caiu para R$ 323 milhões em 2005 e depois voltou a subir para R$ 349 milhões no ano passado.

Decisão
Em resposta por escrito, a Eletronorte informou que "apresenta as condições necessárias para participar do leilão" e que, para a empresa, "participar da construção de uma usina" no mercado da região Norte será uma "honra".
A estatal esclareceu ainda que a decisão de participar no leilão de usina no Rio Madeira foi "técnica" e tomada pelo presidente da empresa, na própria sexta-feira, último dia para inscrição na licitação.
Sendo controlada pelo Tesouro Nacional, as decisões empresariais da Eletronorte são também decisões políticas do governo federal, que detém o poder de nomear seu presidente e diretores. Os ministérios da Casa Civil e de Minas e Energia, instâncias de decisão política do governo federal, não quiseram comentar a entrada da Eletronorte no leilão.
Segundo a Folha apurou, a entrada da Eletronorte sozinha na disputa tem como objetivos garantir que a usina venha a ser construída, caso não haja a entrega de propostas de outros concorrentes até sexta-feira, e, ao mesmo tempo, tentar forçar a apresentação de propostas mais competitivas pelos outros interessados.
A hidrelétrica de Santo Antônio é a principal aposta do governo para o aumento da oferta de energia no médio prazo. Com capacidade instalada de 3.150,4 MW (megawatts), a usina deverá começar a gerar energia no final de 2012, segundo cronograma do governo. No início, entrarão em operação apenas duas turbinas, capazes de gerar 142,8 MW. As demais 42 máquinas vão entrar em funcionamento até junho de 2016, quando a usina poderá gerar sua capacidade máxima.


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