São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Estatais lideram leilão de linhas de transmissão

SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passado o pior da crise, não faltou disposição do setor privado no leilão promovido pelo governo para a construção de 11 linhas de transmissão em 8 Estados: 11 empresas se habilitaram. Mas a estrela do evento foi a estatal Eletrobrás. Três de suas subsidiárias levaram 6 dos 8 projetos, com investimentos previstos de R$ 1,3 bilhão.
Em média, as ofertas ficaram 28,43% abaixo dos preços limite fixados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para que cada empresa fature anualmente em cada projeto.
Dona da linha de transmissão que entrou em colapso no apagão do último dia 10, entre Paraná e São Paulo, Furnas arrematou três projetos, nos Estados de Goiás, Espírito Santo e Minas Gerais. Em dois deles, Furnas entrou com dois outros sócios privados e ficará com 49% dos empreendimentos.
A Companhia Hidrelétrica do São Francisco arrematou, por sua vez, outros dois projetos, em linhas que atravessarão Maranhão, Ceará e Bahia. Em um deles, terá sócio privado e ficará com a participação minoritária, de 49%. No Norte, a Eletronorte se comprometeu a construir uma linha de transmissão no Amazonas, sozinha.
Para o presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Nelson Hubner, a maior presença das estatais é explicada pela existência de outras linhas de transmissão administradas por elas nas regiões onde passarão os novos projetos. "Foi um leilão com lotes pequenos e dentro da área de atuação de estatais federais. Por isso, elas têm condição de dar deságios maiores porque agregam ao resto da rede. O custo delas com a operação é menor, o que lhes dá mais competitividade."
As novas linhas -conjunto de cabos e torres- devem entrar em funcionamento em até dois anos. A construção das linhas é planejada pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) -instituições que atuam sob influência do governo. Os leilões de novas linhas são realizados anualmente.
Os projetos se fazem necessários à medida que novas usinas entram em operação pelo país, também planejadas pelo governo. São as linhas de transmissão que percorrem grandes distâncias pelo país levando a energia produzida nas usinas aos centros consumidores.
Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, Nivalde de Castro, a tendência é que a malha de linhas de transmissão seja cada vez mais visível no céu do país. "As usinas hidrelétricas são construídas cada vez mais distantes dos centros de consumo, porque não há mais fontes próximas a esses locais. Para trazer essa energia, são necessárias mais redes." As linhas ofertadas não têm relação com a região afetada pelo apagão de duas semanas atrás. De qualquer forma, explica Castro, aumentam a segurança do sistema elétrico brasileiro.


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