São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Wal-Mart e Amazon declaram guerra

Gigante do varejo e rede virtual disputam preços em batalha que sinalizará melhor modelo de negócio

Compras on-line respondem hoje por apenas 4% do total de vendas nos EUA, mas índice cresce rapidamente e preocupa lojas tradicionais

Ken James - 12.dez.2004/Bloomberg News
Funcionário transporta produtos em armazém da Amazon.com, cujas vendas subiram 24% no 3º trimestre

DO "NEW YORK TIMES"

O Wal-Mart, o mais poderoso gigante da história do varejo, pode enfim ter encontrado um adversário à sua altura: a Amazon.com.
No que vem emergindo como uma das principais histórias na temporada natalina pós-recessão de 2009, os dois pesos pesados do varejo estão travando uma guerra de preços on-line que está se espalhando a todas as áreas de produtos, tais como livros, filmes, brinquedos e bens eletrônicos.
A disputa começou no mês passado como uma troca relativamente trivial de alegações sobre qual das duas empresas oferecia os menores preços para os lançamentos de livros e DVDs mais aguardados da temporada. Mas na semana passada a disputa havia se expandido a consoles de videogames, celulares e até mesmo ao modesto Easy-Bake Oven, um brinquedo criado há 45 anos pela Hasbro e que serve em geral para aquecer bolinhos, e não tensões entre empresas bilionárias.
Na quarta, a Wal-Mart reduziu o preço do forno de US$ 28 para US$ 17, como parte de suas ofertas especiais para a "Sexta-Feira Negra", o dia de alto movimento no comércio que se segue ao feriado de Ação de Graças. No mesmo dia, a Amazon.com também anunciou um corte de preços, dos mesmos US$ 28 para US$ 18.
"Não se trata mais de uma questão de preços de livros e filmes. Existe uma batalha maior em curso", disse Fiona Dias, vice-presidente-executiva da GSI Commerce, que administra sites para grandes redes de varejo. "O ataque iniciado pela Wal-Mart quanto aos preços é parte de um plano estratégico muito mais amplo. Eles não pretendem entregar seu negócio à Amazon.com."
O varejo está lutando dólar a dólar pelo dinheiro que os consumidores gastarão nesta temporada de festas. As vendas não devem cair tanto quanto no ano passado, mas a Federação Nacional do Varejo prevê que elas ainda assim registrarão declínio, da ordem de 1%, para US$ 437,6 bilhões.
Evidentemente, Wal-Mart e Amazon.com são empresas fundamentalmente diferentes e, pelo menos por enquanto, a Amazon não é ameaça imediata à gigante do varejo físico, sediada em Bentonville, Arkansas.
A Wal-Mart, com vendas de US$ 405 bilhões no ano passado, domina o mercado ao oferecer preços acessíveis aos consumidores médios norte-americanos, nas 4.000 lojas de sua rede. A Amazon.com não passa de um barco de turismo diante do transatlântico da Wal-Mart, com vendas de US$ 20 bilhões, em geral para cidadãos urbanos afluentes que preferem fazer compras com um mouse a fazê-las num supermercado.

Futuro
A disputa, portanto, gira em torno do futuro. A rápida expansão de ambas as empresas, bem como as profundas mudanças na paisagem do setor de tecnologia, agora tornam inevitável um confronto direto.
Ainda que as compras on-line respondam por apenas 4% do total de vendas do varejo norte-americano, essa porcentagem vem crescendo rapidamente. O comércio eletrônico não sofreu tanto quanto o comércio convencional durante o período de crise econômica e está se recuperando mais rápido do que o varejo físico. As pessoas agora também fazem compras de seus televisores de alta definição e de seus celulares inteligentes.
A Amazon.com, sediada em Seattle, conseguiu aproveitar todas essas tendências, e também começou a se comportar mais como uma companhia tradicional de varejo.
Neste final de ano, ela expandiu seu programa de marcas e ampliou o número de cabos de som, vídeo e outros itens que estão sendo vendidos sob a sua marca. Além disso, a companhia introduziu um serviço de entregas no mesmo dia em sete cidades dos Estados Unidos, em um esforço para reproduzir a sensação de gratificação instantânea oferecida pelas compras físicas.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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