São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aneel exige mais gás da Petrobras em 2008

Testes indicam que as termelétricas não terão combustível para a geração prevista

Estatal assinará termo de ajustamento de conduta no qual promete elevar a oferta do produto; em 2007, há risco de falta de energia

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras deverá assinar termo de ajuste de conduta com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) se comprometendo a aumentar o fornecimento de gás natural para termelétricas a partir de 2008.
Para o ano que vem, no entanto, o país terá de deixar de contar com pouco mais de 3.000 MW (megawatts) médios. Essa energia estava teoricamente disponível em usinas termelétricas, mas testes revelaram não haver gás suficiente para a geração.
Entre os últimos dias 11 e 22, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) determinou que 13 usinas termelétricas gerassem energia em sua capacidade máxima. Juntas, as usinas deveriam ter providenciado 4.486 MW médios, mas só conseguiram entregar 2.131 MW médios -déficit de 2.715 MW médios.
Considerando usinas que não foram testadas, mas que também não têm gás, a quantidade de energia que deixará de ser contabilizada no sistema sobe para 3.015 MW médios.

Novos testes
No final de novembro, a Aneel já havia determinado, com base na observação da geração efetiva das usinas em outubro, que 2.888 MW médios fossem retirados do sistema.
A decisão da agência leva a um aumento do preço da energia no mercado de curto prazo (onde grandes consumidores, como indústrias, compram energia) e a uma percepção de risco de falta de energia maior para o ano que vem.
Pressionado por grandes consumidores, que vinham comprando energia barata no mercado de curto prazo a preços baixos e passaram a ter dificuldades para fechar novos contratos, o governo decidiu fazer novos testes, na expectativa de obter um resultado melhor.
"Os resultados foram muito semelhantes aos que foram observados em outubro", disse Jerson Kelman, diretor-geral da Aneel.
Ele explicou que o ONS irá retirar a energia que não pode ser gerada por falta de gás da programação para o mês de janeiro. Para os próximos anos, Kelman esclarece que a agência poderá levar em conta documento que será entregue pela Petrobras informando dos esforços que serão feitos pela estatal para entregar mais gás a partir de 2008.
"Esse documento é o início de um termo de ajuste de conduta que será assinado entre a Petrobras e a Aneel para garantir o fornecimento de gás", informou Kelman.
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a Petrobras informou que enviou ontem à Aneel uma carta com cronograma de oferta de gás no período 2007-2011.
Para o ano que vem, no entanto, o risco de falta de energia será mesmo maior. Projeções da consultoria PSR mostram que o risco de falta de energia na região Sudeste no próximo ano subiria de 2,5% para 9,8% com a retirada de 2.600 MW médios do sistema.
O risco deverá ser ainda maior se houver a retirada de aproximadamente 3.000 MW médios, como previsto.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: O desastre da oposição ao governo
Próximo Texto: Estatal disputa com indústria, usina e agência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.