São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Papéis tiveram maior valorização do setor em 2005 comparados a instituições da AL, dos EUA e da Espanha

Ação de banco do país lidera altas nas Américas

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

As ações dos bancos brasileiros não se destacaram apenas na Bovespa. Os quatro maiores bancos brasileiros apresentaram no ano passado as maiores valorizações em Bolsas da América Latina, Espanha e Estados Unidos.
Levantamento feito pela consultoria Economática mostra que as ações dos quatro maiores bancos brasileiros (Bradesco, Unibanco, Itaú e Banco do Brasil) foram as que mais subiram no ano passado. O trabalho levou em consideração as ações mais rentáveis entre os 50 maiores bancos por ativos dos Estados Unidos, Espanha, Venezuela, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Brasil e México.
Para ter a mesma base de comparação, a Economática fez a conversão do resultado em dólar. O interessante é que, em moeda original, os papéis dos bancos brasileiros também foram aqueles que mais sofreram valorização no ano passado.
Segundo Einar Rivero, coordenador da consultoria Economática, esse desempenho reflete o resultado dos bancos, em 2005, o maior da história e provavelmente um dos mais elevados do planeta. Os bancos foram os que apresentaram maior rentabilidade no ano passado em relação a todos os setores da economia.
Entre os bancos brasileiros, o maior destaque foi o Bradesco, cujas ações convertidas em dólar registraram altas de 164,8% (Bradesco ON, ordinária) e de 146,7% (Bradesco PN, a preferencial). Logo atrás, aparece a ação do Unibanco PN, com valorização de 132,5%, e do Unibanco ON, com 127,7%. Em seguida, aparecem Itaú e Banco do Brasil.
O Bradesco deverá ser também o banco que vai registrar em 2005 o maior lucro já obtido por uma instituição financeira na história do país. O segundo maior deverá ser o do banco Itaú.

Ativos
Já quando se compara os bancos por ativo, o resultado é outro. A liderança cabe ao Citigroup, com US$ 1,4 trilhão em ativos, seguido do Bank of America (US$ 1,2 trilhão) e do JP Morgan Chase (US$ 1,2 trilhão). Em quarto aparece o espanhol Santander, com US$ 783,7 bilhões em ativos.
O banco brasileiro mais bem colocado em ativos é o Banco do Brasil, em 13º lugar, com US$ 110,5 bilhões. O Bradesco aparece em 21º lugar (US$ 90,9 bilhões), o Itaú fica em 23º (US$ 65,1 bilhões) e o Unibanco aparece em 35º (US$ 39,8 bilhões). São, ainda assim, os maiores bancos da América Latina.
Apesar da alta valorização dos papéis dos bancos brasileiros no ano passado, a ação que obteve maior rentabilidade na Bovespa foi a Net, com uma oscilação de 150,3%. Em segundo lugar vem o Bradesco PN, com alta de 117,5%, e, em terceiro, a empresa de energia Transmissão Paulista, com valorização de 92,9%.
O Unibanco aparece em quarto (79,8%) e o Itaúsa em quinto (67,7%). O Banco do Brasil ficou em 21º, com uma alta de 33,9%.

Investimentos
Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Asis, a alta lucratividade dos bancos no ano passado aumentou o interesse de investidores externos e internos em aplicar nesses papéis, e, como conseqüência, a alta valorização dessas ações.
Os bancos brasileiros, de acordo com Rodrigues, ganham muito não só com operações de tesouraria (aplicação em títulos públicos) como na cobrança de serviços.
A cobrança de serviços já corresponde a 15% da receita total dos bancos, e existe potencial para crescimento. Rodrigues afirma ainda que os "spreads" cobrados pelos bancos também são os maiores do mundo.
Segundo Rodrigues, o ano de 2006 não deverá ser muito diferente. A lucratividade dos bancos deverá continuar em alta, assim como a valorização das ações na Bolsa de Valores.


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