São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2004

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MOVIMENTO DA ÁGUIA

Mercado vê mudança de texto como alta mais próxima

Sem surpresa, Fed deixa juro em 1%

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

O Fed (banco central dos EUA) decidiu ontem manter inalterada a sua taxa básica de juros em 1%. A taxa permanece nesse nível, o mais baixo das últimas quatro décadas, desde junho de 2003.
"O comitê continua a acreditar que a acomodação da postura da política monetária, casada com um fundamento robusto do crescimento na produtividade, está oferecendo um importante apoio para a atividade econômica", diz comunicado do Fed.
Em todo o mercado, a manutenção da taxa não causou surpresa. Uma sutileza semântica na linguagem do banco, entretanto, provocou alguma ressonância.
No último pronunciamento, em dezembro, o Fed afirmou que tinha a intenção de manter a taxa nesse patamar por um "período considerável". Dessa vez, a nota do comitê diz que o Fed será "paciente" a respeito de decisão de alterar o índice.
O mercado financeiro em Nova York interpretou a introdução da nova expressão como um sinal de que o banco estaria mais próximo de elevar a taxa. Imediatamente após o comunicado do Fed, o preço das ações na Bolsa caiu. Ontem, os principais índices fecharam em queda. O Dow Jones caiu 1,33%, para 10.468 pontos. O Nasdaq recuou 1,83% e fechou aos 2.077 pontos.
Apesar do pequeno susto de ontem, acredita-se que o Fed não vá promover grandes mudanças. "A manutenção da taxa era um movimento esperado. Este é um ano eleitoral. O Fed só deve elevar a taxa de juros se for realmente necessário e acredito que essa elevação vá ser modesta. No momento, não deve haver mudanças", disse Steve Lesley, da Economist Intelligence Unit. O grupo edita a revista "The Economist".
Quanto à saúde da economia, o Fed diagnosticou que, a despeito de "algumas melhoras", o mercado de trabalho continua "subjugado". Mas citou um indicador positivo ao mencionar que a produção "está se expandindo rapidamente". Em outro trecho do comunicado, o banco afirma que os aumentos nos preços ao consumidor estão "mudos".
Outros economistas também apontam mais sinais benéficos na economia americana. Para William Duddley, do Goldman Sachs, os EUA também devem receber um bom fluxo de investimentos em papéis do Tesouro nos próximos meses.
No lado de ações, o mercado também deve manter a trajetória de alta. Dados do Departamento do Tesouro dos EUA mostram que, em novembro de 2003, o investimento líquido (entradas menos saídas) em ativos americanos por estrangeiros ficou em US$ 87,6 bilhões, ante US$ 27,8 bilhões no mês anterior.


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