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Reforma proposta pelo governo reduz número de centrais sindicais
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma sindical desenhada
pelo governo deverá reduzir a
apenas 3 as 14 centrais sindicais
existentes no país. A proposta,
que está sendo discutida no FNT
(Fórum Nacional do Trabalho),
estabelece critérios mínimos de
representatividade para que as
centrais obtenham registro.
Atualmente, as centrais são registradas como ONGs e não têm
amparo legal para representar os
empregados em questões trabalhistas. No FNT, governo, trabalhadores e empresários chegaram
ao consenso de que as centrais
sindicais precisam ser legalizadas.
Pela proposta do Ministério do
Trabalho, inspirada em critérios
internacionais de representatividade, as centrais precisarão cumprir três de quatro requisitos para
serem criadas ou legalizadas.
Se essas regras fossem aplicadas, apenas a CUT (Central Única
dos Trabalhadores) sobreviveria.
A Folha apurou que o próprio governo desconsidera a possibilidade de eliminar todas as demais,
pois isso teria implicações políticas que inviabilizariam a reforma.
Para contornar o problema, o
governo inclui na proposta uma
regra de transição, com critérios
mais amenos, com validade de
três anos. Com isso, a estimativa
do governo é que a Força Sindical
também poderia obter o registro.
Possivelmente, uma terceira entidade ainda seria mantida: a CGT
(Central Geral de Trabalhadores)
ou a SDS (Social Democracia Sindical). Ao governo também não
interessa manter só duas centrais
porque poderia levar à polarização dos sindicatos. O Ministério
do Trabalho ainda trabalha com a
possibilidade de centrais se fundirem para alcançar os critérios mínimos de representatividade.
Embora haja consenso em torno da legalização das centrais, o
governo ainda negocia os critérios de representatividade com a
bancada dos trabalhadores no fórum. Os sindicalistas pressionam
por uma flexibilização das regras
propostas pelo governo. Das 14
centrais sindicais conhecidas, seis
participam do FNT: CUT, Força
Sindical, SDS, CGT, CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do
Brasil) e CAT (Central Autônoma
dos Trabalhadores).
Vestibular
No início dos trabalhos do FNT,
no ano passado, o governo apresentou uma primeira proposta
para legalização das centrais. A
idéia era ter cinco critérios de seleção e cada um deles teria pesos diferentes. Com base nisso, as centrais que alcançassem dez pontos
teriam a representação conferida
pelo governo.
Esse modelo -que chegou a ser
chamada de "vestibulinho"- gerou muita polêmica. Ao longo das
discussões, o ministério foi aperfeiçoando a proposta, chegando à
versão atual. Pelos novos critérios, as centrais precisarão comprovar que seus sindicatos são representativos.
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